Cooperativa é fundada na região do Peruaçu
março, 10 2016
COOPERUAÇU tem o apoio do WWF-Brasil e reúne agricultores e extrativistas do Vale do Peruaçu
Jorge Martins é um morador da comunidade quilombola do Onça, inserida na Área de Proteção Ambiental (APA) Cavernas do Peruaçu, uma das 16 Unidades de Conservação que integra o Mosaico Sertão Veredas Peruaçu (MSVP), localizado no norte de Minas Gerais e sudoeste da Bahia. Ele é um dos agroextrativistas da região e trabalha com a produção sustentável dos frutos do Cerrado, como o pequi, o coquinho azedo, o araticum e o jatobá.O agroextrativista foi um dos 90 pequenos produtores rurais que participaram no dia 3 de março, da fundação da Cooperativa dos Agricultores Familiares e Extrativistas do Vale do Peruaçu (COOPERUAÇU), empreendimento comunitário que busca incrementar a renda das comunidades rurais e proteger o Cerrado das ameaças constantes.
Ele acredita que a fundação da cooperativa representa um marco para o desenvolvimento sustentável da região. “A criação da COOPERUAÇU poderá melhorar as condições de vida das comunidades da região, uma vez que as sucessivas secas tem comprometido o plantio na roça”.
Segundo Jorge, o aproveitamento do coquinho azedo proporcionou para sua família uma renda de mais de três mil reais na última safra. Isso sem considerar a renda extraída com a produção de outros frutos do Cerrado.
Eleito membro do conselho fiscal da COOPERUAÇU, Jorge ressaltou sua satisfação pela confiança depositada pelos cooperados presentes. “Meu filho mais velho está na idade em que começamos a migrar para São Paulo, mas com essa renda que estamos tirando do Cerrado ele agora vai ficar aqui comigo”.
O WWF-Brasil esteve presente por meio do Programas Cerrado Pantanal e Água Brasil e o evento ainda contou com a participação de representantes do SEBRAE-MG, Funatura, Cáritas Diocesana, Prefeitura de Januária, EMATER-MG, UNICAFES, Cooperativa Grande Sertão, Centro de Agricultura Alternativa, IFNMG, dentre outros.
Para Kolbe Soares, analista de conservação do WWF-Brasil, “é uma satisfação para nós, apoiar esse tipo de iniciativa que viabiliza a conservação da natureza, ajudando na manutenção da biodiversidade e de serviços ambientais como fornecimento de água, regulação do clima e contenção de erosões, ao mesmo tempo que gera renda à população. Isso representa enormes ganhos sociais e ambientais”.
Soares ressaltou que a fundação da cooperativa fortalece muito o trabalho do extrativismo local dentro do núcleo Peruaçu, uma vez que era a única localidade do Mosaico que não contava com uma cooperativa agroextrativista, e, ainda, contribui com a organização comunitária. “São mais de 10 associações comunitárias que estão envolvidas na fundação da COOPERUAÇU com possibilidade de mais de 100 sócios. É um trabalho que vem sendo desenvolvido pelo WWF-Brasil na região com o fortalecimento da base do extrativismo sustentável e da gestão integrada das unidades de conservação”, explica o analista de conservação.
Na mesma lógica de raciocínio, Kelly Cristina, assistente da microrregião de Januária do SEBRAE-MG, disse que “a fundação da cooperativa despertou o espírito empreendedor da comunidade e fortaleceu o trabalho coletivo que proporcionará renda e qualidade de vida aos cooperados”. Ela ressaltou ainda que é gratificante para o SEBRAE participar e apoiar este momento importante para as comunidades, fomentando o empreendedorismo, fortalecendo a economia e promovendo o desenvolvimento sustentável.
Durante a assembleia da fundação foi discutido e aprovado o estatuto da cooperativa e também eleita uma diretoria composta por presidente, vice-presidente, secretário, segundo secretário, tesoureiro e segundo tesoureiro. Além de três titulares e três suplentes para comporem o Conselho Fiscal. Também foi definido um mandato de quatro anos para os integrantes da diretoria.
Para Valdomiro da Mota Brito, eleito presidente, a COOPERUAÇU é o sonho de uma comunidade que se tornou no realidade. “A assembleia foi bastante participativa e democrática e todos saíram daqui felizes. Agora temos um futuro pela frente que dependerá do que fizermos aqui no presente. Vivemos um tempo de crise e podíamos ficar quietos esperando, mas aqui estamos criando a nossa Cooperativa”.
WWF-Brasil no MSVP
Desde 2010, o WWF-Brasil, por meio do Programa Cerrado Pantanal, desenvolve na região o Projeto Sertões. Em sua primeira fase (2010-2014), as ações do projeto foram focadas, principalmente, no incentivo à adoção de boas práticas de produção agropecuária (BPA’s); à implementação e gestão integrada das unidades de conservação; à comunicação, visando a valorização e o resgate do Cerrado e o planejamento territorial que visa o planejamento sistemático da conservação no bioma Cerrado. A segunda fase (2014-2018) prevê uma ampliação das linhas de ação, incluindo o fortalecimento de ação, incluindo o fortalecimento do apoio ao extrativismo vegetal sustentável dos frutos do Cerrado.