Texto da Rio+20 é “enxugado”, mas só será fechado na segunda

junho, 16 2012

 O que aconteceu hoje e o que acontece amanhã - Em coletiva de imprensa realizada esta tarde no Riocentro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota, disse que o texto final da Rio+20 ficará pronto até a noite da próxima segunda-feira, dia 18.
Em coletiva de imprensa realizada esta tarde no Riocentro, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antônio Patriota, disse que o texto final da Rio+20 ficará pronto até a noite da próxima segunda-feira, dia 18. Ele também informou que o texto sofreu um processo de ‘enxugamento’ e está mais ‘magro’ e ‘limpo’. “Precisamos nos focar nos pontos cruciais para concluir tudo no tempo previsto”, justificou.

Na sexta-feira, o Brasil assumiu a presidência das negociações, uma prerrogativa de país-sede da conferência. E logo que assumiu a liderança, a primeira providência foi cortar uma série de elementos considerados radicais e que, segundo o governo, emperravam as conversas. “Com isso, saíram de cena as divergências e ficaram apenas os pontos sob os quais existe algum consenso”, explicou o ministro. Atualmente, o documento tem 56 páginas, contra as mais 119 previstas anteriormente.

Patriota afirmou que já está certo, para o final da conferência, o anúncio dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). No entanto, a definição de metas específicas ficarão para depois, num processo de negociação que deve começar, pós-Rio+20. “Esta é uma questão técnica, que deve ser tratada por quem entende do assunto”, falou o ministro. Foram mantidas as questões relativas às “responsabilidades comuns, porém diferenciadas”, que estabelecem metas específicas para os países e são alvo de muita discussão.

Outros pontos polêmicos como a criação de um fundo internacional de US$ 30 bilhões para financiar o desenvolvimento sustentável, transferência de tecnologia e capacitação não foram citados durante a coletiva e devem ser objeto de discussão dos diplomatas envolvidos nas conversas para a redação do documento.

O coordenador do programa de Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, Carlos Rittl, afirmou que neste novo momento da conferência o Brasil precisa fortalecer seu papel de liderança. “O Brasil tem que trazer resultados concretos, não apenas declarações políticas de boa vontade”, ressaltou o especialista.

Rittl afirmou também que o Brasil precisa fazer sua ‘lição de casa’ para falar sobre o assunto. “É necessário que o governo incorpore o discurso da sustentabilidade às suas políticas públicas. Até 2020, temos uma série de investimentos em energia, infraestrutura e hidrelétricas que não estão vinculados à questão da sustentabilidade”, lembrou. Ele citou ainda as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a discussão em torno do Código Florestal como exemplos de temas tratados sem consideração ao meio ambiente.

Código Florestal mobiliza duas mil pessoas na Cúpula dos Povos

Hoje também foi dia discutir o Código Florestal. Na tarde deste sábado, foi lançada a nova fase da campanha Floresta faz a diferença, que promoveu o movimento Veta Dilma. O evento organizado pelo Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável reuniu mais de duas mil pessoas na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo. O segundo tempo da ação que mobilizou milhões de cidadãos no Brasil e no mundo em defesa das florestas deixa claro que o Código Florestal aprovado pelo Congresso Nacional está completamente inadequado, mas que #oJogoNãoAcabou.

O evento contou com a participação de lideranças das organizações que integram o Comitê, entre elas a secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito, dom Guilherme Werlang, da CNBB, Mário Mantovani, da SOS Mata Atlântica, a ex-ministra Marina Silva; o deputado Ivan Valente (PSOL), e o senador Lindbergh Farias (PT). Os atores Marcos Palmeira e Vitor Fasano também estiveram no evento.

A secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito, enfatizou que a luta contra os retrocessos à proteção das florestas e por resultados concretos para a Rio+20 não deve se restringir à Cúpula dos Povos. "Precisamos ganhar as ruas e chegar ao Riocentro, ao evento oficial, onde as decisões são tomadas", disse.

