Setor florestal discute produção madeireira em Apuí (AM)
07 junho 2013
Encontro serviu para mapear oportunidades e necessidades do segmento
Apuí (AM) - Com o objetivo de ampliar o diálogo com importantes atores sociais do município amazonense de Apuí, situado a 453 quilômetros de Manaus, o WWF-Brasil, em conjunto com o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (IDAM) promoveu, no fim do mês de maio, uma reunião com representantes do setor florestal daquela cidade.
Realizado na Câmara Municipal do município, o encontro durou dois dias e contou com 22 participantes – representantes de serrarias, marcenarias, pecuaristas, consultores, produtores familiares e funcionários públicos. Segundo depoimentos feitos na ocasião, essa foi a primeira vez que houve um encontro do tipo na cidade.
De acordo com os organizadores, um dos objetivos do encontro foi mapear as demandas e necessidades do setor, para aliá-las aos próximos passos que serão dados pelo WWF-Brasil e pelo IDAM no município. O WWF-Brasil apoia, desde o fim de 2010, uma série de iniciativas voltadas à produção sustentável no Sul do Amazonas.
Sem conversa ou articulação
O engenheiro florestal do IDAM, Eirie Vinhote, explicou: “A importância de momentos como esse é colocar essas pessoas para conversar, trocar ideias e experiências”. Segundo Eirie, de modo geral, o setor florestal é pouco organizado no Apuí. “Eles (os atores sociais do setor) não conversam, não se articulam. Então eles não conseguem fazer pressão nas instituições, no poder público. E isso é prejudicial para todo mundo”, afirmou.
O agricultor Roberto Pereira, 51, mora no Apuí há 26 anos. Ele possui uma fazenda de 152 hectares e representou, no encontro, os integrantes do Ceffap – Cooperativa Extrativista Florestal e Familiar do Apuí. Ele disse esperar que o poder público tenha mais engajamento na hora de lidar com os produtores florestais do município.
“Espero que essa conversa se converta em alguma ação significativa no curto prazo. Mas não sei se isso vai acontecer, pois o poder público é sempre muito lento na hora de dar respostas. A sociedade civil é sempre mais dinâmica e os governos estão sempre atrasados. Além disso, quando eles vêm à nossa cidade, é apenas para punir e repreender”, afirmou.
“Em busca de ajuda”
O pecuarista Josué Pereira da Costa, 36, disse ter ido ao encontro “em busca de ajuda”. “É a primeira vez que participo de um evento desses. Sinto que preciso conversar mais com os órgãos públicos, e eles precisam conversar mais entre si. Ninguém vem conversar conosco e nos dar orientações. Nós tentamos trabalhar honestamente, com tudo organizado e legalizado, mas nessa situação é muito difícil”, reclamou.
O analista de conservação do WWF-Brasil Marcelo Cortez, afirmou que o município do Apuí tem características diferenciadas na maneira com que usa seus recursos florestais. “Por isso, o município precisa ser olhado de forma diferenciada. Precisávamos que os atores deste setor participassem do encontro e nos trouxessem sua visão de como lidar com as questões florestais, com um olhar de dentro para fora, de quem vivencia esses processos”, explicou.
Marcelo declarou também que o encontro foi importante por permitir que o órgão encarregado de cuidar da extensão rural e florestal do Amazonas, o IDAM, pudesse buscar subsídios para as suas ações com os protagonistas do setor na cidade.
Outras cidades
O encontro em Apuí faz parte de um projeto mais amplo, desenvolvido pelo WWF-Brasil, em parceria com a Rede Amigos da Amazônia e a Comunidade Europeia.
Este projeto é intitulado “Governança Florestal e Comércio Sustentável da Madeira Amazônica” e tem como objetivo contribuir para que o manejo florestal e o comércio da madeira ocorram de forma sustentável até o ano de 2020. Para isso, o projeto busca implementar, juntos aos órgãos públicos responsáveis, políticas e procedimentos que regulem a produção e comércio deste recurso.
A capacitação ocorrida no Apuí é também a primeira de outras quatro que vão ocorrer em outros municípios – Manacapuru, Boa Vista do Ramos, Tefé e Lábrea – com o objetivo de avaliar a política florestal do Estado do Amazonas.