30 anos com Chico Mendes
dezembro, 14 2018
Para celebrar a história de luta do seringueiro, Encontro Chico Mendes 30 Anos estimula o protagonismo da juventude extrativista para a conservação socioambiental.
Evento será realizado em Xapuri (AC) de 15 a 17 de dezembro
Para celebrar a história de luta do seringueiro, Encontro Chico Mendes 30 Anos estimula o protagonismo da juventude extrativista para a conservação socioambiental. Evento será realizado em Xapuri (AC) de 15 a 17 de dezembroPor Frederico Brandão
O ano de 2018 marca os 30 anos da morte de Chico Mendes, o maior defensor da floresta amazônica brasileira. Para celebrar a história de luta do seringueiro, o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), com o apoio de diversas organizações, organiza o Encontro Chico Mendes 30 Anos, entre os dias 15 a 17 de dezembro, no município de Xapuri (AC), terra onde o seringueiro nasceu e viveu.
O Encontro acontece anualmente, desde o assassinato do líder ambientalista, em 22 de dezembro de 1988, e é um importante momento para celebrar seu sólido legado de luta e de preservação das florestas brasileiras. As atividades organizadas normalmente relembram a trajetória de Chico Mendes.
Este ano, o tema será “Uma memória a honrar, um legado a defender”, tendo como foco principal o estímulo ao protagonismo do jovem extrativista em defesa das pautas socioambientais nos estados da Amazônia.
Está prevista a participação de 500 pessoas, entre lideranças vindas de todos os estados da Amazônia e populações tradicionais do Acre, representantes de governos, organizações não governamentais, e de instituições parceiras do CNS e dos povos da floresta, nacionais e internacionais. Além disso, estarão presentes amigos e companheiros de Chico Mendes, e de um grande número de mulheres e jovens extrativistas, da Amazônia e de outras partes do Brasil.
“A juventude extrativista se mobiliza para formar novos líderes que reconhecem e valorizam a importância das unidades de conservação para o desenvolvimento sustentável do País, assim como o conhecimento tradicional, o uso sustentável dos produtos da floresta. Um grande legado do socioambientalismo brasileiro e mundial”, explica Ricardo Mello, coordenador do Programa Amazônia do WWF-Brasil.
O Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) é uma organização fundada por Chico Mendes e seus companheiros no ano de 1985 para defender os seringueiros, os indígenas e os povos da floresta. Além do Conselho, o Encontro conta ainda com a parceria de organizações históricas como o Comitê Chico Mendes, o Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA), o Instituto de Estudos Amazônicos (IEA), o Memorial Chico Mendes, além do Governo do Acre, da Prefeitura de Xapuri, do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais (STTR) de Xapuri, e diversas organizações não governamentais brasileiras, entre elas, o WWF-Brasil.
Programação
A programação do Encontro prevê atividades artístico-culturais com lançamentos de livros, mostra de vídeos e filmes, feira de produtos extrativistas, além de palestras e mesas de diálogo com pessoas que conviveram e fizeram a luta com Chico Mendes.
A abertura do evento, no sábado, 15 de dezembro, contará com a participação especial de Lívia Mamede Mendes, bisneta de Chico Mendes, que fará a leitura de um poema. Uma das atividades mais aguardadas será a leitura coletiva da “Carta de Xapuri”, documento produzido pelos jovens extrativistas, durante o Seminário da Juventude em Brasília, e que marcará o compromisso das pessoas presentes, em especial da juventude da floresta, com a defesa dos ideais de Chico Mendes para os próximos 30 anos.
Ainda estão previstas a entrega do Prêmio Chico Mendes, pelo governo do Acre, romaria ao túmulo de Chico Mendes, uma tarde dedicada a ouvir as vozes das Mulheres da Floresta, assim como a inauguração da Exposição “Chico Mendes Herói do Brasil”, na sede do STTR Xapuri.
Conquistas
Celebrado mundialmente por seu ativismo ambiental, Francisco Alves Mendes Filho, conhecido como Chico Mendes, foi seringueiro, ativista político e um dos maiores defensores das florestas brasileiras.
Liderou os empates, método de resistência pacífica criado pelos seringueiros para impedir o desmatamento dos seringais na década de 70, quando grupos chegavam com motosserras para derrubar a floresta e nela implantar pastagens para as criações de gado. Entre os anos de 1976 a 1988, há registros de que os seringueiros promoveram 45 empates, dos quais o movimento contabilizou 30 derrotas e 15 vitórias.
Chico Mendes foi pioneiro e inovador ao formular o conceito das reservas extrativistas (Resex) da Amazônia, que depois foi expandido para outros biomas brasileiros. Após a criação das quatro primeiras Resex do Brasil, em 1990, a expansão dos territórios de uso comum, federais e estaduais, cresceu e hoje corresponde a 92 unidades apenas na Amazônia, que se dividem em reservas extrativistas e reservas de desenvolvimento sustentável.
A luta do ambientalista ainda inspirou a criação de uma série de programas e leis ambientais, como: o Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG7); o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAM); o Programa de Subsídio Estadual da Borracha, a partir da Lei n° 1.277/ 1999, conhecido como a Lei Chico Mendes; o Plano Nacional da Biodiversidade; o Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa); a Lei da Biodiversidade (Lei n° 13.123), além de dar seu nome ao principal órgão do governo para a gestão de unidades de conservação federais: o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Serviço:
Encontro Chico Mendes
Data: De 15 a 17 de dezembro de 2018
Local: Xapuri (AC)