Mais preparados para salvar os animais de incêndios
junho, 25 2021
Pelo segundo ano consecutivo, WWF-Brasil faz doação de equipamentos de manejo de fauna ao Centro de Recuperação de Animais Silvestres (CRAS), de Mato Grosso do Sul. O objetivo é ajudar a estruturar a entidade para melhor atender vítimas do fogo, evitando a situação de calamidade enfrentada em 2020
Pelo segundo ano consecutivo, WWF-Brasil faz doação de equipamentos de manejo de fauna ao Centro de Recuperação de Animais Silvestres (CRAS), de Mato Grosso do Sul. O objetivo é ajudar a estruturar a entidade para melhor atender vítimas do fogo, evitando a situação de calamidade enfrentada em 2020
A Agência Nacional de Águas (ANA) aponta que a estiagem na região do Pantanal este ano deve ser ainda pior que a do ano passado. Outro sinal de alerta é o fato de que a atual estação chuvosa, que está chegando ao fim, teve o menor índice de precipitação em 10 anos, de acordo com técnicos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Ou seja, a previsão para o inverno de 2021 no Pantanal não é animadora, principalmente para quem viu de perto os estragos causados em 2020, quando a seca e as queimadas ilegais desencadearam incêndios que dizimaram mais de 27% da área do bioma no Brasil, causando danos inestimáveis à paisagem, às comunidades locais e à biodiversidade.
Diante desse cenário, os esforços de organizações da sociedade civil e de órgãos governamentais têm sido direcionados para minimizar os possíveis prejuízos à fauna e à flora, bem como às comunidades locais. Treinamentos de brigadas de incêndio, por exemplo, estão entre as medidas. Mas também é importante equipar os grupos que atuam junto à população e na conservação da fauna. Em função disso, o WWF-Brasil segue trabalhando em ações de prevenção. No início de junho, entregou 56 itens para contenção e transporte de animais ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), que é ligado ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), no valor de cerca de R$ 50 mil.
Entre os itens estão puçás, caixas de contenção de diferentes tamanhos, para espécies distintas, e outros materiais, como luvas para os profissionais. “São equipamentos que utilizamos na nossa rotina para contenção e transporte de animais”, salienta a veterinária Aline Bitencourt de Oliveira Duarte, coordenadora do CRAS. “Com a doação, conseguiremos cuidar melhor deles e transportá-los com mais conforto. Esse tipo de equipamento foi essencial no trabalho do ano passado, em que muitos estavam feridos pelo fogo”, acrescenta.
Localizado em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, foi do CRAS que saíram algumas das imagens que melhor traduziram os danos à fauna pantaneira e que repercutiram mundo afora em 2020: diversas espécies de animais com queimaduras, como um tamanduá-bandeira que recebeu tratamento inédito de pele de tilápia para o ferimento, mas que acabou morrendo de pneumonia devido à inalação da fumaça.
A Agência Nacional de Águas (ANA) aponta que a estiagem na região do Pantanal este ano deve ser ainda pior que a do ano passado. Outro sinal de alerta é o fato de que a atual estação chuvosa, que está chegando ao fim, teve o menor índice de precipitação em 10 anos, de acordo com técnicos do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). Ou seja, a previsão para o inverno de 2021 no Pantanal não é animadora, principalmente para quem viu de perto os estragos causados em 2020, quando a seca e as queimadas ilegais desencadearam incêndios que dizimaram mais de 27% da área do bioma no Brasil, causando danos inestimáveis à paisagem, às comunidades locais e à biodiversidade.
Diante desse cenário, os esforços de organizações da sociedade civil e de órgãos governamentais têm sido direcionados para minimizar os possíveis prejuízos à fauna e à flora, bem como às comunidades locais. Treinamentos de brigadas de incêndio, por exemplo, estão entre as medidas. Mas também é importante equipar os grupos que atuam junto à população e na conservação da fauna. Em função disso, o WWF-Brasil segue trabalhando em ações de prevenção. No início de junho, entregou 56 itens para contenção e transporte de animais ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), que é ligado ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), no valor de cerca de R$ 50 mil.
Entre os itens estão puçás, caixas de contenção de diferentes tamanhos, para espécies distintas, e outros materiais, como luvas para os profissionais. “São equipamentos que utilizamos na nossa rotina para contenção e transporte de animais”, salienta a veterinária Aline Bitencourt de Oliveira Duarte, coordenadora do CRAS. “Com a doação, conseguiremos cuidar melhor deles e transportá-los com mais conforto. Esse tipo de equipamento foi essencial no trabalho do ano passado, em que muitos estavam feridos pelo fogo”, acrescenta.
Localizado em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, foi do CRAS que saíram algumas das imagens que melhor traduziram os danos à fauna pantaneira e que repercutiram mundo afora em 2020: diversas espécies de animais com queimaduras, como um tamanduá-bandeira que recebeu tratamento inédito de pele de tilápia para o ferimento, mas que acabou morrendo de pneumonia devido à inalação da fumaça.
Atendimento em meio à calamidade
Esta é a segunda doação feita pelo WWF-Brasil ao CRAS. A primeira ocorreu em 2020, no auge dos incêndios que assolaram o Pantanal, quando 70 itens, entre equipamentos e medicamentos foram entregues à entidade, que os compartilhou com outras organizações que atuavam diretamente nas áreas afetadas pelo fogo. “Estamos há pelo menos quatro horas de carro dos municípios pantaneiros, por isso, normalmente, atendemos animais silvestres feridos, perdidos ou apreendidos em regiões mais próximas à capital. Mas a situação de 2020 foi tão aterradora que as organizações mais próximas ao Pantanal não deram conta de tantos feridos e queimados e muitos foram trazidos para cá”, conta Aline. E assim chegaram animais até de Alcinópolis e Costa Rica, municípios a mais de 300 quilômetros de Campo Grande.
