Perseguição à Apib é ataque à democracia brasileira

abril, 30 2021

O governo deveria estar preocupado em controlar a pandemia, aponta nota de posicionamento do WWF-Brasil
Por WWF-Brasil

O WWF-Brasil vem a público manifestar sua indignação com a intimidação sofrida pela ativista indígena Sônia Guajajara, uma das coordenadoras-executivas da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), alvo de um inquérito aberto pela Polícia Federal.

Sob a absurda alegação de que, por meio da web-série Maracá, estaria deturpando os números de indígenas afetados pela COVID-19 e, com isso afetando a imagem do país, o inquérito, que corre sob segredo de justiça, é claramente abusivo e mostra a face autoritária do governo Bolsonaro, que não suporta vozes independentes apontando para os problemas que tenta esconder.

Essa intimidação é preocupante porque ataca a livre expressão. Não é a primeira vez, no entanto, que isso ocorre: pesquisadores, jornalistas e ativistas ambientais, como o Coordenador do Observatório do Clima, Márcio Astrini, já foram intimados a depor em função de posicionamentos públicos que fizeram.

A perseguição é um claro ataque à democracia brasileira. O governo deveria estar preocupado em controlar a pandemia que já ceifou a vida de mais de 400 mil brasileiros e não em impedir que dados independentes venham a público. Estranha que o inquérito tenha sido aberto muitos meses após a série ter sido divulgada, num momento em que o governo se vê às voltas com uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar suas ações e omissões no enfrentamento da pandemia e o colapso da saúde ocorrido no estado do Amazonas no começo do ano.

Democracia não é negociável. Sem ela não há prosperidade possível. O WWF-Brasil se solidariza com Sônia Guajajara, liderança imprescindível, assim como com a Apib e todo o movimento indígena brasileiro, igualmente atacados com esse ato abusivo.
 
A ativista indígena Sônia Guajajara é uma das coordenadoras-executivas da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil)
© Arquivo pessoal/Facebook
Posicionamento Apib contra perseguição à Sonia Guajajara
© Reprodução
DOE AGORA
DOE AGORA