Covid-19: enfermarias de campanha chegam aos indígenas da Amazônia
setembro, 08 2020
WWF-Brasil se une a organizações para atender ao menos 4.600 pessoas no Pará, Acre e Amazonas
Por WWF-Brasil Os números continuam dramáticos. Segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), até o momento, o Brasil soma 779 mortes e mais de 29 mil indígenas infectados em 156 povos diferentes. Somente na Amazônia, segundo dos dados da COIAB, 629 mortes já foram registradas e há mais de 21.867 casos de indígenas infectados. O cenário é alarmante e na falta de políticas públicas e ações efetivas dirigidas aos povos indígenas do país, o WWF-Brasil se aliou a diversas organizações locais para apoiar essas comunidades durante a pandemia do novo coronavírus.
Com a liderança da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB) e suas organizações indígenas de base, o WWF-Brasil se uniu a instituições como Expedicionários da Saúde, Greenpeace Brasil, Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (Iepé) entre outras, para instalar quatro Unidades de Atenção Primária Indígena (UAPIs) em quatro aldeias da Amazônia, nos estados do Pará, Acre e Amazonas:
- Aldeia Missão Tiriyó, na Terra Indígena Parque do Tumucumaque (Pará/Amapá)
- Aldeia Bona, na Terra Indígena Parque do Tumucumaque (Pará/Amapá)
- Aldeia Kakori, na Terra Indígena Catiparia/Mamoriá (Amazonas)
- Aldeia Jatobá, na Terra Indígena Mamoadate (Acre)
As UAPIs foram instaladas nos polos base de saúde ou no local onde já exista uma estrutura mínima e estratégica para receber, organizar os equipamentos e tratar os pacientes. “A instalação estratégica das UAPIs dentro das TIs tem como objetivo o atendimento dos casos de baixa e média complexidade para reduzir necessidade de deslocamento até a cidades pelos povos indígenas durante a pandemia”, diz Nara Baré, coordenadora geral da COIAB.
“Neste contexto de rápida expansão do vírus, é provável que um número significativo de pacientes indígenas necessite de oxigenioterapia, prática que pode evitar a evolução da doença para um quadro mais grave. Além de salvar vidas, estas medidas podem aliviar a pressão sobre o sistema público de saúde nos estados”, conclui diz Nara.
Valéria Paye, assessora política da Coiab, diz que o impacto da covid-19 tem sido muito forte nas comunidades indígenas da Amazônia e que por conta disso, a organização está voltada totalmente para a prevenção e o tratamento da doença. “Muito lamentavelmente tivemos perdas importantíssimas e estamos há seis meses nos mobilizando para que os nossos parentes possam ser tratados dentro dos seus territórios. Por isso, organizamos uma rede de solidariedade e o WWF-Brasil faz parte desse movimento. Nos apoiou com cestas básicas e, quando a doença avançou, também nos apoiou com material para construção e instalação das UAPis, o que tem feito uma grande diferença no combate e tratamento da doença. Os nossos parentes são os verdadeiros guardiães da floresta. A preocupação com essas pessoas é o que nos norteia e norteia toda essa ajuda que estamos recebendo”, afirma.
Para Ricardo Mello, gerente de conservação do WWF-Brasil, esse esforço conjunto de muitos atores para minimizar o grave problema da Covid-19 dentro das Terras Indígenas em um momento de fraca atuação do governo tem sido determinante para evitar o pior. “Agora mais do que nunca os povos indígenas precisam de ações como essa. O risco de contaminação pela Covid-19 persiste e é agravado com as queimadas em níveis altíssimos, uma situação terrível que os povos tradicionais e indígenas estão passando e que é desconsiderado pela política de estado que não incorpora em suas ações a Amazônia e seus povos”, afirma.
A atuação emergencial do WWF-Brasil durante a pandemia
Diante do cenário alarmante e do descaso do atual governo, sem políticas públicas específicas e efetivas destinadas aos povos indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais durante a pandemia da COVID-19, o WWF-Brasil traçou um plano emergencial para atender comunidades vulneráveis. Nesse sentido, está doando alimentos, produtos de higiene, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e outros materiais. O objetivo é evitar casos de surto entre essas populações e permitir que elas possam ficar em casa com segurança.
Mais de 35 toneladas de alimentos foram doadas e mais de 11 mil pessoas já foram atendidas pelo WWF-Brasil, com apoio de organizações parceiras (saiba mais no box ao lado).
*Texto editado, com números atualizados de beneficiados, em 26 de março de 2021.
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