Do aconchego do Jabuti à pista do Carecuru

agosto, 21 2005

Leia abaixo o relato da técnica em conservação do WWF-Brasil, Marisete Catapan, sobre as atividades da expedição no dia 21 de agosto.

O acampamento Jabuti foi um dos melhores lugares de parada, com pedras ao longo do rio para nos banharmos, vários espaços para redes, cozinha e escritório com espaços já definido anteriormente. Um local definido pelo Sr. Arraia como bom para passar férias, com "prainha", "cachoeirinha" e bom para a pesca. Depois de uma noite calma, primeira sem chuva, o grupo acordou com a sensação de ter vencido um trecho maior que o esperado. Marcelo teve ainda muita febre durante a noite.

O café, feito na fogueira, teve um sabor especial, a conversa fluiu solta durante essa refeição, discutimos os planos futuros para a Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Iratapuru, a visão da comunidade sobre os projetos, entre outras coisas. Marcelo nos chamou a atenção para o fato de que tínhamos ainda bom trecho de rio até o acampamento da pista do Carecuru. Rapidamente, arrumamos nossas coisas e partimos.

Poucas centenas de metros à frente estava o nosso primeiro desafio do dia, a corredeira Poraquê. Superada sem maior dificuldades, naveganmos mais alguns quilômetros e chegamos ao maior obstáculo do dia, a corredeira Urucupatá. Os barcos pararam em uma das ilhas no meio do rio e descemos todos. Enquanto alguns homens faziam a avaliação da corredeira e verificavam qual o melhor ponto para a travessia, as mulheres colocavam rapidamente as roupas molhadas dos dias anteriores para secar.

Definida a estratégia da travessia, o primeiro barco a atravessar foi a catraia, com o Orlando pilotando e o Arraia como proeiro. Em seguida, foram os batelões, que passaram um a um. A partir daí, tivemos um dia alternado, navegando em águas calmas e muitas corredeiras grandes e outras pequenas pela frente, sem outras emoções mais fortes. Paramos em um canal do rio, entre ilhas, para a tomada do famoso mingau, por volta das 10h. O próximo desafio seria o complexo de corredeiras Guariba, com aproximadamente cinco quilômetros de extensão, que foi vencido com certa facilidade.

O quê mais chamou atenção durante o dia foi a grande quantidade de araras que vimos durante o percurso, principalmente nos canais mais estreitos, entre as ilhas. Eram araras amarelas e vermelhas, principalmente, em bando seis a dez. Outro fato interessante foi ver um gavião preto em plena ação, se deliciando com uma espécie de cascudo, numa pedra no meio do rio.

Cruzamos por uma série de corredeiras menores, até começarmos a navegar em uma porção do rio mais tranqüilo, nos aproximando do nosso destino do dia. A catraia encostou no Carecuru lá pelas 17h, um pouco antes dos demais barcos. Bernadete, nossa cozinheira, também passou o dia febril e se sentindo mal. Marcelo Creão, a essa altura, se sentia muito mal e precisou ser novamente medicado. Ficou combinada a retirada dos doentes num vôo na manhã seguinte.

Jantamos piranhas pescadas e preparadas pelo seu Arraia, assadas em uma grelha improvisada. O clima de brincadeira estava solto no ambiente, com sargento René fingindo estar doente também para sair da expedição no dia seguinte, de avião.

Embarcação se aproxima de uma das centenas de ilhas existentes ao longo do médio curso do rio Jari
© WWF-Brasil / Marisete CATAPAN
Travessia da cachoeira Urucupatá, rio Jari
© WWF-Brasil / Marisete CATAPAN
Uma das sucessivas corredeiras que marcam a paisagem do Jari
© WWF-Brasil / Marisete CATAPAN
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