Painel mostra como o meio ambiente está presente no nosso cotidiano

abril, 16 2021

Jovens de diferentes contextos locais compartilham suas experiências de engajamento e debatem sobre como é possível mobilizar mais pessoas
Jovens de diferentes contextos locais compartilham suas experiências de engajamento e debatem sobre como é possível mobilizar mais pessoas  

Por WWF-Brasil 


O quinto painel do Festival Digital Hora do Planeta se dedicou a discutir a agenda ambiental e como este debate está presente no nosso dia a dia, mesmo que não percebamos a princípio. A conversa que foi ao ar no sábado, 27 de março às 17h foi mediada por Giselli Cavalcanti, estrategista de campanhas do WWF-Brasil e contou com vozes de diferentes contextos locais do Brasil: Danrley Ferreira, morador da Favela da Rocinha estudante de biologia e criador de conteúdo; Kaique Brito, influenciador, criador de conteúdo para redes sociais e embaixador do WWF-Brasil; e Txai Paiter Suruí, ativista indígena do Povo Paiter Suruí e integrante das organizações Engajamundo, Kanindé e Movimento de Juventude Indígena de Rondônia. 
 

Para Txai, ela diz que é muito fácil conectar as questões ambientais com o seu dia a dia. “Quando a gente fala em povos indígenas, a gente fala em meio ambiente, a gente fala em floresta, porque a floresta está totalmente ligada em nossas vidas”. Na sua visão, não é possível separar o que são os povos indígenas do que é a floresta e o meio ambiente, e defende que onde há a presença de povos indígenas, há floresta em pé.   

A questão do saneamento básico foi a principal conexão trazida por Danrley, ao contar que na Rocinha, a realidade diária da comunidade é de ter que lidar com o esgoto a céu aberto. “Isso nos afeta diretamente, afeta diretamente a saúde, porque você tem ali lixo, você tem esgoto, além de uma série de doenças que estamos expostos”. Além do impacto direto à comunidade, Danrley também menciona o problema de despejo do esgoto não tratado, que em partes também vai parar no mar, trazendo consequências negativas tanto para a vida marinha local, como para a comunidade que tem na Praia de São Conrado um refúgio próximo de natureza.  

Kaique aponta que para ele, falar de meio ambiente é falar também de empatia, de cuidado com o próximo e com o nosso país, e que usa do seu ambiente digital para levar esta mensagem a mais pessoas: “eu uso principalmente do meio digital para falar sobre isso, tentar passar essa mensagem para frente e cobrar pessoas do governo”. Kaique traz o papel central que tomadores de decisão tem no debate ambiental e a importância de que a sociedade se mobilize no acompanhamento e cobrança destes atores, em pautas como desmatamento, saneamento básico e preservação ambiental.   

O painel trouxe pontos de vista necessários que são transversais à luta pela defesa da natureza, mas que geralmente não são conectados tão facilmente na visão das pessoas, quando conversamos sobre meio ambiente. Nesse sentido, Danrley traz uma perspectiva sobre o lugar de fala de quem mora nas favelas do Brasil e que se conecta também com as reflexões trazidas por Rene Silva durante o painel de Ativismo Digital - que são as desigualdades sociais. “Quando a gente vai chegar nas pessoas e abrir um diálogo sobre meio ambiente, parece uma coisa muito distante. Sendo que se a gente for olhar para a nossa realidade, a realidade aqui da Rocinha, a realidade do Complexo do Alemão onde o Rene mora, está ligado diretamente à nossa saúde”.  

Kaique, que atua principalmente no mundo virtual, conta que para ele a internet pode ser uma aliada importante para falar sobre o meio ambiente e sensibilizar e mobilizar cada vez mais pessoas para a causa. “Falando na internet, a gente está falando com muitas pessoas ao mesmo tempo, e eu acho que cada pessoa tem um papel muito importante ao agir em prol do meio ambiente”, reflete o embaixador do WWF-Brasil. O que vemos é que com a pandemia, o ambiente virtual tem sido um espaço seguro em que as pessoas podem atuar na defesa das causas que acreditam e fazer com que estas pautas cheguem em novos espaços. Na ausência de mobilizações a nível presencial desde o ano passado, pelas restrições sanitárias trazidas pelo contexto em que estamos, se fazem necessárias formas de encontrar e fortalecer os espaços de participação social e de cidadania ativa, para que a sociedade possa estar engajada ativamente nas pautas que nos afetam.  

Para além dos distanciamentos trazidos pelo cenário de pandemia, a dimensão territorial do país também é um fator de influência para que as pessoas se sintam menos conectadas com a pauta ambiental. Txai, que é uma jovem indígena, traz que para o seu povo e para os demais povos tradicionais, a conexão com a natureza está muito próxima, porque tudo está conectado, mas para quem vive em centros urbanos por exemplo, isso pode parecer mais distante, mas que todos tem um papel essencial na defesa das florestas, não importa onde estejam. “Passa por um caminho da gente começar a entender que uma floresta destruída afeta a vida de todos nós”, disse.  

Txai traz, ainda, o chamado para que as pessoas escutem o que os povos indígenas estão falando e reflete que isso passa também por conhecer e acessar os conteúdos produzidos pelos próprios indígenas, que trazem um retrato da sua realidade e das suas lutas. Ela coloca que acompanhar influenciadores digitais, mídias independentes, organizações parceiras e coletivos como o Mídia Índia são passos importantes para quem quer se aproximar mais destas questões.  

Pelos três participantes terem em comum a característica de serem da juventude, a mobilização de jovens também foi um ponto comentado durante o painel. Kaique e Danrley concordam que a juventude tem um potencial de mobilizar as pessoas ao redor, seja mais em um contexto particular com familiares e amigos, seja fazendo parte de grandes movimentos e coletivos de jovens.   

A conversa se encerra com um chamado coletivo para que a sociedade esteja cada vez mais engajada com a pauta ambiental e que possa trazer esta mobilização para o seu cotidiano e perceber o quanto que estamos todos nós envolvidos com a natureza. Os painelistas compartilharam suas ideias sobre como cada pessoa pode dar o primeiro passo para agir em prol da natureza e para mostrar que Juntos é Possível cuidar do nosso planeta.  

O festival Hora do Planeta começou as 13h (horário de Brasília) e foi até as 20h30, quando aconteceu o tradicional ato simbólico de apagar das luzes por 60 minutos em defesa do planeta. Iniciativa mundial da Rede WWF para enfrentar as mudanças climáticas, a Hora do Planeta acontece desde 2007 e convida pessoas, empresas, comunidades e governo a apagar suas luzes pelo período de uma hora para mostrar seu apoio ao combate ao aquecimento global. 
Painel sobre agenda ambiental, como parte da programação do Festival Digital Hora do Planeta 2021
© WWF Brasil
Convidados de diferentes contextos locais conversam sobre como mobilizar pessoas pela pauta ambiental
© WWF Brasil
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