Florestas são queimadas, o solo fica debilitado e as pessoas sofrem

As atividades dos seres humanos interferem cada vez mais na Amazônia. As forças de mercado, a pressão populacional e o avanço da infraestrutura causam impactos em grandes áreas de floresta.

À medida que se intensificam as pressões sobre a região, fica mais claro que o preço a ser pago por nossa interferência na mata não é apenas a perda da biodiversidade e do habitat, mas também a perda de qualidade de vida para nós humanos.

Por trás da destruição e da degradação ambiental da Amazônia está uma série de problemas de ordem política, social e econômica.

A agricultura e a pecuária, grandes obras de infraestrutura, a exploração madeireira, a grilagem de terras, o garimpo e a expansão dos assentamentos humanos são atividades com grandes impactos sobre a floresta, especialmente quando são feitas de forma ilegal ou sem obedecer a um zoneamento ecológico-econômico.

O desenvolvimento econômico, em muitos casos, é sobreposto a outras preocupações, como o meio ambiente.

Com isso, a meta de se construir um modelo de desenvolvimento socialmente justo, ambientalmente adequado e economicamente sustentável vem sendo deixada de lado.
Queimada no Estado do Acre 
© WWF-Brasil/Juvenal Pereira
Por trás da destruição e da degradação ambiental da Amazônia está uma série de problemas de ordem política, social e econômica.
© WWF-Brasil/Juvenal Pereira
O preço do desenvolvimento a qualquer custo
Alguns programas e iniciativas de governos, tanto federal quanto estaduais, visam a um desenvolvimento constante e, muitas vezes, acabam incentivando, direta ou indiretamente, o desmatamento em favor da pecuária, da produção de soja, da exploração de recursos minerais.

Essas atividades econômicas são importantes, mas ampliam a demanda por recursos naturais, que são sempre limitados.

Quando realizada sem a preocupação com a sustentabilidade, a exploração dos recursos naturais traz graves impactos para o meio ambiente e coloca em xeque os esforços para proteger a região amazônica.

Comércio: o combustível do desmatamento
As atividades econômicas realizadas na Amazônia hoje são, em parte, uma resposta à demanda internacional por matéria prima.

As exportações brasileiras de soja e carne, por exemplo, estão estreitamente relacionadas com os mercados de outros países e têm influência direta nos resultados econômicos do Brasil.

As oscilações do mercado funcionam como incentivos para pecuaristas e sojicultores expandirem suas áreas de cultivo.

Ao mesmo tempo, os produtores agropecuários precisam encontrar formas de tornar seus produtos cada vez mais competitivos no mercado internacional – e a opção mais barata tem sido expandir seus negócios para a Amazônia.

Comércio requer infraestrutura

A produção agrícola não chega sozinha à Amazônia. Para satisfazer às demandas internacionais por produtos agrícolas é preciso ter infraestrutura, como represas e estradas, que possam dar apoio à produção e à exportação.

Um exemplo dessa situação são a BR-163 e a BR-319, duas das principais rodovias que cortam a floresta amazônica no Brasil.

O governo brasileiro tem planos de asfaltar as duas estradas, que já são, antes mesmo da pavimentação, vetores do desmatamento.

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estradas na Amazônia

Por que a Amazônia continua ameaçada?
Após décadas de trabalhos pela conservação ambiental, por que a Amazônia ainda enfrenta ameaças?

Poderíamos alegar que todos os recursos e esforços já investidos em atividades de conservação na Amazônia deveriam ter posto um fim à destruição da floresta tropical úmida e à perda da vida silvestre. Mas não é assim tão fácil.

Existem uma mudança e uma evolução constantes nos fatores que levam milhares de pessoas para a floresta e nas pressões de mercado que criam uma demanda colossal por gado, soja e madeira.

As soluções para essas questões mutáveis também precisam ser constantemente adaptadas. Os problemas atuais não são os mesmos de uma ou duas décadas atrás. Então os desafios para a conservação também estão sempre se transformando.

O trabalho de conservação não tem fim

A insuficiência de recursos financeiros limita o alcance do trabalho conservacionista, mas não seria apenas a mera disponibilidade de dinheiro que faria desaparecer os problemas da região.

O WWF-Brasil e seus parceiros trabalham juntos em ações de longo prazo e estão conscientes de que o sucesso advém do fortalecimento de parcerias continuadas e dos esforços permanentes para encontrar soluções que beneficiem tanto a biodiversidade quanto as pessoas.


Se não tivéssemos tentado
O que teria restado hoje da floresta amazônica, se não tivessem sido feitos reais esforços de conservação nos últimos 30 anos ou mais?

Organizações como o WWF-Brasil, que investiu significativos recursos financeiros e humanos na conservação da Amazônia, criaram marcos históricos na criação de unidades de conservação e contribuíram com a ampliação dos conhecimentos sobre a região, o que foi essencial para a definição do uso da terra e das políticas ambientais e para aumentar a conscientização pública sobre a importância da floresta.

O fato de você já saber que a Amazônia existe e das ameaças que ela sofre deve-se, em parte, aos esforços feitos para conservar essa área e para conscientizar a população.

O apoio à conservação da Amazônia, por parte dos governos e organizações não-governamentais, fez com que seja mais difícil transformar a floresta amazônica em fumaça hoje do que foi há 20 anos.

Avançamos muito. Talvez não tanto quanto esperávamos, mas certamente mais do que teríamos avançado se tivéssemos ficado de braços cruzados, apenas olhando o que estava acontecendo.
Vegetação de igapó, típica da Amazônia 
© WWF-Brasil/Zig Koch
Vegetação de igapó, típica da Amazônia
© WWF-Brasil/Zig Koch
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Referência bibliográfica:

1Kaimowitz et al. 2004. Hamburger Connection Fuels Amazon Destruction: Cattle ranching and deforestation in Brazil's Amazon. Centre for International Forestry Research (CIFOR). 10 pp. http://www.cifor.cgiar.org/publications/pdf_files/media/Amazon.pdf
2International Herald Tribune. Domingo, 20 de novembro, 2005. China's global push for resources makes waves in Amazon basin. http://www.iht.com/articles/2005/11/20/news/brazil.php


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