Lideranças indígenas discutem financiamento de projetos na COP-26

novembro, 03 2021

Mesa liderada pela Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) vai discutir fundos para custear iniciativas de combate ao desmatamento em terras indígenas
Por Bruno Taitson, de Glasgow, Escócia

Nesta quinta-feira (4/11), às 8h (hora de Glasgow, 5h em Brasília), lideranças indígenas brasileiras fazem um importante debate na Conferência do Clima (COP-26), em Glasgow. Será discutida a importância dos fundos operados por organizações indígenas para captar e aplicar recursos em projetos que promovam conservação e desenvolvimento sustentável nos territórios dos povos originários na Amazônia.

Valéria Paye, da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), vai apresentar o Fundo Podáali (palavra na língua Baniwa que significa "celebração"), uma iniciativa criada e gerenciada por indígenas, para financiar projetos na Amazônia brasileira.

“Os modelos vigentes jamais foram facilitados para que os povos indígenas e suas associações acessassem recursos. A Coiab viu a necessidade de construir seu próprio mecanismo, um instrumento que apoie os povos indígenas e tenha a missão de ser captador de recursos para viabilizar nossas iniciativas”, observou Valéria Paye.


A Coordenação das Organizações Indígenas da Bacia Amazônica (Coica), que representa entidades dos nove países do bioma, também fará a apresentação de um fundo para financiar projetos na região. A fala fica por conta de José Gregorio Díaz Mirabal, coordenador-geral da Coica. O evento terá, ainda, participação de Nara Baré, coordenadora-geral da Coiab. Alexandre Prado, diretor de Finanças Verdes do WWF-Brasil, fará a moderação.

As terras indígenas representam a principal barreira ao desmatamento da Amazônia. Os povos originários, com seus modos de vida tradicionais, mantêm a floresta em pé, algo fundamental para conter a elevação das temperaturas na terra. Estudos em escala mundial e discussões que acontecem na Conferência do Clima (COP-26) demonstram que os projetos voltados para a conservação dos territórios indígenas podem ser efetivos para frear o aquecimento global.

A presidência da COP-26 identificou 11 temas prioritários para conter as mudanças climáticas e um deles é facilitar o acesso a mecanismos financeiros para povos vulneráveis. O financiamento climático consiste no fluxo de recurso destinados a iniciativas de mitigação, adaptação, pesquisa e capacitações, destinadas a reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Esses recursos deveriam totalizar US$ 100 bilhões/ano, mas a cifra ainda não foi atingida.

“Fundos como o Podáali representam um passo fundamental para que os povos indígenas sejam protagonistas em todas as fases que envolvem os projetos de clima em seus territórios, desde a captação, passando pela gestão e a execução”, concluiu Alexandre Prado.

O debate será transmitido ao vivo e ficará disponível no canal de Clima e Energia da Rede WWF no YouTube.
Durante a visita à Terra Indígena Kamicuã, os intercambistas visitaram casas de farinha, locais típicos da Amazônia onde é produzida a farinha de mandioca
As terras indígenas representam a principal barreira ao desmatamento da Amazônia. Os povos originários, com seus modos de vida tradicionais, mantêm a floresta em pé
© WWF -Brasil / Jorge Eduardo Dantas
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