"Moradores da Floresta": conheça as aves Jacu e Jacamim
maio, 10 2019
Principais ameaças a essas espécies são caça, a degradação de habitats e o tráfico
Por Jorge Eduardo DantasO mais novo vídeo da série “Moradores da Floresta”, veiculada pelo WWF-Brasil desde o ano passado, foca em duas aves amazônicas que sofrem com a caça e a degradação de habitats: o jacamim-de-costas-brancas (Psophia leucoptera) e o jacu (Penelope jacquacu).
Embora sejam animais com risco de extinção “menos preocupante” segundo a Lista Vermelha da Fauna Brasileira, essas duas aves são bastante ameaçadas também pelo tráfico de animais silvestres.
As imagens inéditas, obtidas com exclusividade pelo WWF-Brasil, foram feitas na Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, no Acre, e mostram as aves no interior de densas florestas tropicais, se alimentando e, em certos momentos, dividindo a tela com outros animais como macacos e roedores.
Assista ao vídeo:
Ave social
O jacamim-de-costas-brancas (Psophia leucoptera) tem esse nome por conta da enorme mancha alva que cobre seu dorso. Ele pesa até 1,5 quilos e mede de 45 a 52 centímetros de comprimento. Ele ocorre ao sul do rio Amazonas e a oeste do rio Madeira, até o Peru e a Bolívia. Sua alimentação é composta principalmente por frutos caídos das árvores, mas também inclui insetos como besouros, formigas e cupins.
É uma ave muito social, que anda de grupos de três a doze indivíduos e possui um complexo conjunto de sons e ruídos para se comunicar. Além disso, põe em prática um raro tipo de acasalamento chamado “poliandria cooperativa”, em que uma fêmea dominante acasala com dois ou três machos e coloca todos os adultos do bando para ajudar a criar os seus filhotes.
Parentes
O jacu (Penelope jacquacu) tem entre 76 e 81 centímetros de comprimento. O macho chega a pesar 1,6 quilos e a fêmea, 1, 4 quilos. Ele ocorre em vários países da América do Sul: além do Brasil, ele aparece também na Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru e Venezuela. Sua dieta é formada principalmente por frutas – mas ele come também brotos, grãos e insetos.
No Brasil, o que chamamos de “jacu” contempla, na realidade, sete espécies de aves diferentes – que, podemos dizer, são parentes distantes do pavão, originário da Ásia. As principais características do jacu são as bordas esbranquiçadas nas penas da cabeça, pescoço, manto e peito; e uma espécie de “barba” vermelha em sua garganta.
Moradores da Floresta
A websérie “Moradores da Floresta” vem disponibilizando, desde o ano passado, nos canais oficiais do WWF-Brasil, vídeos trazendo imagens exclusivas da biodiversidade encontrada no interior da Reserva Extrativista (Resex) Chico Mendes, no Acre.
Alguns dos filmes já lançados mostraram a pacarana (Dinomys branickii), a anta (Tapirus terrestris), alguns canídeos e tamanduás da Amazônia.
Os “flagras” são feitos por meio de armadilhas fotográficas - câmeras normais, equipadas com melhorias tecnológicas e apropriadas para o ambiente selvagem. Elas ficam escondidas e amarradas em árvores, funcionando com sensores de luz. Toda vez que um animal passa pela frente do equipamento, a câmera dispara automaticamente e tira uma foto ou inicia uma gravação audiovisual.
Efeitos da exploração
O trabalho com armadilhas fotográficas é uma parceria entre WWF-Brasil e outras instituições, como a Cooperativa dos Produtores Florestais Comunitários (Cooperfloresta) e Associação de Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes em Xapuri (Amoprex).
Ele tem como objetivo monitorar as condições da biodiversidade existente na Resex Chico Mendes, que possui em seu interior trabalhos de manejo florestal e, portanto, convive com a extração controlada de madeira.
O monitoramento proporcionado pelas armadilhas fotográficas busca verificar quais impactos essa exploração tem na fauna local e que tipos de medidas podem ser tomadas para reduzir esses impactos.
O analista de conservação do WWF-Brasil Moacyr Araújo afirmou que um dos grandes benefícios deste trabalho é a quantidade de informação que ele gera e disponibiliza. “Além de obtermos imagens e informações biológicas das espécies da fauna silvestre amazônica, a série ‘Moradores da Floresta’ mostra que, mesmo numa área em regime de manejo florestal, existe uma alta diversidade de animais”, explicou.