Município amazônico quer usar a produção sustentável para combater o desmatamento

novembro, 18 2015

Apuí, no Sul do Amazonas, possui florestas de alto valor comercial, potencial energético e culturas e saberes diferenciados
Por Jorge Eduardo Dantas

Apuí (AM) – Representantes de órgãos públicos, associações de classe, produtores rurais, autônomos, organizações não governamentais e políticos de Apuí, no Amazonas, decidiram que o apoio às atividades produtivas sustentáveis é a grande estratégia que deve ser priorizada nos próximos meses para combater o desmatamento naquele município.

Foi essa a conclusão do Fórum sobre o Desmatamento e suas Ameaças ao Desenvolvimento de Apuí, ocorrido na última semana. Organizado pelo WWF-Brasil com apoio da Prefeitura, ele teve o objetivo de elaborar um plano de ação para reduzir os índices de desmatamento da cidade. Cerca de 30 pessoas, entre representantes de diversos setores da sociedade de Apuí, participaram da programação, que durou dois dias.

O Governo do Estado do Amazonas, por meio de sua Secretaria de Meio Ambiente (Sema), de seu Instituto de Proteção Ambiental (IPAAM) e da Secretaria de Produção Rural (Sepror) também apoiou a iniciativa.

Durante o Fórum, os atores sociais sugeriram uma série de ações para promover o apoio às atividades produtivas – entre elas, capacitações e intercâmbios, acesso ao crédito e realização de estudos de mercado. 

Suporte
 
Uma lista com essas ações será enviada para o Conselho Municipal de Desenvolvimento de Rural Sustentável (CMDRS). Esta instância, que discute as questões relativas à produção sustentável no município, será responsável por encaminhá-las junto aos órgãos e instituições, buscando sua viabilidade e implementação. 

Os participantes do Fórum solicitaram, entre outras coisas, mais apoio para as boas práticas de agricultura e para a pecuária sustentável de Apuí; a conclusão da obra da Unidade de Apoio à Distribuição de Alimentos da Agricultura Familiar (Uadaf); e a revisão e fortalecimento dos diversos acordos de cooperação técnica que o município tem com instituições como Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), o WWF-Brasil e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Estado. Outra questão levantada foi o reforço de projetos de turismo comunitário e de produção de castanha. 

Demandas antigas

O produtor rural Antonio Rozeno da Silva, 57, afirmou que a mobilização foi “excelente”. “O que tivemos nesses dois dias foi uma força-tarefa competente, que discutiu um problema sério de nossa população”, disse. Antonio é proprietário do sítio Santa Júlia, que possui 193 hectares. Lá ele produz farinha, além de criar carneiros e porcos.   

O secretário de Meio Ambiente do Apuí, Domingos Bonfim, disse que o fórum foi uma grande oportunidade para discutir problemas importantes e demandas antigas que há muito precisam ser atendidas. “Estamos contando com as várias parcerias que temos, inclusive com o WWF, para levar à frente os planos feitos no fórum e atacar o problema do desmatamento”, afirmou.    

Domingos lembrou ainda que a discussão das ações foi baseada no Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento do Apuí (PPCDAP) – e que por isso ela aproveitou várias questões que já foram debatidas e discutidas no município anteriormente.

A analista de conservação do WWF-Brasil Lorenza Cordeiro considerou que este fórum foi um passo de uma caminhada maior. “Nossa tarefa agora será acompanhar o Conselho de Desenvolvimento Rural Sustentável e trabalhar, junto com ele, na implementação das várias ações definidas pelos representantes da sociedade de Apuí”, explicou a analista.   

WWF no Apuí

O trabalho do WWF-Brasil com o município de Apuí prevê empoderamento da governança local e a capacitação técnica de atores sociais e gestores públicos. Para isso, estão previstos trabalho de planejamento florestal, uso de informações de satélite para monitoramento de grandes áreas e promoção de modelos de restauração florestal para regiões degradadas. 

Também estão previstos apoio e trabalho integrado junto a iniciativas já existentes, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), conduzido pelo Sindicato Rural do Sul do Amazonas (Sindisul); e os projetos de restauração florestal supervisionados pelo Idesam.

O WWF-Brasil tem realizado trabalhos em Apuí e no Sul do Amazonas desde 2005. Desde lá, já apoiamos a realização de expedições científicas e ajudamos na criação de áreas protegidas. Mais recentemente, ajudamos produtores de copaíba a encontrar mercados para seu produto, ajudamos a criar uma Câmara Técnica Florestal e apoiamos a realização de estudos sobre o mercado da madeira na região
Apuí possui potencial energético, florestas abundantes de valor comercial e uma ampla gama de saberes e culturas
Apuí possui potencial energético, florestas abundantes de valor comercial e uma ampla gama de saberes e culturas
© WWF-UK/ Karina Berg
O prefeito Admilson Nogueira fez uma das falas da mesa de abertura do evento
Participaram do fórum representantes de vários segmentos sociais de Apuí
© WWF-Brasil/ Jorge Eduardo Dantas
O coordenador do Programa Amazônia do WWF-Brasil, Marco Lentini falou sobre as potencialidades e oportunidades do município de Apuí
O coordenador do Programa Amazônia do WWF-Brasil, Marco Lentini falou sobre as potencialidades e oportunidades do município de Apuí
© WWF-Brasil/ Jorge Eduardo Dantas
O produtor rural Adelário Ronnau mostra sua propriedade para uma técnica do WWF durante visita técnica; ele é um dos cidadãos de Apuí que investe em atividades sustentáveis
O produtor rural Adelário Ronnau mostra sua propriedade para uma técnica do WWF durante visita técnica; ele é um dos cidadãos de Apuí que investe em atividades sustentáveis
© WWF-UK/ Karina Berg
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