Parceria inédita possibilitou coleta material para análises de laboratório
março, 25 2021
Ação com pescadores assegurou qualidade de amostras para estudo
Ação com pescadores assegurou qualidade de amostras para estudoPor Douglas Santos
Na região de Canavieiras, na Bahia, uma parceria inédita entre universidades, comunidades de pescadores e gestores de UCs (Unidades de Conservação) encurtou distâncias e possibilitou avanços importantes para a análise de pescados. Essa é a história do quinto episódio do especial “Vidas Sob o Mar de Petróleo”.
Os pescadores contribuíram com o conhecimento local sobre onde e quais os peixes e crustáceos produzidos e consumidos na região. Os pesquisadores e as universidades entraram com a estratégia para análise dos contaminantes. E os gestores das UCs cuidaram da articulação entre as frentes de trabalho.
Mostrando que #JuntosÉPossível eles criaram um sistema que permitiu aos pescadores e à comunidade de Canavieiras coletar amostras científicas de maneira simples, rápida e eficiente.
O sistema consiste, primeiramente, em listar quais espécies são consumidas e pescadas na região. Depois, os pescadores retiravam amostras de três estuários e três pontos em mar aberto, indicados pelos pesquisadores. O material coletado era armazenado em papel alumínio e sacolas plásticas, congelado e, então, mandado de avião para análise nos laboratórios.
Uma segunda etapa foi garantir que as amostras coletadas fossem analisadas pelo Laboratório de Geoquímica Orgânica da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), que, com o apoio do ICMbio e do Núcleo de Estudos de Manguezais, processaram mais de 70 amostras. O modelo cooperativo funcionou e apontou que, de todas as espécies coletadas, nenhuma apresentou risco para o consumo dos pescados.
Segundo os cientistas, esse resultado é fruto do trabalho duro e corajoso da comunidade para conter os efeitos do derramamento e garantir a segurança dos pescadores, consumidores e de toda a comunidade. “Apesar do vazamento, hoje a situação do Brasil é a mesma. Existem grupos de pesquisa no país com expertise para atuar em eventos como esse, mas ainda não há integração entre esses grupos. O país precisaria avançar na criação de um órgão para coordenar essas ações ao longo de toda a costa”, afirma Luiz Paulo Assad, oceanógrafo e professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que atua no departamento de meteorologia e é professor colaborador do programa de engenharia-civil da COPPE (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia).
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