Cidades e oceanos: como esta relação pode ser mais saudável

março, 31 2020

Hora do Planeta debate formas de como podemos ajudar os oceanos de nossas casas

Por Ana Duarte
 

Em um formato inédito, a Hora do Planeta foi realizada de forma digital este ano. Foram mais de trinta convidados que participaram de diversos painéis com assuntos voltados ao meio ambiente e atual contexto durante 12 horas de transmissão.
 
O painel Cidades e oceanos: como esta relação pode ser mais saudável debateu como pequenas mudanças na nossa rotina podem ajudar na conservação dos oceanos. Participaram da mesa Anna Carolina Lobo, gerente de conservação do WWF-Brasil, Barbara Veiga, fotógrafa, autora do livro "Sete Anos em Sete Mares" e co-fundadora da Liga das Mulheres pelos Oceanos, e Enrico Marone, oceanólogo e gerente de comunicação e marketing da Associação Rare Brasil.


Após viver sete anos em alto mar e ser uma das fundadoras da Liga das Mulheres pelos Oceanos, Barbara Veiga comenta que a ligação da cidades com os oceanos é mais direta do que parece. O aquecimento dos oceanos, mudanças climáticas, poluição dos mares e exploração dos recursos marinhos começa com o hábito de quem vive nas cidades. E pequenas mudanças na rotina são transformadores. “Escolher um produto com certificado de sustentabilidade, evitar o uso de plástico e entre outras pequenas ações se adotadas de maneira coletiva são importantes para a conservação”, diz.

A conexão das pessoas com os oceanos nem sempre é óbvia disse o oceanólogo e gerente de comunicação e marketing da Rare Brasil, Enrico Marone, ressaltou a importância de se pensar a relação da vida terrestre com a vida marinha. “A vida no planeta surgiu no mar, ele é fundamental para a manutenção da vida no planeta. Isso é indiscutível. Os oceanos são responsáveis por produzir mais de 70% do oxigênio da atmosfera e também produzem alimento para grande da população por meio de pescados e frutos do mar. A vida marinha é indispensável para a vida na Terra", afirma Marone.

O que comemos pode ajudar a conservar os oceanos. Um exemplo é buscar pescados de origem sustentável. Segundo Enrico, o consumo de peixe está gradativamente aumentando ao longo dos anos, o que pode ser explicado pelo aumento da população global. No Brasil, afirmou, que a pesca artesanal é de extrema importância para o país, uma vez que “a cada 200 brasileiros um dele é pescador e 90% desse grupo é formado por pescadores de pequena escala”.

O Brasil é um dos maiores consumidores de carne de tubarão e raias no mundo. “O cação, que na verdade é tubarão, tem uma função extremamente importante na vida marinha. É o equivalente a onça-pintada são os tubarões para o mar, são animais topo de cadeia que auxiliam na regulação de todo o ecossistema. Importante o consumidor buscar informações sobre a origem do pescado, para saber se o produto não está em período de defeso”, afirma Anna Carolina.
 

Podemos também impactar positivamente os mares e oceanos mudando a nossa forma de consumir. “O nosso relacionamento com o mundo precisa ser repensado”, afirmou. “Você precisa saber a procedência do alimento que compra, como você age ao consumir, como você escolhe a empresa e se investiga de onde vem esses produtos”, afirmou Veiga.
 
Também podemos usar nossa força de consumidor e cidadão cobrando governo, empresas e órgãos reguladores para que compartilhem metas de sustentabilidade. “Podemos fazer pressão na sociedade e no governo para saber se essas metas estão sendo cumpridas. Existem várias formas do cidadão se relacionar com o oceano de um jeito mais sustentável. É impossível não consumir, mas podemos repensar o que nós consumimos no dia-a-dia”, completou Bárbara.
 
Anna Carolina também abordou a questão de como o descarte impróprio do plástico e o consumo das pessoas afetam as espécies marinhas e o oceano. “As pessoas podem buscar as alternativas que já existem no mercado. Existem substitutos para os canudos plásticos, sacolas e outros. Existem até lojas que são 100% plastic free. As mudanças começam nas pequenas atitudes diárias”, afirma Anna Carolina. Para Bárbara, “o plástico e o lixo atravessam o oceano, não importa mais onde você está. O descarte é uma questão muito séria para trabalharmos principalmente nesse tempo de quarentena”, diz.
 
Sobre a Hora do Planeta
Promovido desde 2007 pelo WWF, o movimento Hora do Planeta tem como objetivo chamar a atenção para as questões ambientais e reafirmar o compromisso de todos os setores da sociedade (empresas, governos, comunidade acadêmica e sociedade civil em geral) na luta contra o agravamento das mudanças climáticas, além sensibilizar todas as pessoas para esse assunto que diz respeito a cada um de nós.
 
Em 2020, para priorizar o cuidado com a saúde da população brasileira e em cooperação com toda sociedade para evitar o aumento no contágio do coronavírus, o WWF-Brasil decidiu substituir eventos físicos por um conjunto de atividades e manifestações online no Festival Digital Hora do Planeta 2020 – Use Sua Voz Pela Natureza.
Painel Oceanos durante a Hora do Planeta 2020
© WWF Brasil
Barbara Veiga em expedição oceânica
© Divulgação
Enrico Marone durante viagem à Antártica
© Divulgação
Anna Carolina em Galápagos
© Divulgação
DOE AGORA
DOE AGORA