Macacos e antas, mas nada de onças
julho, 12 2009
Quando Hugo Cardoso de Moura Costa, pesquisador do Projeto Onça-Parda, chegou à base 1 da Expedição Científica Terra do Meio, sua grande expectativa era avistar um grande felino, de preferência a bela e temida onça-pintada.
Quando Hugo Cardoso de Moura Costa, pesquisador do Projeto Onça-Parda, chegou à base 1 da Expedição Científica Terra do Meio, sua grande expectativa era avistar um grande felino, de preferência a bela e temida onça-pintada. Logo nas primeiras conversas com os mateiros, que já estavam na floresta há mais de 15 dias, o biólogo, responsável pelas pesquisas sobre mamíferos, foi informado de que duas pintadas haviam sido vistas, e uma delas inclusive havia passado a noite toda rondando o acampamento.
Hugo Costa instalou, então, armadilhas fotográficas ao longo das trilhas. Essas armadilhas são compostas por uma câmera fotográfica e um sensor de movimento.
Quando algum animal passa perto da armadilha, o sensor dispara a câmera e a presença do animal fica registrada. “Esse tipo de armadilha é muito útil para o registro de animais mais ariscos, como o tatu-canastra, o cachorro-vinagre e a onça-pintada”, explica Costa.
Ao longo dos dias, o biólogo identificou tocas e avistou animais como o tatu-canastra, a anta, o tatu-quinze-quilos, a queixada (tipo de porco-do-mato), o bugio, o macaco-aranha e até a lontra, espécie que foi escolhida como símbolo da expedição.
“A presença desses animais é um indício de que essa área está bem preservada, já que são espécies que só vivem em habitats de boa qualidade. No cerrado, por exemplo, espécies como antas e queixadas já não são encontradas com facilidade”, conta.
Apesar dos esforços de Hugo Costa, nenhuma onça-pintada apareceu. Na verdade, não foi feito nenhum registro de felino, mesmo os de pequeno porte, como o gato-maracajá.
No entanto, pelos relatos dos mateiros e da população local, certamente há felinos na área, mas, de acordo com Costa, com baixa densidade populacional. “A onça-pintada e os felinos pequenos são bem estudados em outros biomas, como a Mata Atlântica e o Pantanal, mas na Amazônia há uma deficiência de conhecimentos sobre essas espécies. Seria muito importante aprofundar os estudos”, afirma.