Indígenas e quilombolas discutem ações de projetos apoiados pelo Fundo CEPF
outubro, 24 2017
Com foco no Cerrado, os projetos visam a conservação do bioma, com ênfase no fortalecimento da sociedade civil
O povo Xakriabá é a maior etnia de Minas Gerais, possuindo cerca de 10 mil indígenas. Eles estão localizados no Norte do estado, região do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu. Entre as atividades que praticam, o extrativismo dos frutos do Cerrado é uma das principais, mesma realidade das quatro comunidades quilombolas do Vale do Peruaçu.Tanto os indígenas, quanto os quilombolas participaram na última semana da apresentação dos três projetos apoiados pelo Fundo CEPF (Critical Ecosystem Partnership Fund), em português Fundo de Parcerias para Ecossistemas Críticos, que serão implantados no território do Mosaico.
O evento se deu pela parceria entre o WWF-Brasil, a Fundação Pró-Natureza (Funatura) e a Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativistas do Vale do Peruaçu (CooPeruaçu), todas contempladas com investimentos do CEPF. O objetivo foi disseminar informações que mostram as interfaces das três propostas e ressaltar a intenção de desenvolver ações conjuntas.
O projeto “Fortalecimento da Gestão Integral das Áreas Especialmente Protegidas do Mosaico Sertão Veredas Peruaçu” será desenvolvido pelo WWF-Brasil, nos próximos três anos, e abrange as 16 áreas protegidas do Mosaico, as terras indígenas Xacriabás e as comunidades quilombolas, uma área de cerca de 2 milhões de hectares.
Além deste, também foi apresentado o projeto a ser executado pela Funatura, para revisão do Plano de Desenvolvimento de Base Conservacionista (DTBC) do Mosaico e o estabelecimento de um Zoneamento para o Território, e, ainda, o projeto da Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativistas do Vale do Peruaçu (Cooperuaçu), cujo foco é o fortalecimento da cadeia extrativista de frutos do Cerrado e disseminação de boas práticas agropecuárias na bacia do Peruaçu.
Kolbe Soares, analista de conservação do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, explicou que “além de fortalecer as parcerias, o encontro foi importante para divulgar o segundo edital do CEPF, que busca direcionar recursos prioritariamente para a recuperação florestal do Cerrado, além do edital do Fundo DGM, iniciativa que contemplará exclusivamente propostas de comunidades tradicionais e indígenas do Cerrado”.
O Mosaico de Unidades de Conservação Sertão Veredas Peruaçu foi uma das quatro áreas selecionadas como prioritárias no Hotspot (região de extrema importância biológica e em alto risco de extinção) pelo Perfil Ecossistêmico do Cerrado construído a partir de consultas públicas realizadas ao longo de 2015 com mais de 170 representantes de 130 instituições do setor privado, governo, universidades, sociedade civil e populações tradicionais e indígenas.
De acordo com Pedro Xacriabá, liderança da Aldeia Sumaré II e conselheiro do Mosaico, “a reunião foi uma boa oportunidade para tomarmos conhecimento das ações previstas pelos projetos. Além de que foi esclarecedora, uma vez que entendemos quais os critérios requeridos para candidatura do segundo edital do Fundo CEPF e do DGM.
Pedro ressaltou, ainda, que as comunidades ficaram muito entusiasmadas, principalmente porque já foi definida com o WWF-Brasil uma capacitação para novembro no tema de Boas Práticas na Produção do Agroextrativismo.
CEPF no Brasil
No Brasil, o CEPF está presente desde 2002, mas inicialmente com foco no bioma Mata Atlântica. Até 2011 foram 300 projetos apoiados à ONGs, comunidades e pequenas empresas, que desenvolvem trabalho com espécies, áreas protegidas e comunidades. Atualmente reúne sete doadores internacionais e ao todo está previsto o montante de 8 milhões de dólares para investimentos no Cerrado, nos próximos quatro anos.
Algumas instituições já foram contempladas e um novo edital está aberto até 08 de novembro. Para mais informações, acesse: http://cepfcerrado.iieb.org.br/apoio/editais/
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