Maior parte do desmatamento da região está concentrado nas rodovias

“Ocupar para não entregar” era o lema do governo militar para a Amazônia brasileira nos anos 60 e 70. O principal meio escolhido pelos militares para alcançar tal meta foi a abertura de estradas na região. Desde então, as rodovias têm sido grandes promotoras do desmatamento florestal.
Na Amazônia, 75% dos desmatamentos ocorreram em grandes faixas ao longo das rodovias asfaltadas, causando impactos que não se limitam apenas à linha da estrada. Um exemplo é a pavimentação das rodovias Belém-Brasília e Cuiabá-Porto Velho que hoje conformam o chamado “arco do desmatamento”.

É importante lembrar que as estradas também promovem alguns benefícios sociais e econômicos, no entanto, o asfaltamento das rodovias sem um plano de desenvolvimento sustentável para a região representa uma ameaça às populações locais.

A ocupação desordenada, a exploração não sustentável dos recursos florestais, processos de grilagem, especulação imobiliária e expulsão da população para áreas isoladas e precárias são algumas conseqüência do crescimento do fluxo nas rodovias.

Principais estradas que cortam a Amazônia Brasileira: Belém-Brasília (BR-010), Cuiabá-Porto Velho (BR-364), A BR-230 (Transamazônica – PA/AM), BR-163 (Cuiabá-Santarém), BR-319 (Porto Velho –Manaus).
Região da rodovia BR-163. 
© IPAM / Edivan Carvalho
Região da rodovia BR-163.
© IPAM / Edivan Carvalho

A Rodovia BR-163


Criada na década de 1970 pelo governo militar, como mais uma obra de infraestrutura para integrar o país, a rodovia BR-163 atravessa a região central da Amazônia e deixa sua marca de degradação em uma região de extrema importância pela grande diversidade cultural, biológica e de recursos naturais.

A estrada que interliga as cidades de Cuiabá, no estado do Mato Grosso, e Santarém, no Pará. 

Populações tradicionais vivem ao lado de colonos e agricultores familiares que foram para a Amazônia, após a abertura da estrada, com incentivos para “integrar” a área.

Junto com esses atores, também chegaram à região grileiros e grandes produtores que perpetuam o modelo de ocupação predador.

Uma particularidade da BR-163 é que apesar de aberta pelo governo federal na década de 1970, ela nunca foi asfaltada completamente e sua população ficou isolada, sem acesso a políticas públicas básicas.

Diante do anúncio da pavimentação da rodovia pelo governo federal em 2003, o movimento social da região e se mobilizou e vem pressionando as autoridades para que o asfalto prometido chegue junto com a implementação de um plano de desenvolvimento sustentável elaborado para a região.
Projeto Diálogos

O Projeto Diálogos foi criado em 2004 para promover um novo paradigma de desenvolvimento territorial na área de influência da BR-163.
Saiba mais

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Referência bibliográfica

Ramos, Adriana e Lima, André. 2006. Obras de infra-estrutura não garantem desenvolvimento do País. Instituto Sociambiental. http://www.socioambiental.org/esp/desmatamento/site/infraestrutura

Alegretti, Mary. 2007. Estradas na Amazônia. http://www.maryallegretti.blogspot.com/2007/02/estradas-na-amaznia.html

 Salm, Rodolfo. 2008. Rodovias na floresta. http://www.amazonia.org.br/opiniao/artigo_detail.cfm?id=261249">http://www.amazonia.org.br/opiniao/artigo_detail.cfm?id=261249

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