Projeto busca reduzir problema de assoreamento na Bacia do Ribeirão Jequitibá

outubro, 06 2017

Iniciativa visa conservação e restauração de estradas vicinais para evitar escoamento de água e assoreamento de rios na região
Por Letícia Campos

Com a aproximação do período chuvoso e os riscos apresentados ao meio ambiente pelas estradas de terras, o Projeto Bacias tomou a iniciativa de oferecer um curso de conservação e recuperação de estradas vicinais para prefeituras, órgãos ambientais e os responsáveis pela manutenção das rodovias de terra de cinco municípios, localizados próximos à Bacia do Ribeirão Jequitibá-MG, região em que o WWF-Brasil atua em parceria com Ambev, Emater, Embrapa e vários outros parceiros locais.

A intenção foi justamente transmitir um conjunto de orientações técnicas necessárias que possibilitem melhorias substanciais nesse tipo de estrada, permitindo não só a trafegabilidade segura, mas minimizando os impactos de erosões, voçorocas e assoreamento dos rios.

Prefeitos, secretários de meio ambiente, engenheiros, geólogos e encarregados que trabalham nesse campo manifestaram satisfação de participar da oficina nesta quarta-feira (4), em Sete Lagoas, alegando que adotarão as técnicas que consideram os materiais naturais disponíveis e garantem, sobretudo, regularização, compactação e aderência da pista, boas condições de escoamento e infiltração da água no solo.

Humberto Fernando Campelo Reis, prefeito de Jequitibá disse que, muitas vezes, o município “choveu no molhado” implantando as estradas vicinais com deficiências de drenagem, o que agravou o problema de assoreamento dos córregos.

“No ano passado nós trabalhamos em mais de 200 desassoreamentos na região, comprovando a necessidade de aperfeiçoar a metodologia aplicada nas construções e manutenções das estradas. Esse curso foi muito importante, pois trouxe uma nova visão. Pretendemos replicar a capacitação para os servidores e investir ainda mais na construção de barraginhas, para dar saída lateral para a água não escoar mais sobre a pista, de maneira a conter o problema”, concluiu.

Além da parte teórica, os 35 participantes tiveram a oportunidade de ver um exemplo prático da implementação de uma estrada e sete barraginhas no terreno atrás da fábrica da Ambev.

Projeto Bacias: parceria entre WWF-Brasil e Ambev

O estado de conservação da Bacia do Ribeirão Jequitibá em consequência da má alocação das estradas, que tem sido uma das principais causas de assoreamento, foi um dos pontos identificados no Plano Diretor da Bacia do Rio das Velhas desde 2015 e confirmado no Zoneamento Ambiental e Produtivo (ZAP), diagnóstico realizado pela Emater em 2016.

De acordo com Rosana Rezende, analista de conservação do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, “o Projeto Bacias viu a oportunidade de oferecer esse primeiro curso e contribuir para a formação de uma cultura de cuidado com as estradas antes de iniciar o período de chuva, fato que irá refletir diretamente na melhoria da recarga hídrica e contribuir para reverter os riscos de disponibilidade de água em Sete Lagoas e no entorno”.

No contexto de Minas Gerais, o estado já sofre com o declínio das chuvas desde 2003. O aumento do consumo de água pela população e a necessidade de irrigação na agropecuária pelas incertezas climáticas cria um cenário de crise hídrica sem precedentes.

Belo Horizonte já faz transposição de águas em outras bacias para não sofrer com desabastecimento, mesmo com aumento de tarifas. Já Sete Lagoas, por ser uma área cárstica, extremamente pobre de águas superficiais e rios caudalosos, já viu uma de suas lagoas secarem.

Vinicius Aguilar, gerente de meio ambiente da Ambev, ressalta que “atualmente, a preocupação recorrente com a degradação e escassez dos recursos hídricos no planeta, gera discussões e debates que visam balizar novas ações voltadas ao planejamento e manejo adequado dos mesmos. Nesse sentido, nós trabalhamos na consciência que a empresa deve ter frente ao desafio global de manter os recursos hídricos e entender melhor a sua dependência e os riscos associados ao uso da água”.

Para conseguir o resultado esperado, o Projeto foi dividido em três etapas – diagnóstico, implementação de ações e sustentabilidade – e considera a metodologia de Water Stewardship, que vem sendo aplicada em várias regiões do mundo junto a diferentes segmentos empresariais do setor privado, instituições financeiras e investidores e na qual a rede WWF possui grande experiência.

Além do curso e da conservação e recuperação da estrada vicinal na fábrica da Ambev promovido pela Emater, o Projeto Bacias realizará, ainda em 2017, a implantação de fossas ecológicas, construção de unidades demonstrativas, proteção de nascentes e restauração de áreas degradadas.
O curso transmitiu orientações técnicas para melhorias em estradas vicinais, permitindo a trafegabilidade segura e minimizando impactos de erosões, voçorocas e assoreamento dos rios
© Letícia Campos/WWF-Brasil
Durante o evento, os 35 participantes tiveram a oportunidade de ver um exemplo prático da implementação de uma estrada e sete barraginhas no terreno atrás da fábrica da Ambev
© Rosana Rezende/WWF-Brasil
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