Nova expedição dimensiona população de botos no rio Amazonas

janeiro, 16 2020

Doze pesquisadores percorrerão o rio Amazonas entre o Peru, a Colômbia e o Brasil para obter novas informações sobre as populações destes cetáceos de água doce e as ameaças que enfrentam
Doze pesquisadores percorrerão o rio Amazonas entre o Peru, a Colômbia e o Brasil para obter novas informações sobre as populações destes cetáceos de água doce e as ameaças que enfrentam

Por WWF-Colômbia


Desde quinta-feira (9/1) começou em Iquitos, no Peru, uma expedição científica internacional pela bacia do rio Amazonas, incluindo incursões na Colômbia e no Brasil. O objetivo principal é fazer contagens de botos para determinar as dinâmicas de suas populações e confirmar se o número aumentou, diminuiu ou está estável. Nesta viagem participarão 12 pesquisadores da Iniciativa dos Botos da América do Sul (SARDI, da sigla em inglês).

Esta é a terceira vez que os pesquisadores percorrerão este trajeto do rio Amazonas, a partir de Iquitos, passando por Leticia (Colômbia), até chegar a Santo Antônio do Iça (Brasil). Informações de 20 ou 30 anos atrás serão usadas como referência para confirmar que as populações de botos poderiam estar diminuindo. Para isso, é necessário que o grupo de especialistas faça a coleta de novos dados para determinar tendências populacionais e verificar o que está acontecendo, como explica Fernando Trujillo, diretor de pesquisa da Fundação Omacha e integrante da SARDI.

O grupo de pesquisadores também avaliará os diferentes tipos de ameaças que existem no trajeto, incluindo a pressão da caça de botos para usá-los como isca para capturar uma espécie de peixe conhecida como mota (no Peru e na Colômbia), piracatinga (no Brasil) ou blanquillo (na Bolívia). Isso é devido ao registro de que esta atividade ainda ocorre na parte peruana do Rio Amazonas, segundo aponta Miriam Marmontel, pesquisadora do Instituto Mamirauá, no Brasil.

“Também vamos reunir dados de outras ameaças como a mineração e o desmatamento. Agora notamos que o nível do rio está muito alto, o que é atípico para esta época do ano. Além disso, será a primeira vez que se realizará o trajeto de Leticia a Santo Antônio do Içá (Brasil), e isso nos permitirá cobrir um vazio de informação, já que tínhamos feito expedições a partir do rio Putumayo até o Amazonas e faltava um trecho para ter a visão deste eixo”, conta Saulo Usma, do WWF-Colômbia.

A SARDI é formada pelas organizações Faunagua, Fundação Omacha, Instituto Mamirauá, Prodelphinus e WWF. Nesta ocasião, a Iniciativa dá as boas-vindas à Solinia, no Peru, que apoia nos preparativos da expedição e cujos pesquisadores integram a equipe técnica da organização.

Os especialistas da SARDI esperam que a informação obtida na viagem, junto com a análise do monitoramento de satélite que é realizado desde 2017, sejam levados em consideração para o desenvolvimento de um Plano de Manejo e Conservação (CMP, da sigla em inglês) para os botos. O Plano seria referendado pela Comissão Baleeira Internacional (organismo científico internacional que se encarrega das regulações relacionadas aos cetáceos), como resultado de um esforço coordenado entre os governos. Assim, o CMP aponta para a mitigação das ameaças enfrentadas pelos botos na América do Sul.
Nova expedição para dimensionar a população de botos no rio Amazonas teve início em janeiro
© WWF
A expedição viajará pela bacia do rio Amazonas, incluindo uma parte da Colômbia e do Brasil.
© WWF
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