Segundo ela, enquanto a presidente Dilma Roussef ruma para o México onde pretende negociar com o G-20 o documento base da conferência, as negociações seguem no Rio de Janeiro. A sociedade brasileira precisa saber se o país seguirá retrocedendo na proteção de seus recursos naturais, ou se avançará, como nós e o mundo precisam."Onde está a nossa presidente? Por que ela não está aqui discutindo o futuro do planeta?” questionou.

“ Estamos aqui porque temos posição, tanto em defesa das florestas como do desenvolvimento sustentável, assim como da legislação que está sendo revogada por meia dúzia de atrasados que estão dando as cartas no Congresso”, disse a ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. De acordo com ela, havia esperança de que a presidente Dilma Roussef agisse para que o Brasil seguisse liderando, pelo exemplo, comemorando a redução do desmatamento. “ Mas agora nossos ganhos são usados para justificar retrocessos, minando as bases que permitiram esses avanços”, lamentou.

Mais informações e materiais da campanha em florestafazadiferenca.org.br e sobre o Código Florestal nos links ao lado.

Conservação da biodiversidade

A conservação da biodiversidade esteve na pauta das atividades do WWF-Brasil neste sábado na Rio+20. Durante evento paralelo, o WWF-Brasil, a União Internacional para Conservação da Natureza (UICN), o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) apresentaram uma proposta de 20 Metas Brasileiras de Conservação da Biodiversidade para 2020. Além disso, as organizações não-governamentais entregaram formalmente ao MMA uma carta em que se colocam à disposição para apoiar a etapa de implementação dessas metas.

“Esse documento, pelo modo participativo como foi construído, representa a opinião da sociedade brasileira sobre como conservar a biodiversidade do país até 2020, além de um comprometimento em fazer sua parte”, afirmou a secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Brito. “O WWF-Brasil está a postos para contribuir nas próximas etapas desse processo, incluindo a construção de um instrumento legal vinculante, ou seja, que faça com que a implementação dessas metas tenha peso de lei para, de fato, ser cumprida, e de um plano de ação”, concluiu a secretária-geral.

Veja mais nos links ao lado.

Eventos do WWF-Brasil para este domingo, 17 de junho de 2012

Neste domingo (17), dentro da programação de eventos paralelos da Rio+20, será realizado um painel com o tema: Por uma energia acessível e sustentável – do trabalho de campo às políticas públicas (Sustainable and Affordable Access To Energy - From Field to Policy). O evento - aberto apenas a pessoas inscritas, acontece das 11h30 às 13h , na sala T-10, no Riocentro, e terá como moderadora a presidente do WWF, Yolanda Kakabadse. A introdução será feita pela líder da Iniciativa Global Clima e Energia, da rede WWF, Samantha Smith. Entre os participantes do evento está o ministro de Clima e Energia da Dinamarca, Martin Lidergaard. Haverá também uma apresentação dos WWFs de Madagascar, Índia e Uganda.

Fique ligado nos próximos eventos

No começo da semana, dois eventos de protestos prometem mobilizar grande público.

Na segunda-feira (18), acontece a Marcha Ré. O evento reforça os protestos contra os retrocessos impostos pelo Governo Federal e o Congresso Nacional à legislação ambiental brasileira. A marcha sairá do Museu de Arte Moderna (MAM) e seguirá até a sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Na quarta-feira (20) será a vez da Marcha Global da Cúpula dos Povos, que deve reunir cem mil pessoas. A largada será às 15h30 na esquina das avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, próximo à Candelária, no centro da capital fluminense. Ao final da marcha, haverá ato na Cinelândia.
Também participaram do evento o deputado Alessandro Molon (PT/RJ), Mário Mantovani (SOS Mata Atlântica), André Lima (Ipam), os atores Vitor Fasano e Marcos Palmeira, Paulo Adário (Greenpeace) e Lígia Boueres (Comitê Universitário em Defesa das Florestas).
© WWF / Aldem Bourscheit
Também participaram do evento o deputado Alessandro Molon (PT/RJ), Mário Mantovani (SOS Mata Atlântica), André Lima (Ipam), os atores Vitor Fasano e Marcos Palmeira, Paulo Adário (Greenpeace) e Lígia Boueres (Comitê Universitário em Defesa das Florestas).
© WWF / Aldem Bourscheit
DOE AGORA
DOE AGORA