Um Dia No Parque 2022 é chance de estimular o contato de crianças com o meio ambiente
maio, 25 2022
Vivências na natureza trazem benefícios físicos e cognitivos para o desenvolvimento de crianças de até 12 anos
Vivências na natureza trazem benefícios físicos e cognitivos para o desenvolvimento de crianças de até 12 anosPor Instituto Alana e UDNP
As crianças moradoras de centros urbanos estão cada vez mais distantes do nosso primeiro lar, a natureza. Essa é uma conclusão do Instituto Alana, apoiador da ação UDNP (Um Dia No Parque) 2022 e que há quase 10 anos desenvolve pesquisas sobre os benefícios da vivência em ambientes naturais na primeira fase da vida.
“Incentivamos que crianças, desde muito pequenas, tenham contato diário com estes espaços”, afirma Maria Isabel Amando de Barros, pesquisadora do programa Criança e Natureza do Instituto. Bebel, como é conhecida, explica que é muito comum que as crianças urbanas cresçam “confinadas”. “Elas estão o tempo todo sendo monitoradas em casa, na escola, são sempre conduzidas por adultos em ambientes fechados. Já na natureza, elas se sentem livres”, aponta.
De cada 10 horas de vida de uma criança, nove elas passam em ambientes entre paredes, concreto e cimento, segundo pesquisa do Instituto Alana de 2021. O contato com a terra, o ar livre e outros elementos comuns às crianças moradoras de áreas rurais é escasso para aquelas que vivem nos centros urbanos, o que traz prejuízos físicos e cognitivos para a faixa etária de zero a 12 anos que não convive com estes espaços.
O contato com esses elementos é tão importante que a BNCC (Base Nacional Comum Curricular) do Ministério da Educação tem como diretriz o “campo das experiências”, regulação que incentiva experiências fora do espaço da escola para apresentar aos pequenos as transformações da natureza e outros sons, cores e formas.
Segundo Bebel, na natureza as crianças têm outra noção de espaço e tempo, sendo este um lugar para explorar e criar suas próprias brincadeiras. “São nessas oportunidades que a gente se conhece, entende do que gosta e do que tem medo, são experiências muito ricas, que influenciam o resto da vida como pessoas”, assegura.
Depois do período crítico da pandemia da Covid-19, o Um Dia No Parque volta em 2022 com atividades presenciais e com várias oportunidades de interação com a natureza brasileira. A ação convida as pessoas para visitarem Unidades de Conservação em todo o país em sua 5ª edição que, por dois anos, ocorreu com atividades híbridas.
Organizado pela Coalizão Pró-UCs (Coalizão Pró Unidades de Conservação da Natureza), o UDNP 2022 ocorre dia 24 de julho e é uma oportunidade para crianças e pais descobrirem juntos UCs, parques, além das praças urbanas, perto de casa. “Nosso objetivo é levar cada vez mais as pessoas para as áreas protegidas, e as crianças e famílias são um público especial para nós, já que este programa acaba se tornando algo constante nos planos para férias e lazer”, comenta Angela Kuczack, diretora-executiva da Rede Pró-UC e coordenadora do UDNP.
Na trilha que leva ao Parque
O Brasil tem mais de 2.500 Unidades de Conservação, divididas entre as de Uso Sustentável, como as Reservas Extrativas, e as de Proteção Integral, como Parques. Todos os estados do país têm UCs, tanto federais, como estaduais e municipais, além das RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural), que são criadas por pessoas físicas ou jurídicas e são a única categoria particular do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), lei que rege as áreas protegidas. O objetivo do UDNP é que as pessoas frequentem todas as categorias que permitem a visitação.
É o que faz a pedagoga Lesly Monrat. Sempre que pode, ela leva os filhos para as áreas naturais de Florianópolis (SC), onde mora, “desde que eles estavam na minha barriga”, conta. Segundo Monrat, “o Tales (10) é fascinado pela água, ele pode ficar horas brincando, observando o redemoinho dos rios. E a Agnes (6) é apaixonada pelas flores que encontra no caminho”.
A família não só aproveita as áreas conservadas da região, como incentiva outros pais a fazerem o mesmo. Monrat criou o projeto Trilhas de Criança, em que grupos de pais e filhos se deliciam nas brincadeiras ao ar livre, de forma também livre. “Achamos que as crianças têm que ser protagonistas dessa interação. Elas criam as próprias brincadeiras e nós, pais, observamos e descobrimos coisas que jamais imaginamos sobre nossos filhos, como seu potencial de criatividade”.
Esta interação frequente e prazerosa é a proposta do Um Dia No Parque, que tem o slogan “De volta ao lar”. O evento estimula a ideia de pertencimento humano com a natureza. “Todo brasileiro vive perto de uma UC, mesmo sem saber, e é beneficiado por ela. O UDNP quer levar as pessoas para estas áreas e mostrar a mães e pais que elas podem ser espaços inclusivos, interessantes e convidativos para as crianças. Além disso, o mantra ‘conhecer para preservar’ é perfeito para o UDNP e os pequenos. Afinal, quanto mais a pessoa visita uma UC, mais ela gosta da área, compreende sua razão de existir, e passa a colaborar para seu fortalecimento”, aponta Joice Tolentino, gerente de relações institucionais do Instituto Semeia, organização que integra a Coalizão Pró-UCs e participa do evento desde 2018, primeiro ano da ação.
A cada ano de UDNP, o número de Unidades de Conservação inscritas para receber o público só aumenta. Se em 2018, 65 UCs fizeram parte da ação, em 2021 mais de 350 áreas receberam visitantes para celebrar as UCs. A expectativa é que em 2022 ocorra o recorde de UCs inscritas.
As crianças não vão sozinhas a estes locais, é preciso acompanhá-las. “Recomendamos uma rotina de um piquenique na praça ou parque perto de casa uma vez por semana, um parque na cidade de vez em quando, e uma ou duas vezes por ano optar por fazer uma viagem para um Parque Estadual ou Nacional. O benefício é da criança e da família inteira”, conclui Bebel, do Instituto Alana.