Florestas tropicais úmidas dominadas por savanas?

O aquecimento do planeta traça um futuro desanimador para da Amazônia – um futuro que trará perdas tanto para as pessoas quanto para a biodiversidade.
Um ambiente mais quente e mais seco para a Amazônia é o prognóstico de estudos de modelagem que se debruçam sobre os efeitos das mudanças climáticas.

Se bem ajustado, o mecanismo hidrológico da Amazônia desempenha um papel primordial na manutenção do clima mundial e regional.

A água que as plantas liberam na atmosfera por meio da evapotranspiração e que os rios despejam no oceano influencia o clima do planeta e a circulação das correntes oceânicas. É um mecanismo de retroalimentação, pois esse processo também sustenta o clima regional do qual depende.

O que acontece na Amazônia?

Os cientistas já observam uma perturbação na floresta amazônica – o mecanismo hidrológico começa a falhar. Existem dois fatores principais em jogo.

Um desses fatores é a Oscilação Sul do El Niño, um fenômeno climático que influencia uma grande parte da variabilidade climática da América Latina.

Embora esse fenômeno seja uma ocorrência natural, as mudanças climáticas induzidas pelo homem devem aumentar sua freqüência no futuro.

A Oscilação Sul do El Niño está associada com as condições secas no Nordeste brasileiro, no norte da Amazônia, no Altiplano Peruano-Boliviano e na costa do Pacífico na América Central.

Um segundo fator é o desmatamento. Além de retirar a cobertura florestal, ele provoca uma mudança violenta nos padrões de pluviosidade e na distribuição das chuvas.

As recentes descobertas científicas sugerem que o atual desmatamento da Amazônia já alterou o clima regional. Além disso, sustentam relatos anteriores de que há um aumento de nebulosidade nas áreas desmatadas.

A previsão de longo prazo do tempo na Amazônia 

Os modelos sugerem que, até o ano 2050, as temperaturas na Amazônia aumentarão em 2º C a 3°C. Ao mesmo tempo, a diminuição das chuvas nos meses de seca provocará a ampliação da seca.

Essas mudanças terão graves consequências. O aumento de temperatura e a diminuição das chuvas, conforme previsto, podem provocar secas mais prolongadas e talvez mais severas, juntamente com mudanças substanciais na sazonalidade, com impactos sobre plantas, animais e seres humanos.

Que impactos podemos esperar?

Juntamente com as mudanças no uso da terra, pode-se esperar a degradação dos sistemas de água doce, a perda de solos valiosos do ponto de vista ecológico e agrícola, mais erosão, menores colheitas agrícolas, maior infestação de insetos e a difusão de doenças infecciosas.

Ao longo do tempo, as mudanças climáticas globais e o aumento do desmatamento provavelmente provocarão o aumento da temperatura e a mudança dos padrões de chuvas na Amazônia – o que, sem dúvida, afetará as florestas da região, bem como a disponibilidade da água, a biodiversidade, a agricultura e a saúde humana.
Registro da seca na Amazônia em 2005, Silves, AM. 
© Ana Cintia GAZZELLI/WWF-Brasil
Registro da seca na Amazônia em 2005, Silves, AM.
© Ana Cintia GAZZELLI/WWF-Brasil

Entre 30% e 60% da floresta amazônica podem virar cerrado

Pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE demonstra que um ambiente mais quente e mais seco na região poderia fazer com que de 30% a 60% da floresta amazônica se transformem num tipo de savana seca, como o cerrado.

O fator gás carbônico

É preocupante o fato de que a região amazônica pode se tornar uma fonte de gás carbônico (CO2), em lugar de um depósito de CO2.

Este é um gás cuja emissão decorre principalmente da queima de combustíveis fósseis, carvão, petróleo e gás natural – ele é também a principal causa das mudanças climáticas do planeta.

A floresta amazônica ainda é um depósito de CO2, apesar de já ser responsável por cerca de 20% das emissões de CO2, devido ao desmatamento.

No entanto, existem projeções de que o aumento da temperatura, a redução das chuvas e o avanço da savana seca sobre a Amazônia façam com que a região deixe de ser um depósito e se torne uma fonte de CO2.

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