Estudo mostra soluções de financiamento para conter o desmatamento

dezembro, 14 2021

Blended Finance traz caminhos para uma produção agrícola mais sustentável
Por Daniely Lima

O ritmo crescente do desmatamento no Brasil acende um alerta ao mesmo tempo em que ressalta a importância e urgência de soluções para este cenário. Por isso, o estudo “Blended Finance para Zero Conversão”, uma iniciativa do WWF-Brasil realizada em parceria com a SITAWI, buscou encontrar caminhos para que cadeias produtivas, como soja e pecuária, contem com instrumentos financeiros que incentivam uma atividade mais sustentável e melhor aproveitamento dos recursos.

Entre os conteúdos da publicação, que foi lançada no mês de outubro na Semana Mundial do Investidor, estão os conceitos básicos do Blended Finance, além do panorama do agro, abordagens para uma agricultura mais sustentável, desafios e lacunas de financiamento, o cenário do desmatamento no Brasil, análises de exemplos de casos reais e recomendações.

O estudo define Blended Finance como uma abordagem de financiamento misto que faz uso de capital público ou filantrópico para estimular o investimento do setor privado, promover o desenvolvimento sustentável. O objetivo é reduzir o risco e potencializar negócios e projetos com enfoque socioambiental atrelados aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na forma de transações de Blended Finance possuem três principais características: o Impacto, que inclui o social, ambiental e desenvolvimento econômico sustentável; o Retorno financeiro, alinhamento com as expectativas de mercado e baseado no risco percebido; e a Alavancagem, que significa o uso do capital público ou filantrópico para atrair e mobilizar capital privado.

Para um Analista de Conservação e especialista em Finanças Verdes do WWF-Brasil, Eduarda Thurler, com o estudo “é possível através de casos concretos, demonstrados que a combinação de diferentes tipos de capital, sejam eles com fins comerciais, de desenvolvimento ou filantrópicos, pode desenvolver estruturas que promovam fluxos financeiros em prol de uma economia mais verde, com foco no zero desmatamento ”, afirma.

Ainda segundo a analista, a publicação mostra a importância para a zero conversão e promoção de uma agenda ASG, que significa Ambiental, Social e de Governança, ou como é conhecida internacionalmente, ESG (Environmental, Social and Governance). 

De acordo com o Relatório do Mapbiomas (2021), Amazônia e Cerrado foram os principais biomas afetados pela conversão, respondendo por mais de 91% da área desmatada em 2020. Entre os principais motivos, estão a expansão das pastagens e terras agrícolas.

Segundo o estudo cerca de 90% da pecuária no Brasil baseia-se em sistemas de produção com uso mínimo de tecnologia e baixo investimento em técnicas de conservação do solo, qualificação de pastagem e gestão animal.

Para a Analista de Finanças Sustentáveis ​​da SITAWI, Júlia Ferrato, blended finance seria um caminho para superar o desafio da escassez de recursos para alavancar práticas regenerativas na agricultura. “Essas estruturas de financiamento combinado têm potencial de destravar o capital privado, construir casos de sucesso e, com o tempo, ganhar escalabilidade”, explica Júlia.

Conheça Blended Finance para Zero Conversão no link .
 
Blended Finance traz caminhos para uma produção agrícola mais sustentável
© Adriano Gambarini/WWF-Brasil
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