Inovando na cozinha: sustentabilidade da compra ao descarte
março, 30 2020
A Hora do Planeta quer transformar sua relação com os alimentos sem desperdício
A Hora do Planeta quer transformar sua relação com os alimentos sem desperdícioPor Mariana Gutiérrez de Menezes
Para conscientizar sobre o consumo e desperdício de alimentos, o painel Inovando na Cozinha: Sustentabilidade da Compra ao Descarte recebeu a chef e empreendedora do projeto Favela Orgânica, Regina Tchelly, a nutricionista da Associação Prato Cheio, Claudia Jeovane, e a coordenadora de conservação do WWF-Brasil, Carolina Siqueira, durante o Festival Digital da Hora do Planeta 2020.
Gostoso, divertido e recheado de dicas de planejamento, compras conscientes, uso integral dos alimentos e armazenamento, o bate-papo teve o objetivo de ajudar as pessoas sairem menos de casa nesta quarentena ao mesmo tempo que mostrou que não é necessário estocar comida, evitando que falte para outras pessoas.
O projeto Favela Orgânica trabalha com todo o ciclo da alimentação, desde o plantio caseiro até seu uso na gastronomia alternativa, tendo como objetivo modificar e transformar nossa relação com os alimentos, “democratizando a comida para que todo mundo, sem distinção de classe social e cor consiga alimentar-se de forma gostosa, nutritiva e com muito respeito para quem come, para quem faz e para o meio ambiente”, apontou Regina Tchelly.
É fato que existe preconceito com cascas, talos e sementes que muitas vezes são descartados pois são considerados inúteis. Algumas das sugestões de Regina são o uso da casca da melancia para fazer uma cocada ou um risoto; a casca de abóbora pode ser utilizada em uma receita de quiche parecido com o camarão e a casca de batata doce substituindo o peito de frango desfiado no salpicão.
“Antigamente as pessoas se reuniam para falar sobre comida. Hoje em dia ninguém faz isso, e as pessoas comem sem nem saber o que estão comendo”, finalizou a chef.
Por outro lado, também há a cultura de compras excessivas ou falta de cuidado que podem causar o desperdício de alimentos. É importante ter em mente essas premissas antes de visitar feiras, supermercados e hortifrutis. Segundo Claudia Jeovane, nutricionista da Associação Prato Cheio, é possível evitar o desperdício no ato da compra ao ter cuidado para não danificar ou beliscar os alimentos, pois isso pode estragar ou contaminar o alimento.
Também é importante não comprar em excesso porque assim é fácil perder a noção da validade dos alimentos e apenas perceber que estes estragaram quando a geladeira ou o armário são abertos. Uma dica é “antes de sair de casa, é importante fazer uma listinha e verificar o que realmente vai comprar e ver se no armário não tem um produto que está prestes a vencer em vez de comprar outro”, explicou Claudia.
Como mensagem final Carolina Siqueira, coordenadora de conservação do WWF-Brasil, apontou que “a Hora do Planeta é o despertar para a nossa consciência com o planeta, nossa conexão com o planeta. E o alimento é superpoderoso para que ocorra essa transformação”. É preciso cuidar da saúde com muito amor e respeito pelos alimentos, evitando o desperdício.
Sobre a Hora do Planeta
O movimento promovido desde 2007 pelo WWF, surgiu em Sydney (Austrália) e se tornou um dos maiores eventos sobre meio ambiente do mundo, inspirando indivíduos, comunidades, empresas e organizações em mais de 180 países e territórios a tomar ações ambientais efetivas. Cada pessoa e cada setor da sociedade (empresas, governos, comunidade acadêmica e sociedade civil em geral) têm papel fundamental para promover as transformações que o planeta precisa.
Historicamente a Hora do Planeta se concentrou nas mudanças climáticas, mas, mais recentemente, abrange outras questões relacionadas ao meio ambiente, incluindo a permanente perda da natureza.
Sobre a Associação Prato Cheio
A Associação Prato Cheio é uma organização não governamental que existe desde 2001 e promove o acesso à alimentação adequada para pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social através do combate ao desperdício de alimentos e educação nutricional, contribuindo para o desenvolvimento socioambiental.
Atualmente atendem 47 instituições em São Paulo e, em 2019, arrecadaram 370 mil toneladas de alimentos provenientes de parceiros como padarias, supermercados e hortifrutis, que durante a semana atendem cerca de 13 mil pessoas. A Prato Cheio também ensina as cozinheiras das instituições a aproveitar os alimentos integralmente para que não haja desperdício.
Sobre a Favela Orgânica
Iniciativa pioneira que teve origem nas comunidades Babilônia e Chapéu Mangueira, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro (RJ), o projeto Favela Orgânica surgiu em setembro de 2011, com apenas R$ 140,00 e o olhar sensível de Regina Tchelly.
A partir de uma abordagem holística que engloba conceitos como consumo consciente, gastronomia alternativa, compostagem caseira e hortas em pequenos espaços, o projeto já levou suas oficinas e palestras para diversos estados do Brasil, além de países como França, Itália e Uruguai.