O extermínio dos defensores da floresta precisa parar

abril, 01 2020

Nota de pesar e solidariedade pelo assassinato de Zezico Rodrigues Guajajara
Nota de pesar e solidariedade pelo assassinato de Zezico Rodrigues Guajajara

Por WWF-Brasil


É com pesar, preocupação e indignação que o WWF-Brasil recebe a notícia do assassinato de mais uma liderança da Terra Indígena Araribóia, no centro-oeste do estado do Maranhão. Como em outros casos ocorridos em 2019, a morte de Zezico Rodrigues Guajajara também foi violenta. O diretor do Centro de Educação Escolar Indígena Azuzu foi encontrado morto a tiros em estrada próxima à aldeia Zutiua, no município de Arame, em 31 de março de 2020.  
 
Assim como Paulinho Guajajara, brutalmente assassinado em 2019, Zezico também integrava os Guardiões da Floresta, grupo criado em 2007, depois do massacre e da morte de Tomé Guajajara. Hoje o grupo reúne cerca de 120 indígenas que fazem uma fiscalização ambiental independente e se opõem ao roubo de madeira dentro de suas terras.
 
O assassinato de lideranças Guajajara se dá em um contexto de crescentes invasões à Terra Indígena Arariboia. De acordo com dados do Instituto Socioambiental (ISA), entre setembro de 2018 e outubro de 2019, foram abertos 1.248 quilômetros de ramais para exploração ilegal de madeira no território e detectados 4.863 alertas de exploração ilegal de madeira.
 
Esse aumento das invasões e da exploração ilegal de madeira, por sua vez, se dá em um contexto de crescente leniência do governo federal em relação a tais crimes e um retrocesso ambiental sem precedentes.  Desde que Jair Bolsonaro assumiu a presidência, houve uma disparada no desmatamento e na violência no campo, seja porque a atuação dos órgãos federais de fiscalização diminuiu drasticamente, seja porque o Governo Federal envia a todo momento sinais concretos de que legalizará invasões de terras públicas, como aconteceu com a edição da Medida Provisória 910.
 
É inaceitável que continuemos nesse caminho. O país não aguenta mais ver mortes e ameaças àqueles que defendem o direito à sobrevivência de seu povo e o bem estar de toda a sociedade brasileira. Chega de assassinatos de ativistas ambientais. O WWF-Brasil se solidariza com o povo Guajajara e todos os demais brasileiros que lutam por seus direitos e seus territórios.
Zezico Rodrigues Guajajara era diretor do Centro de Educação Escolar Indígena Azuzu e foi encontrado morto a tiros em estrada próxima à aldeia Zutiua, no município de Arame, em 31 de março de 2020
© Arquivo pessoal
Paulo Paulino Guajajara foi assassinado em novembro de 2019
© Patrick Raynaud
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