Chefes de áreas protegidas de Bolívia, Brasil e Peru se reúnem

setembro, 26 2018

Oficina no Acre discutiu a proteção e uso sustentável de uma área na Amazônia de mais de 128 mi de quilômetros quadrados
Por José Luiz Cerqueira*
 
Proteger as florestas da Amazônia nas áreas de fronteira é um dos maiores desafios dos países e organizações sul-americanas. Além das enormes distâncias existentes no bioma, uma série de outros problemas dificultam uma atuação única, integrada e coesa, que possa garantir a conservação dos recursos naturais e dos serviços ambientais naquela região.  
 
Para minimizar esses problemas, desde 2008 uma série de organizações está envolvida no projeto IAPA – Integração das Áreas Protegidas da Amazônia. Por meio desta iniciativa, financiada pela União Europeia, busca-se criar uma rede de trabalho e suporte às áreas protegidas da região.
 
As instituições envolvidas nesta iniciativa são o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a Rede Latino-americana de Cooperação Técnica em Parques Nacionais (RedParques), a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). O WWF participa desta mobilização – e os escritórios no Brasil, Colômbia, Peru e Equador são atores ativos neste processo.
 
Debates e discussões
 
A mais recente oficina deste projeto ocorreu em Rio Branco (AC), em setembro. Na ocasião, chefes de áreas protegidas e diretores dos Sistemas Nacionais e Estaduais de Áreas Protegidas discutiram como trabalhar melhor em conjunto.
 
Foi realizada uma avaliação de possíveis sistemas de governança a serem testados pelas organizações gestoras de áreas protegidas. Houve ainda um debate, com base em casos práticos e projetos em andamento, de como inserir ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas nos instrumentos de planejamento e gestão dessas áreas protegidas.
 
Além disso, representantes de universidades, comunidades tradicionais, organizações não governamentais e pesquisadores também participaram desse debate.  Economia verde, trabalho com comunidades locais e problemas encontrados na gestão das áreas protegidas estão entre os temas discutidos.
 
Em foco nos debates a “Paisagem Sul” formada por cinco áreas protegidas: Reserva Nacional de Vida Silvestre Amazónica Manuripi, na Bolívia; Parque Nacional Alto Purús e Reserva Comunal Purús, no Peru; e Parque Estadual Chandless e Reserva Extrativista Cazumbá-Iracema, no Brasil. 
 
Essa região é importante por possuir uma grande diversidade de ecossistemas e culturas de povos tradicionais; assim como por abrigar e proteger as cabeceiras e nascentes de grande rios e bacias hidrográficas da Amazônia. Além disso, a região oferece oportunidades de economia sustentável para comunidades locais.
 
Integração
 
De acordo com a responsável pelo planejamento e monitoramento da Visión Amazónica – a organização que representa o WWF na Colômbia - Ana Isabel Martínez, a oficina foi de grande importância por possibilitar que os atores sociais se engajassem na gestão compartilhada daquela área de fronteira.
 
“Discutimos diversos temas, nos aspectos social, econômico e ambiental. Também conhecemos análises técnicas e científicas que trouxeram dados sobre o bioma amazônico e planos interessantes, que vão nos ajudar a desenvolver ações de mitigação e adaptação às mudanças climáticas”, explicou Ana Isabel.
 
O analista de conservação do WWF-Brasil, Moacyr Araújo, contou que um dos grandes resultados do encontro foi a integração entre os diferentes atores sociais. “Esta reunião promoveu a integração direta dos envolvidos, ajudando neste processo de trabalharmos de maneira coordenada. Avaliar os planos de trabalho conjuntamente também foi um momento muito rico, de poder acompanhar e avaliar o que está sendo feito nas áreas protegidas com as quais trabalhamos”, disse.
 
Para os próximos meses, o projeto IAPA prevê a realização de um seminário de experiências inovadoras na gestão de áreas protegidas na Amazônia e uma sistematização dos principais resultados e impactos obtidos pelo programa, a serem compilados no primeiro trimestre de 2019.
 
Cooperação internacional
 
O WWF-Brasil entende que o trabalho transfronteiriço (ou seja, realizado na região entre as fronteiras dos países), é de vital importância para a conservação dos biomas e recursos naturais – afinal, a natureza e seus fenômenos, assim como os problemas ambientais, não conhecem fronteiras geográficas e se espalham por cidades e países diferentes.
 
Na Amazônia, o WWF-Brasil trabalha com o conceito de paisagem transfronteiriça MAP (Madre de Díos, Acre e Pando), que prevê o trabalho conjunto entre Peru, Brasil e Bolívia.
 
 
*Estagiário sob supervisão de Jorge Eduardo Dantas e Denise Oliveira
Oficina ocorrida em Rio Branco (AC) discutiu a proteção e uso sustentável de uma área de mais de 128 milhões de quilômetros quadrados compartilhada pelos três países
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Desde 2008, uma série de organizações está envolvida no projeto IAPA – Integração das Áreas Protegidas da Amazônia
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