Estudo aponta que 2020 será um dos três anos mais quentes da história

dezembro, 02 2020

Temperatura média global está cerca de 1,2°C acima do nível pré-industrial
Temperatura média global está cerca de 1,2°C acima do nível pré-industrial

Por WMO


Segundo dados anunciados nesta quarta (2/12) pela Organização Meteorológica Mundial (WMO, da sigla em inglês), o ano de 2020 deve terminar como sendo um dos três mais quentes da história. O relatório Estado do Clima Global 2020, coletou dados de janeiro a outubro de 2020 e traz números preocupantes. 

Mais de 80% da cobertura marinha do planeta sofreu ondas de calor em algum momento de 2020, com repercussões principalmente nos ecossistemas que já sofriam com maior acidez devido à absorção de CO2 (dióxido de carbono), de acordo com o relatório preliminar da WMO. 

“A temperatura média global em 2020 está definida em cerca de 1,2°C acima do nível pré-industrial (1850-1900). Há pelo menos uma chance em cinco de que ela exceda temporariamente 1,5°C até 2024”, comentou o Secretário-Geral da WMO, o prof. Petteri Taalas. 

“Neste ano comemoramos o 5º aniversário do Acordo de Paris. Saudamos todos os compromissos recentes dos governos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, porque atualmente não estamos no caminho certo e mais esforços são necessários”, reforçou. 

A crise climática continuou em 2020, mesmo com a pandemia global de Covid-19. Segundo o relatório, a década de 2011 a 2020 será registrada como a mais quente da história, sendo os seis anos mais quentes todos registrados a partir de 2015. 

Impacto direto nas pessoas 
O estudo, que tem a contribuição de dezenas de organizações internacionais e especialistas, mostra o impacto de eventos extremos como secas, ondas de calor, ondas de frio, tempestades, chuvas e nevascas pesadas. Isso pode causar ou intensificar outros eventos de grande impacto, como inundações, deslizamentos, incêndios florestais e avalanches, que afetam cada vez mais pessoas no mundo, aumentando o risco para a saúde e segurança delas, além de ameaça à estabilidade econômica. 

Só na região norte do Oceano Atlântico, por exemplo, em 2020 foram 30 grandes furacões registrados até 17 de novembro, na maior temporada registrada na história dos Estados Unidos. O último registrado, o Iota, também foi o mais intenso, alcançando a categoria 5.  

Secas intensas afetaram boa parte do interior da América do Sul em 2020, sendo as piores regiões ao norte da Argentina e do Paraguai e na fronteira com o Brasil. A perda estimada para a agricultura é de quase R$ 16 bilhões só no Brasil. 

Eventos climáticos e meteorológicos como esses desencadearam movimentos populacionais significativos e afetaram gravemente pessoas vulneráveis, principalmente na América Central e na região do Oceano Pacífico, segundo o relatório. 

Cenário em meio à pandemia 
Mesmo com a pandemia de Covid-19 e o isolamento em diversas partes do mundo, a concentração de GEE (Gases de Efeito Estufa) na atmosfera continuou crescendo, comprometendo o planeta com o aquecimento global por muitas gerações ainda por vir, graças à longa vida útil do CO2 na atmosfera. 


Gráfico da Organização Meteorológica Mundial mostra a diferença de temperatura média anual global em relação às condições pré-industriais. 

“Anos com recordes de temperatura normalmente coincidem com grandes eventos climáticos relacionados ao fenômeno do El Niño, como em 2016. Neste ano, estamos experenciando o La Niña, que em geral tem um efeito de resfriar as temperaturas globais, mas não foi suficiente para controlar o calor deste ano. Apesar das condições do La Niña, este ano já mostrou um calor quase recorde comparável ao recorde anterior de 2016”, completou o prof. Taalas. 

O relatório final Estado do Clima Global 2020 será publicado em março de 2021 pela WMO. Já a versão preliminar está disponível, em inglês, para download.
Temperatura média global está cerca de 1,2°C acima do nível pré-industrial
© chuttersnap
Relatório Estado do Clima Global 2020 é realizado pela Organização Meteorológica Mundial (WMO, da sigla em inglês)
© World Meteorological Organization
Queimada ilegal às margens da BR-364
Secas e queimadas são alguns dos eventos climáticos extremos que podem afetar diretamente as pessoas
© WWF-Brasil/Bruno Taitson
A perda estimada para a agricultura brasileira neste ano por conta da seca é de quase R$ 16 bilhões, por exemplo
© André Dib/WWF-Brasil
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