Pavan Sukhdev: Brasil pode ter protagonismo em sustentabilidade

novembro, 27 2018

O Seminário Economia Verde - Uma Visão do Brasil 2030 reuniu representantes da indústria, cientistas e empresários para debater soluções para economia de baixo carbono no Brasil
Por Douglas Santos

São Paulo – Pavan Sukhdev, economista e presidente do Conselho do WWF Internacional, defendeu o protagonismo do Brasil como exemplo de economia verde no mundo, durante o Seminário “Economia Verde - Uma Visão do Brasil 2030”, realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo, no dia 23 de novembro.

Sukhdev citou a mudança comportamental das novas gerações como uma oportunidade de novos negócios mais sustentáveis e pediu ações rápidas para conter o avanço do desmatamento e exploração exagerada dos recursos naturais.

De acordo com Sukhdev, "O Brasil possui todas as condições necessárias para ser líder mundial em sustentabilidade e economia. As empresas já começaram a entender que a preservação dos recursos naturais é uma tendência global irreversível", afirmou.

O economista também defendeu investimentos em capital humano. “Países desenvolvidos colhem hoje os frutos dos investimentos em capital humano. E é aqui que está a verdadeira riqueza dos países: nas pessoas, e não no petróleo. O que manterá o mundo crescendo são as pessoas. Com capital humano mais apurado, a tendência é que todos os setores também evoluam, principalmente na agenda ambiental”, afirmou Sukhdev.

Um dos temas abordados no seminário foi a utilização de produtos químicos para a produção de alimentos. “Agricultura é biologia, e não componentes químicos, que causam a esterilidade do solo. Os alimentos que abastecem a maior parte da população absorvem a toxidade da terra, que é repassada aos humanos. Esse ciclo nocivo e vicioso de contaminação precisa ser interrompido imediatamente”, comentou Sukhdev.

Um dos principais fatores de mudança é a pressão das novas gerações, que procuram saber que tipo de produto estão consumindo, de onde vem a comida que comem e como são feitos os materiais que usam. Essa geração está transformando a relação de consumo e pressionando o mercado para uma mudança rápida.

Também participou do debate a presidente da Rede Brasil do Pacto Global das Nações Unidas, Denise Hills, que destacou: “Negócio que não é sustentável não é um negócio. Mesmo que ainda seja rentável hoje”. Hills defende que as organizações precisam prever a sustentabilidade na estratégia operacional dos seus negócios não como um risco, mas como um ativo fundamental para a operação. O WWF-Brasil é signatário da Rede Brasil do Pacto Global e integrante do GT Água.

Para o presidente da Fibria, Marcelo Castelli, a evolução para uma economia sustentável de baixo carbono se dará pelo design ou pelo desastre. “Nós estamos seguindo pelo design. Estamos resolvendo nossos conflitos com diálogo e cooperação e estamos caminhando para uma economia cada vez mais verde”, diz o executivo.

Segundo o presidente da distribuidora e geradora de energia EDP, Miguel Setas, uma das principais soluções está nas cidades inteligentes. “Esses modelos podem reduzir o impacto proporcionando a cogeração de energia e estimulando a geração com fontes renováveis. Hoje, o Brasil possui a matriz energética mais limpa do mundo e ainda temos potencial para sermos ainda melhores nisso”.

Nelson Pereira dos Reis, diretor do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Fiesp, diz que não há outra opção que não seja a da sustentabilidade. “Esse é o caminho que nossas empresas devem seguir se quiserem ser competitivas. Fico muito satisfeito e feliz de ver que estamos tomando o caminho correto até aqui”, disse.

O encontro reuniu representantes da indústria, cientistas e empresários. Entre os palestrantes estavam também, Fabio Gandour, médico, cientista da computação e pesquisador; Roberto Waack, da Coalização Brasil, Clima, Florestas e Agricultura e presidente da Fundação Renova; Izabella Teixeira, mestre em planejamento energético, doutora em planejamento ambiental e ex-ministra do Meio Ambiente; Mário Sérgio Vasconcelos, diretor de Sustentabilidade e Marketing da Febraban; Sandra Guerra, fundadora da Consultoria Better Governance e Conselheira do GRI; e Juliano Seabra, chefe de Inovação e Novos Negócios da TOTVS.
Pavan Sukhdev, presidente do Conselho do WWF-Internacional, durante evento na Fiesp
© Divulgação
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