Ainda, durante a emergência, foi colocada em operação uma unidade móvel do CRAS, um veículo adaptado para atendimento veterinário, para socorrer animais na região do Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari (área de transição dos biomas Cerrado e Pantanal), que não precisassem de deslocamento.
Os equipamentos doados – ganchos, cambões, puçás, caixas para transporte – foram essenciais para dar conta do volume inesperado de animais que precisaram ser retirados de seu habitat para atendimento médico. “Os casos de queimaduras foram bastante expostos na mídia em geral, mas também recebemos animais intoxicados por fumaça ou com desidratação por conta do calor. Chegaram, ainda, muitos filhotes perdidos das mães na região do Pantanal e indivíduos atropelados em outras áreas, o que pode indicar que estavam fugindo do fogo”, lembra Aline.
Ainda, durante a emergência, foi colocada em operação uma unidade móvel do CRAS, um veículo adaptado para atendimento veterinário, para socorrer animais na região do Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari (área de transição dos biomas Cerrado e Pantanal), que não precisassem de deslocamento.
Os equipamentos doados – ganchos, cambões, puçás, caixas para transporte – foram essenciais para dar conta do volume inesperado de animais que precisaram ser retirados de seu habitat para atendimento médico. “Os casos de queimaduras foram bastante expostos na mídia em geral, mas também recebemos animais intoxicados por fumaça ou com desidratação por conta do calor. Chegaram, ainda, muitos filhotes perdidos das mães na região do Pantanal e indivíduos atropelados em outras áreas, o que pode indicar que estavam fugindo do fogo”, lembra Aline.
Valorização da vida selvagem
Julia Boock, especialista em conservação do WWF-Brasil, ressalta que o CRAS foi escolhido como entidade parceira em 2020 pela qualidade técnica do trabalho e visão estratégica de manter as espécies em vida selvagem. “O CRAS tem abrangência estadual e é referência no resgate de fauna. Ele oferece atendimento de saúde com alta qualidade e, sempre que possível, sem deslocar o animal de seu habitat, prestando atendimento onde ele estiver, para que seja mantido na natureza”, destaca. Quando é necessária a remoção da espécie para a sede do CRAS ou para outra organização parceira, o objetivo é sempre recuperar o indivíduo para que ele seja devolvido à natureza. “Com a doação deste ano, buscamos estruturar o Centro para fortalecer as ações de resgate, prioritariamente nas Unidades de Conservação”, completa.
Fundado em 1987, o CRAS atende cerca de 2,5 mil animais por ano e essa média se manteve em 2020. A mudança foi no perfil dos atendimentos. “No segundo semestre, em vez de recebermos animais apreendidos do tráfico, nossa estrutura foi totalmente disponibilizada às vítimas do fogo”, relata Aline. A veterinária acrescenta que, neste primeiro semestre de 2021, os atendimentos ainda estão atípicos. “Nos primeiros meses do ano costumamos receber mais aves, por conta do tráfico, mas temos atendido mais emergências e de mais espécies do que o normal. Já estamos, por exemplo, com cinco filhotes de antas perdidos ou vítimas de atropelamento, o que não é usual”, afirma. “Mas, felizmente, graças às doações, este ano estamos mais equipados e entraremos na época mais seca mais preparados”.
Atualmente, há 200 animais sendo cuidados no CRAS. “Já chegamos a abrigar, simultaneamente, 500 indivíduos. Estamos tentando, sempre que possível, acelerar a soltura dos animais para termos mais vagas em casos de emergência nos próximos meses”, diz Aline. “Esperamos que não seja necessário. Ano passado foi muito difícil”.
Fundado em 1987, o CRAS atende cerca de 2,5 mil animais por ano e essa média se manteve em 2020. A mudança foi no perfil dos atendimentos. “No segundo semestre, em vez de recebermos animais apreendidos do tráfico, nossa estrutura foi totalmente disponibilizada às vítimas do fogo”, relata Aline. A veterinária acrescenta que, neste primeiro semestre de 2021, os atendimentos ainda estão atípicos. “Nos primeiros meses do ano costumamos receber mais aves, por conta do tráfico, mas temos atendido mais emergências e de mais espécies do que o normal. Já estamos, por exemplo, com cinco filhotes de antas perdidos ou vítimas de atropelamento, o que não é usual”, afirma. “Mas, felizmente, graças às doações, este ano estamos mais equipados e entraremos na época mais seca mais preparados”.
Atualmente, há 200 animais sendo cuidados no CRAS. “Já chegamos a abrigar, simultaneamente, 500 indivíduos. Estamos tentando, sempre que possível, acelerar a soltura dos animais para termos mais vagas em casos de emergência nos próximos meses”, diz Aline. “Esperamos que não seja necessário. Ano passado foi muito difícil”.
Estratégia no Pantanal
Osvaldo Barassi Gajardo, especialista em conservação do WWF-Brasil, explica que a estratégia de resposta emergencial que a organização está implementando no Pantanal é baseada em quatro eixos: apoio a ações de combate ao fogo, como formação de brigadas comunitárias e doações de equipamentos; fortalecimento de trabalhos de atendimento e resgate de fauna; entrega de cestas de alimentos, ferramentas e sementes para a reconstrução de áreas de cultivo a comunidades impactadas pelas chamas; e pesquisas científicas, com auxílio logístico e reforço a equipes de especialistas para a melhor compreensão do impacto das queimadas e incêndios florestais na flora e fauna, permitindo assim o desenho de um plano de manejo do fogo.