Segundo relatório do IPBES, 1 milhão de espécies está em risco

maio, 06 2019

Perda de vida se dá em ritmo nunca antes registrado; especialistas alertam para o papel da ação humana
Por Mariana G. Menezes
 
Nesta segunda-feira (6), foi aprovado o relatório da Plataforma Intergovernamental Político-Científica sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES). Esse é o estudo mais abrangente que já foi feito sobre biodiversidade. Ele avaliou cifras impactantes sobre o declínio da biodiversidade no planeta e à aceleração que pode afetar as funções da natureza.

O número que mais chama a atenção é de perda de vida. O Relatório constata que, dos cerca de oito milhões de espécies de animais e plantas na Terra, até um milhão de espécies estão agora ameaçadas de extinção --e muitas delas se extinguirão dentro de apenas algumas décadas. 

A evidência do declínio de vegetais e animais no planeta é irrefutável e é de grande preocupação a aceleração que vem sofrendo nos últimos anos. O levantamento avaliou cerca de 15.000 artigos científicos por um período de três anos e foi compilado por 145 autores de 50 países, além de contar com a contribuição de 310 autores especialistas. 

“Em nível global, os nossos impactos agora se acumulam em escala sem precedentes e de maneira cada vez mais acelerada",  afirma co-presidente de avaliação do IPBES Eduardo Brondizio. "Mais do que isso é a interação entre as diferentes mudanças que agora estão criando o efeito cascata na sociedade e na natureza. Nós chegamos ao ponto limite de impacto a nível planetário de impacto de espécies e de várias funções da natureza.“

Os cientistas também chamam a atenção de que essas perdas vão influenciar na produção dos nossos alimentos, na ar que respiramos, na água que bebemos. No relatório também foi destacada a contribuição do conhecimento dos indígenas sobre a proteção de unidades de conservação.

Mike Barrett, diretor executivo de ciência e conservação do WWF do Reino Unido acrescenta: “O relatório do IPBES aumenta a riqueza de evidências de que a natureza está em queda livre. Estamos usando os recursos naturais do nosso planeta mais rapidamente do que eles podem ser restaurados --destruindo nosso próprio sistema de suporte à vida e colocando em risco nosso próprio futuro”
 
Situação brasileira
No Brasil, as espécies ameaçadas somam 3.286. sendo 1.173 de fauna e 2.113 de flora, segundo dados de 2014 do Ministério do Meio Ambiente. Deste total, 316 são espécies que não tem qualquer instrumento de proteção oficial. Ou seja, não estão em Unidades de Conservação, não têm Plano de Ação Nacional, não estão incluídas em nenhuma outra medida de proteção.
 
No mapeamento das principais ameaças no Brasil temos o seguinte cenário: 77% são perda e degradação de habitat; 15% são extração direta (coleta, caça e pesca) e  3% são espécies exóticas.

O que é o IPBES
IPBES é a sigla, do inglês para Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos – IPBES (convencionou-se pronunciar ip-bis). Segundo o site da Plataforma Brasileira (PBES), "assim como a Plataforma do Clima, IPCC, a IPBES é um órgão independente. Ela foi criada em atendimento às demandas dos governos. É coordenada por meio da parceria de quatro agências das Nações Unidas (PNUMA, UNESCO, FAO e PNUD)".

É composta por 127 países membros, com o objetivo de subsidiar com conhecimento científico as tomadas de decisões que envolvam a conservação da biodiversidade, bem-estar humano e desenvolvimento sustentável.​
Floresta amazônica, Brasil.
Degradação do habitat é uma das principais causas de perda de espécie no Brasil. Por isso, precisamos proteger nossas florestas
© Paul Forster / WWF
A Onça-pintada, maior felino do continente americano e maior predador terrestre do Brasil, corre enorme risco de desaparecer do bioma Mata Atlântica, tendo sua população no Parque do Iguaçu diminuída de 180 para 18 indivíduos em apenas 20 anos.
© Michel Gunther_WWF
A perda de vida está se dando em ritmo acelerado, sem precedentes
© Foto: Arquivo WWF
Muriqui-do-Sul (Brachyteles arachnoides), Parque Carlos Botelho – São Miguel Arcanjo/SP
© WWF-Brasil / Adriano Gambarini
Batizado em homenagem à belíssima serra que se estende ao longo do rio Pardo, o Parque possui grande diversidade biológica.
© Adriano Gambarini/WWF-Brasil
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