Parceria inédita entre Acre e o Sabá, na Malásia, é apresentada na Rio+20
junho, 19 2012
Como parte dos eventos da Rio+20, o WWF lançou, nesta terça-feira e para uma sala lotada, a publicação “Uma forma diferente de fazer negócios: primeiros passos na construção da Economia Verde no Acre, Brasil; e em Sabá, na Malásia”.
Por Jorge Eduardo DantasRio de Janeiro (RJ) - Como parte dos eventos da Rio+20, o WWF lançou, nesta terça-feira e para uma sala lotada no Riocentro, a publicação “Uma forma diferente de fazer negócios: primeiros passos na construção da Economia Verde no Acre, Brasil, e em Sabá, na Malásia”.
O livro traz um breve relato sobre os resultados da conservação das florestas feitas no Acre e em Sabá - obtidos por meio de um intercâmbio entre os atores sociais dos dois Estados (intercâmbio apoiado pelo WWF-Brasil, WWF-Malásia e WWF-Reino Unido). A publicação teve como objetivo também apresentar os resultados deste trabalho conjunto e mostrar porque os dois Estados estão na vanguarda da harmonia entre desenvolvimento sustentável e conservação das florestas.
Tanto no Acre quanto em Sabá, o WWF-Brasil apóia o manejo adequado dos recursos florestais. Produtos como madeira, borracha e castanha do Brasil são utilizados como fonte de renda para diversas comunidades, ao mesmo tempo em que existe a busca pela conservação da biodiversidade e pela melhoria da qualidade de vida dos comunitários.
As florestas tropicais brasileiras e malaias têm uma história comum em torno de um mesmo produto florestal: a borracha. Há mais de cem anos, a borracha nativa da Amazônia foi levada para a Malásia, causando o colapso da indústria da borracha amazônica. Mas hoje ambas buscam garantir uma produção diversificada de produtos e serviços florestais ao invés de optar somente pelas práticas agropecuárias.
Apoio ao trabalho sustentável
Informações da Secretaria Estadual de Florestas do Acre mostram que o manejo florestal feito a partir de parcerias como essa – mas que envolvem também comunidades, empresas e outras organizações não governamentais – tem aumentado o valor da renda média de famílias acreanas que vivem do agroextrativismo.
No estado de Sabá, na Malásia, o WWF apóia a produção florestal sustentável. Além disso, também dá suporte a uma série de iniciativas que têm por objetivo envolver os cidadãos e cidadãs numa forma sustentável de obter renda por meio da floresta.
Mostrando ações concretas
A secretária-geral do WWF-Brasil, Maria Cecília Wey de Britto, afirmou que o lançamento da publicação é uma demonstração de que duas regiões, com características semelhantes e uma grande biodiversidade, mesmo que estejam muito distantes uma da outra, têm muito a trocar. Ela disse ainda que, ao contrário do que vem ocorrendo na Rio+20, este trabalho mostra ações concretas e não apenas reafirmações e declarações genéricas.
“Não precisamos de palavras, mas de metas claras e objetivas. Existe um trabalho a ser feito e precisamos que as instituições vão lá e o façam. Para garantir água, energia e alimentos para todos, é preciso ter metas e ações”, afirmou.
O diretor do Departamento Florestal do Sabá, Datuk Sam Mannan, afirmou que o Sabá quer reverter o movimento feito em décadas anteriores, quando o desenvolvimento era fruto do desmatamento e da diminuição da qualidade de vida de sua população. “Historicamente, temos mais de 3 milhões de hectares de florestas devastadas em nosso Estado. Erramos feio, mas estamos tentando consertar isso. Ainda temos 53% de nossas florestas intactas, ao contrário de diversos outros países, que acabaram com sua cobertura florestal”, disse.
Habitar, produzir, preservar
O governador do Acre, Tião Viana, afirmou que o desenvolvimento sustentável no Acre é algo que já existe há vinte anos e que vem atravessando gerações. “Conhecemos e definimos nosso território, fizemos o arcabouço jurídico e hoje temos para mostrar ao Brasil e ao mundo um modelo que mostra que é possível habitar, produzir e preservar. E isso voltado a vários recursos, da água à floresta”, contou o chefe do Executivo.
Tião declarou ainda que o Acre já tem uma experiência exitosa para mostrar e que hoje é necessário apenas dar escala para um sistema que já existe. “Precisamos ampliar essas atividades. Precisamos abrir os mercados aos nossos produtos, como borracha, castanha, açaí, cupuaçu, peixes e muitos. Mas sinto que os organismos internacionais estão esperando resultados, eles não querem ser responsáveis por este processo”, reclamou.
O senador e ex-governador Jorge Viana disse que os Estados do Acre e Sabá estão há muito tempo discutindo algo que a ECO-92 e a Rio+20 ainda tentam materializar. “Temos aqui duas experiências reais de transição para uma economia verde. São caminhos bastante avançados que, no caso do Acre, queremos aprofundar: como usar melhor as florestas”, afirmou o parlamentar.
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