Escola Família Agrícola incentiva agroextrativismo no Norte de Minas

fevereiro, 13 2017

Com o apoio do WWF-Brasil, EFA Tabocal forma jovens para desenvolver atividades no campo e ser protagonistas de grandes mudanças no país
Por Letícia Campos

Há pouco mais de sete anos de atuação no norte de Minas Gerais, a Escola Família Agrícola (EFA) Tabocal tem demonstrado que é possível formar jovens para desenvolver atividades no campo e ser protagonistas de grandes mudanças que o Brasil precisa.

Com o apoio do WWF-Brasil e uma gama ampla de parceiros, 33 alunos, que vivem na zona rural, a maioria filhos de agricultores familiares, concluíram o curso técnico em agropecuária em 2016 e saíram preparados e conscientes de que é plenamente possível trabalhar sustentavelmente a terra e adquirir conhecimentos que permitam optar em permanecer no campo e viver bem do agroextrativismo.

“Muitos aqui já viram os filhos deixarem o sítio da família para tentarem a vida na cidade grande. A EFA tem provado que outras realidades são possíveis. Até porque a área técnica abre um leque muito grande, mas o mais importante do que isso é a preocupação da escola de formar pessoas que ajudem o ambiente em que vivem com suas famílias”, contou Nilva Vieira da Paz, diretora da EFA Tabocal.

A Escola Família Agrícola recebe alunos que já concluíram o ensino fundamental e eles fazem ao mesmo tempo, o ensino médio e o ensino técnico, seguindo o princípio da pedagogia da alternância, em que os jovens passam quinze dias na escola e outros quinze dias na pequena propriedade da família onde aplicam os conhecimentos que aprenderam. Tudo isso, sem ter que deixar a vida rural e a agricultura familiar. Se a escolha for enfrentar o mercado de trabalho, o estudante formado pela EFA Tabocal pode ser inserido profissionalmente, graças ao diploma obtido.

“Nós temos exemplos de vários ex-alunos que foram contratados por empresas. Sem falar daqueles que se tornaram professores. Aqui na escola temos 16 ex-alunos fazendo parte do grupo de educadores e outros vários que foram dar aulas em outras escolas”, explicou Nilva.

No último ano, o WWF-Brasil implantou o viveiro florestal de espécies nativas do Cerrado, que segundo Nilva, já tem um pedido da prefeitura de São Francisco-MG de 2 mil mudas de espécies nativas.

“O sucesso foi tão grande que após a construção deste viveiro na escola, nós tivemos mais três projetos de construção de viveiros na região, sendo um agroflorestal. Todos feitos por ex-alunos. É a teoria virando realidade”, falou animada.

De acordo com Kolbe Soares, analista de conservação do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, “esse sistema alternativo de ensino é perfeito para a realidade da região que tem tradição na agricultura familiar e no extrativismo dos frutos do Cerrado. A experiência permite a manutenção do vínculo do jovem com sua família e sua comunidade, além de resgatar a cultura local, por meio da autoestima e da valorização das tradições, permitindo romper o preconceito contra quem mora no meio rural e depende da terra para sua sobrevivência”.

Para esse ano, a ONG ambientalista está apoiando a implantação de uma unidade de beneficiamento, que também funcionará como uma agroindústria, para fazer polpas e beneficiar os frutos do Cerrado. “A ideia é começar a trabalhar no fortalecimento dos conceitos do cooperativismo e estimular os alunos a discutirem em suas comunidades a importância do trabalho coletivo e comunitário”, disse Kolbe.
Nilva Vieira da Paz, diretora da EFA Tabocal, no viveiro florestal de espécies nativas do Cerrado, implementado pelo WWF-Brasil
© WWF-Brasil/André Dib
Para esse ano, o WWF-Brasil está apoiando a implantação de uma unidade de beneficiamento de frutos do Cerrado, que também funcionará como uma agroindústria
© WWF-Brasil/André Dib
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