Projeto apoiado pelo WWF-Brasil é finalista de concurso da ANA

dezembro, 23 2020

A iniciativa desenvolvida em Mato Grosso utiliza tecnologias sociais para melhorar a gestão da água
A iniciativa desenvolvida em Mato Grosso utiliza tecnologias sociais para melhorar a gestão da água

Por WWF-Brasil com informações do Incra

A melhoria da gestão da água no Pantanal por meio da utilização de tecnologias sociais é o tema de projeto que acaba de ser selecionado como um dos 24 finalistas do Prêmio ANA 2020, criado pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) para reconhecer e valorizar as melhores práticas e iniciativas voltadas ao cuidado e gestão das águas do Brasil.

“Implementação de Tecnologias Sociais e Educação Ambiental em Comunidades do Alto Pantanal Mato-Grossense” é o nome da iniciativa desenvolvida pelo Incra em Mato Grosso sob a coordenação do engenheiro agrônomo Samir Curi e um grupo de profissionais de outras entidades parceiras.

Embora o Pantanal mato-grossense seja conhecido pela fartura de água – com a imagem simbólica de rios, lagos e lagoas –, a segurança hídrica é um problema em boa parte da região, principalmente durante a seca (de maio a outubro), com destaque para a microrregião do Alto Pantanal. A seca dura em média seis meses e, no período, os corixos (pequenos lagos formados na época das chuvas) ficam contaminados e a captação subterrânea é muito difícil, porque o lençol freático é profundo e muitas vezes a água é salobra.

No município de Cáceres, distante 220 quilômetros da capital Cuiabá, existem sete assentamentos da reforma agrária, com 360 famílias e três escolas do campo. Por 20 anos, os agricultores assentados e os 500 alunos dessas escolas sofreram com constantes faltas de água. Foram feitas diversas tentativas de resolver o problema, mas sem sucesso.

O projeto buscou então resolver o problema com alternativas ambientalmente sustentáveis como captação da água da chuva, cisternas, barraginhas da Embrapa, lago de uso múltiplo, biofossa e reservatório para piscicultura. Atualmente 150 famílias e duas escolas são abastecidas por meio de captação de água de chuva, com potencial de ampliação relevante. Outro resultado positivo foi a melhoria na renda familiar, com aumento de produção na pecuária de leite e a geração de novos empregos numa região que vinha enfrentando o êxodo rural. Por ter baixo custo e bons resultados, as tecnologias sociais do projeto podem ser replicadas em comunidades rurais de dezenas de municípios brasileiros.

“A premiação reconhece que as tecnologias sociais implantadas estão conduzindo a resultados sustentáveis, em especial no acesso à água, no aumento de renda na agricultura familiar e na diminuição do êxodo rural. Mas para essa transformação continuar é fundamental incluir todas essas tecnologias sociais na educação escolar e comunidade, para que a próxima geração tenha novos conceitos ambientais e prossiga a mudança”, afirma Samir Curi.

Os 24 projetos finalistas do Prêmio ANA 2020 estão distribuídos em oito categorias, sendo que o projeto do Incra/MT disputa como Governo. Os vencedores de cada grupo serão anunciados até março de 2021. Criado há 14 anos, o Prêmio ANA é a mais tradicional premiação do setor de águas do Brasil e já contabilizou 2.952 trabalhos inscritos, tendo premiado 40 projetos de todas as regiões que se destacaram pela sua contribuição ao desenvolvimento do país.

Parceria com o WWF-Brasil
O coordenador Samir Curi é parceiro do WWF-Brasil em inciativas que buscam melhorar a gestão da água no Pantanal. Atuou como parceiro em atividades executadas por meio do “Pacto em Defesa das Cabeceiras do Pantanal”, um movimento regional que busca conservar e recuperar nascentes localizadas na região onde nascem as águas da maior área úmida do planeta.


 
Antes do projeto, os alunos sofriam com a falta de água
© WWF-Brasil
Escola em Cáceres abastecida com captação de água da chuva
© WWF-Brasil
Barraginha construída por meio do projeto do Incra/MT
© WWF-Brasil
Embora o Pantanal mato-grossense seja conhecido pela fartura de água, a segurança hídrica é um problema em boa parte da região, principalmente durante a seca
© André Dib/WWF-Brasil
A degradação do planalto pantaneiro, onde nascem as águas que abastecem o bioma, é uma grande ameaça às espécies e à sobrevivência dos povos tradicionais
© André Dib/WWF-Brasil
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