Primeiro treinamento trinacional na Mata Atlântica de SMART é realizado no Parque Nacional do Iguaçu

julho, 24 2019

Representantes do Brasil, Argentina e Paraguai se reuniram para aprimorar e reforçar os trabalhos de conservação
por Douglas Santos

O WWF-Brasil promoveu o primeiro treinamento trinacional da ferramenta SMART focado na Mata Atlântica, realizado entre os dias 18 e 19 de julho no Parque Nacional do Iguaçu. O encontro reuniu mais de 25 pessoas de nove instituições diferente para aprimorar e reforçar os trabalhos de conservação na Mata Atlântica na região de fronteira entre a Argentina, Paraguai e o Brasil e também na Serra do Mar, que são os maiores e mais importantes remanescentes da Mata Atlântica. O software de código aberto otimiza a coleta e o uso de dados sobre as áreas protegidas, ele centraliza informações, agiliza mapeamentos e facilita o trabalho de monitoramento de fauna, flora e de ameaças.

O treinamento reuniu profissionais da Administración de Paques Nacionales (ARG), Fundación Vida Silvestre (ARG), ICMBio, Instituto Curicaca, Instituto Manacá, Ministério Ecologia (ARG), Projeto Onças do Iguaçu, Veracel, WWF-Brasil e WWF-Paraguai. Todos atuam diretamente na conservação da Mata Atlântica na região de fronteira e na Serra do Mar.

De acordo com a coordenadora executiva do Projeto Onças do Iguaçu, Yara Barros, a ferramenta possibilita organizar várias informações de forma integrada e ajudar no monitoramento de biodiversidade. “Os principais atributos do SMART são a agilidade e a concentração de dados onde conseguimos ter relatórios mais coesos e relacionados com diversas informações. Com o SMART podemos sinalizar ameaçar em tempo real, tirar fotos, registrar e compartilhar de maneira ágil e integrada. Por exemplo, ao invés de levar caderninho para o campo e marcar onde instalamos as câmeras-trap podemos marcar diretamente no aplicativo com georreferenciamento”, afirma Barros.

O gestor do Parque Nacional do Iguaçu, Ivan Baptiston, acredita que a ação conjunta entre os três países permite salvaguardar a vida selvagem e a biodiversidade na região. “Nos últimos anos estamos conseguindo recuperar a população de onças-pintadas graças a um esforço coletivo de muitos atores e de uma confiança na aliança internacional. E a realização deste workshop reforça ainda mais nosso trabalho conjunto de conservação da biodiversidade”, diz Batiston.

O Guarda Parque da Reserva de Yabotí, localizada na região de Misiones na fronteira com o Brasil, Rámon Alberto Villalba reforça a importância da colaboração da aliança trinacional. “Esta integração entre os países é muito importante, especialmente para fortalecer o monitoramento e controle dentro de áreas protegidas”, afirmou Villalba.

O workshop realizado pelo WWF-Brasil animou os pesquisadores presentes. Roberto Fusco Costa, biólogo e pesquisador associado do Instituto de Pesquisas Manacá, ONG que atua na conservação de onças-pintadas na região da Serra do Mar acredita que a SMART vai sistematizar as informações de ameaça e monitoramento da biodiversidade. “Com maior facilidade de acesso aos dados vamos poder avaliar maior efetividade aas ações de conservação das áreas protegidas de maneira integrada. Vamos conseguir mais agilidade com dados relativos a caça, desmatamento e monitoramento de fauna e flora e vamos conseguir mapear tudo isso o que vai ajudar muito no gerenciamento das áreas”, afirma o pesquisador.

Alexandre Krob, coordenador técnico do Instituto Curicaca, ONG que também atua na região da Serra do Mar afirma ter a expectativa de conseguir mais agilidade nos processos de monitoramento de campo e conseguir reunir uma maior quantidade de informações para aumentar ainda mais a efetividade dos trabalhos de conservação.

Para Felipe Spina, analista de conservação do WWF-Brasil, o workshop foi apenas um passo inicial. “Ele foi importante para informar a todos sobre o potencial da SMART e começar a esboçar ideias sobre como avançar, uma vez que o WWF continuará a trabalhar nesta região em vários países através da iniciativa do projeto Jaguar”, diz o analista.

A ferramenta
A SMART (da sigla em inglês Spatial Monitoring and Report Tool – “Ferramenta de Monitoramento Espacial e Criação de Relatórios”, em português) é um software de código aberto desenvolvido por agências e organizações de conservação para melhorar a eficácia da gestão e proteção de áreas protegidas.

Com a ferramenta, é possível coletar, armazenar, comunicar e analisar dados sobre biodiversidade, assim como sobre atividades ilegais, rotas de patrulha e ações de gerenciamento para melhor uso dos recursos.
A SMART possibilita que diversas atividades de campo sejam catalogadas, possibilitando alertas em tempo real, o registro de vários tipos de informação em uma mesma base de dados e um olhar mais apurado para os problemas e ocorrências de determinada área.

Informações como o tempo gasto em saídas de campo, áreas percorridas e distâncias, armadilhas removidas e infrações, por exemplo, podem ser registradas na SMART e ficar disponíveis para os técnicos e gestores envolvidos naquela ação. Saiba mais sobre a ferramenta no site: https://smartconservationtools.org/
Grupo de pesquisadores reunidos no Parque Nacional do Iguaçu para o treinamento da ferramenta SMART
© WWF Brasil
Pesquisadores em atividade de campo durante o Workshop do SMART
© WWF Brasil
Grupo de pesquisadores durante o workshop da SMART
© WWF Brasil
DOE AGORA
DOE AGORA