Roosevelt - o rio das dúvidas
agosto, 23 2011
O rio Roosevelt é famoso internacionalmente – por suas águas navegou, entre 1913 e 1914, o ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt, de quem emprestou o nome, e o Marechal Cândido Rondon, símbolo das expedições brasileiras ao Centro-Oeste.
Por Jorge Eduardo Dantas de OliveiraO rio Roosevelt é famoso internacionalmente – por suas águas navegou, entre 1913 e 1914, o ex-presidente norte-americano Theodore Roosevelt, de quem emprestou o nome, e o Marechal Cândido Rondon, símbolo das expedições brasileiras ao Centro-Oeste. Rondon, inclusive, foi o responsável pela descoberta do rio em 1909, batizado à ocasião de “Rio das Dúvidas” porque não se sabia onde ele iria desaguar.
Com a expedição científica da qual participaram o político norte-americano e o renomado militar brasileiro, descobriu-se que o Roosevelt tornava-se, no estado do Amazonas, um afluente do rio Madeira. As águas claras, as ilhas, as praias e a riqueza e variedade de peixes e animais silvestres em suas margens também contribuíram para tornar o rio um dos mais famosos do Mato Grosso.
Com 679 quilômetros de extensão (fonte: Agência Nacional de Águas), o Roosevelt nasce em Rondônia, passa pelo Mato Grosso e vai até o Amazonas. Atualmente, o rio é muito procurado por adeptos da pesca esportiva – peixes como tucunaré, piraputinga, pintado, pirarara e jaú são muito visados por pescadores brasileiros e estrangeiros que procuram a Amazônia para exercer seu hobby. Existem pousadas de luxo destinadas a este fim e a pesca esportiva emprega, ainda que em condições precárias e de forma ilegal, boa parte dos pais de família da região.
A porção mato-grossense do rio Roosevelt conta com 39 comunidades – a primeira delas é Caçadoá, situada nas proximidades do rio Branco, e a última, Matusalém. Em setembro de 2010, a população delas somava 131 pessoas, distribuídas em 2 comunidades e 17 colocações. A comunidade de Livramento é a maior delas, com 16 habitantes, seguida de Cujubim (12 habitantes) e Rabo de Macaco (11 habitantes).
As comunidades do Roosevelt são marcadas pela forte ligação familiar – e relações de parentesco. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso, desde 1996 o Roosevelt vem passando por um êxodo, que se reflete na quantidade cada vez menor de pessoas nas comunidades. Nos últimos anos, dezenas de ribeirinhos deixaram o Roosevelt – no total, 15 comunidades foram abandonadas. Por outro lado, apenas 7 comunidades novas surgiram na região.
As precárias condições de saúde, o saneamento básico inexistente e as dificuldades de transporte e comunicação estão forçando as famílias a sair dali. A maioria vai para municípios próximos como Aripuanã e Colniza, mas outros partem rumo aos estados do Amazonas ou Rondônia. Contudo, as autoridades públicas do Mato Grosso avaliam que o declínio do extrativismo – a extração da borracha e castanha foram atividades importantes que permitiram a ocupação daquela área em décadas passadas – é o principal causador deste êxodo.
“Acho que esta tendência de êxodo ainda vai perdurar. Somos desassistidos aqui e os jovens têm medo do isolamento e da falta de recursos. A cidade mais próxima fica a cinco horas, é difícil manter uma boa qualidade de vida”, contou o professor Antônio de Sousa Morais, 47, responsável pelos alunos do 1º ao 8º ano de uma escola pública na comunidade de Panelas, uma das situadas às margens do Roosevelt.