Conhecer para melhor conservar a biodiversidade

dezembro, 21 2010

Conhecer as unidades de conservação é fundamental para melhor conservar a biodiversidade: porque fazer a expedição científica ao Parque Nacional Serra do Pardo?
Por Ligia Paes de Barros

Conhecer as unidades de conservação é fundamental para melhor conservar a biodiversidade: porque fazer a expedição científica ao Parque Nacional Serra do Pardo?


Apesar de se saber da integridade da área do Parque Nacional da Serra do Pardo, havia pouco conhecimento sobre sua biodiversidade. A área nunca tinha sido pesquisada até a realização dessa expedição e informações sobre suas características biológicas eram mera especulação.

Foi por isso que uma equipe de 43 pessoas, entre pesquisadores do Museu Emílio Goeldi e de outras instituições de pesquisa, gestores do ICMBio e técnicos do WWF-Brasil acamparam dentro do parque de 3 a 14 de dezembro e andaram por sua mata em busca de indicadores de biodiversidade. Jornalistas de diferentes veículos com foco em meio ambiente se integraram à equipe da Expedição Científica com o objetivo de acompanhar essa rotina de pesquisa e divulgar seus resultados.

O objetivo da expedição científica no parque nacional foi obter informações sobre o meio biológico da área para subsidiar a elaboração de um documento, o Plano de Manejo do Parque Nacional da Serra do Pardo, fundamental para a realização de uma boa gestão da unidade de conservação. O Plano de Manejo reúne informações sobre a área e aponta diretrizes para o ordenamento territorial da mesma de acordo com suas características e objetivos.

Por exemplo, no caso do Parque Nacional da Serra do Pardo, uma unidade de conservação de proteção integral que permite algumas formas de uso público, como o turismo, o plano de manejo identifica quais áreas devem ser mais ou menos acessadas para garantir a integridade da biodiversidade.

As unidades de conservação são uma eficiente estratégia de conservação da biodiversidade. Apenas o decreto da criação de uma unidade de conservação em determinada área pode gerar uma inibição em atividades degradantes, como o desmatamento. Porém, é preciso ir além da criação das áreas protegidas para que elas possam de fato cumprir seu objetivo de conservação. A devida implementação das mesmas, com gestão adequada e a devida fiscalização são fundamentais. E é por isso, que o plano de manejo é um instrumento importante: ele permite a gestão adequada da área com base em um levantamento científico.

“A região da Serra do Pardo é muito pouco explorada e essa expedição está nos trazendo informações científicas confiáveis e valiosas para podermos trabalhar no Plano de Manejo da unidade de conservação, que esperamos concluir em 2011”, afirmou Marcos Rocha, gestor do Parque Nacional da Serra do Pardo do ICMBio.

Segundo Rocha, o objetivo do ICMBio, além de conservar a biodiversidade das áreas, é permitir que o público conheça e usufrua de áreas como o Parque Nacional da Serra do Pardo. “E para atingirmos esse objetivo, o trabalho em parceria com WWF-Brasil e o Museu Emílio Goeldi, assim como o apoio do Exército brasileiro, são essenciais”, completou o gestor do Parque. 

Mosaico de unidades de conservação na Terra do Meio

Essa expedição científica no Parque Nacional da Serra do Pardo é a terceira realizada na região da Terra do Meio em parceria entre WWF-Brasil, ICMBio e Museu Emílio Goeldi. A primeira foi realizada na parte norte da Floresta Nacional (Flona) de Altamira e em parte da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrízio; a segunda foi realizada na área sul da Flona de Altamira, áreas consideradas prioritárias para pesquisa a partir de análise de sensoriamento remoto e sobrevoo na região.

O intuito dessas expedições é levantar informações de diversas unidades de conservação localizadas na região da Terra do Meio, no estado do Pará, para contribuir com a formalização do chamado mosaico da Terra do Meio: um conjunto de unidades de conservação geridas com uma estratégia regional de conservação da biodiversidade e não apenas considerando o planejamento de cada unidade de conservação como áreas isoladas.

“O mosaico, com essa integração das unidades de conservação da Terra do Meio, é uma maneira mais eficiente de fazer frente às pressões que a região enfrenta e garantir resultados mais ricos em termos de conservação da biodiversidade. E é por isso que o WWF-Brasil se empenha tanto na realização das expedições à região”, aponta o superintendente de conservação do WWF-Brasil, Cláudio Maretti.

Para a formalização desse mosaico da Terra do Meio, é necessário que todas as unidades de conservação que façam parte do mesmo estejam devidamente implementadas e com seus planos de manejos elaborados. As unidades de conservação que ocupam a região da Terra do Meio e que devem ser englobados pelo mosaico são: Reserva Extrativista do Rio Iriri, Estação Ecológica da Terra do Meio, Parque Nacional da Serra do Pardo, Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio, Floresta Estadual do Iriri, Reserva Extrativista do Rio Xingu, Área de Proteção Ambiental Triunfo do Xingu, Floresta Nacional de Altamira, Floresta Nacional do Trairão e Parque Nacional do Jamanxim.



Saiba mais sobre a Expedição Científica à Terra do Meio 2010:
Imagem aérea do Parque Nacional da Serra do Pardo.
Imagem aérea do Parque Nacional da Serra do Pardo.
© WWF-Brasil / Adriano Gambarini
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