Recursos pesqueiros na Amazônia serão pesquisados

junho, 08 2012

Em encontro, atores sociais definiram ainda a realização de atividades de fiscalização e sinalização de áreas protegidas 
Por Jorge Eduardo Dantas

A realização de pesquisas sobre os recursos pesqueiros da região situada entre os Estados do Amazonas, Mato Grosso e Rondônia foi a deliberação mais significativa da segunda reunião do Conselho Consultivo do Mosaico da Amazônia Meridional (MAM), ocorrida durante o mês de maio em Porto Velho (RO). O encontro, que contou com o apoio do WWF-Brasil, durou dois dias e reuniu 17 das 22 instituições que possuem cadeira neste fórum.

De acordo com o presidente do Conselho Consultivo, Izac Theobald, a região a ser estudada sofre muita pressão causada pela pesca esportiva. “Nosso objetivo é saber exatamente que tipo de recursos pesqueiros existem por aqui. A pesca esportiva é uma atividade econômica muito importante para a área, mas não sabemos, por exemplo, se é possível aumentar a quantidade de turistas que vem para cá. Queremos saber o quanto de recursos temos, se nossos rios suportam um aumento desta pressão e como estão hoje a quantidade e qualidade dos peixes situados nos leitos dos rios”, disse Theobald. 
 
Segundo o planejamento feito pelos conselheiros, a ida a campo deve ocorrer entre os meses de setembro e outubro deste ano. Serão contempladas as calhas dos rios Roosevelt, Aripuanã, Guariba e Bararati. “Desde o ano passado, já estamos conversando com donos de pousadas na região do rio Bararati, anunciando que queremos fazer este estudo. Eles já manifestaram seu apoio e nos ofereceram ajuda para a logística e hospedagem”, contou Izac. 
 
A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) também mantém conversas com o Conselho para tomar parte nesta iniciativa. É possível que o rio Machado, em Rondônia – dentro do perímetro da Reserva Biológica (Rebio) do Jaru – seja estudado, mas ainda não há nada confirmado para este rio. Temas importantes como cronograma, orçamento, equipe e possíveis parcerias serão definidos nas próximas semanas. 
 
Outras deliberações
 
Outras importantes decisões tomadas na reunião foram o acerto para que, em outubro deste ano, ocorra também uma ação de fiscalização por vias terrestres, que contemple a região do Guatá, Três Fronteiras e a Rodovia do Estanho – uma das regiões mais isoladas, distantes e perigosas da Amazônia - que envolveria os responsáveis pelo Mosaico do Apuí, da Rebio Jaru e do Parque Nacional (Parna) dos Campos Amazônicos; e ações de sinalização em algumas Unidades de Conservação do Mosaico da Amazônia Meridional, previstas para abril de 2013 e que seriam baseadas em locais adjacentes aos rios Madeirinha e Roosevelt.
 
Izac avaliou que a reunião do Conselho Consultivo do Mosaico da Amazônia Meridional foi bastante positiva. “Construímos um planejamento integrado, com muitos detalhes e refinamentos. Percebemos que a Unidades de Conservação que compõem o Mosaico têm várias semelhanças entre si, desde as demandas de monitoramento e fiscalização até os modos de se explorar comercialmente os recursos”, afirmou.
Vice-presidente do Conselho do Mosaico e gestor do Parque Nacional dos Campos Amazônicos, Renato Diniz contou que as reuniões do conselho são úteis por permitir o encontro de atores sociais diversos, que vivem e tiram o seu sustento da mesma região. “Aqui existe uma diversidade enorme de pessoas e isso reflete muito bem o que é a Amazônia. São indígenas, ribeirinhos, extrativistas, servidores públicos, professores... e todos são muito participativos e atuantes. Quando se fala em gestão de Unidades de Conservação, poucas vezes eles são ouvidos e por isso reuniões como essa são tão importantes”, justificou o gestor.  
 
A analista de conservação do WWF-Brasil, Jasylene Abreu, contou que as reuniões de conselho servem como espaço de capacitação (“conversamos sobre os temas que os conselheiros querem entender e conhecer”) e também como espaço de exercício da democracia. “Dada a diversidade de atores que temos aqui reunidos, nós falamos, ouvimos, concordamos, divergimos e construímos consensos e dissensos. Temos um objetivo comum, porém: queremos a conservação dos recursos aliada à melhoria da qualidade de vida”, disse.
 
A próxima reunião do Conselho ocorre no mês de setembro e terá como tema principal os impactos da instalação de hidrelétricas na região da Amazônia Meridional.
 
Saiba mais sobre o MAM

No dia 25 de agosto de 2011, o Governo Federal reconheceu, após discussões e conversas que tiveram início em 2006, o Mosaico da Amazônia Meridional. Com uma extensão de 7 milhões de hectares e 40 unidades de conservação reunidas, este mosaico abrange áreas do sul do Amazonas, norte e noroeste do Mato Grosso e oeste de Rondônia – não por acaso, a região conhecida como “Arco do Desmatamento” devido aos inúmeros problemas ambientais existentes na área, como queimadas, garimpo, grilagem e conflitos sociais.

Por meio do mosaico, os gerentes das unidades de conservação e entes públicos como secretarias estaduais de Meio Ambiente, em conjunto com o governo federal, podem partilhar recursos e efetuar planejamentos em conjunto, otimizando a gestão do território. 

O Mosaico da Amazônia Meridional engloba uma extensa área: são 2,6 milhões de hectares no Mato Grosso; 2,4 milhões no Amazonas; áreas federais que somam 1,3 milhões de hectares e 550 mil hectares em Rondônia. Estão inclusos no mosaico Unidades de Conservação como o Parque Nacional do Juruena, no Mato Grosso; o Parque Estadual Guariba, no Amazonas; e a Reserva Extrativista Garrote, em Rondônia.
Conselheiros definiram desafios e prioridades de trabalho para a região da Amazônia Meridional
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© WWF-Brasil/ Samuel Tararan
Conselho Consultivo reune atores sociais do Amazonas, Mato Grosso e Rondônia
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© WWF-Brasil/ Samuel Tararan
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