Criação de parque nacional na Guiana Francesa reforça também a proteção da Amazônia brasileira

fevereiro, 28 2007

Após 15 anos, foi decretada a criação do Parque Amazônico da Guiana, na Guiana Francesa. A área se caracteriza como a maior unidade de conservação francesa e se integra ao complexo de áreas protegidas da Amazônia brasileira.

Após 15 anos do início de um processo, foi decretada hoje, 28, a criação do Parque Amazônico da Guiana, na Guiana Francesa. Com quase dois milhões de hectares de proteção estrita e uma zona envoltória de desenvolvimento sustentável de aproximadamente 1,3 milhões de hectares, a área se caracteriza como a maior unidade de conservação francesa e se integra ao complexo formado pelo Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque, no Amapá, e por duas áreas protegidas estaduais no Pará, criadas em novembro do ano passado: a Reserva Biológica Maicuru e a Estação Ecológica de Grão-Pará. “No total, são pouco mais de 11 milhões de hectares de terras contínuas amazônicas estritamente protegidas, sendo a maior zona contínua de floresta tropical de proteção integral no mundo”, comemorou a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú.

Essas três unidades de conservação brasileiras e o recém-criado parque nacional fazem parte também de um mosaico maior, constituído por outras 14 unidades de conservação de proteção integral e por 20 unidades de conservação de uso sustentável, além de 15 terras indígenas. Essa imensa área contínua tem aproximadamente 48,6 milhões de hectares, a maioria (quase 45 milhões) deles no Brasil, mas parte na Guiana Francesa (pouco mais de 3,5 milhões) e no Suriname (quase 100 mil hectares). Além do Amazonas e do Pará, ela se estende também pelo Amazonas e Roraima. 

A Rede WWF tem acompanhado e apoiado o processo de criação de unidades de conservação na Guiana Francesa e se vê com boas perspectivas a próxima fase, de implantação das UCs, contando com a integração entre as áreas protegidas dos diferentes países envolvidos. Sergio Orru, secretário-geral do WWF França, afirmou que “a concretização do projeto do Parque Amazônico da Guiana é uma satisfação para todos os membros da Rede WWF”, a maior rede conservacionista do mundo. 

Na região onde foi criado o parque nacional a prática do garimpo é preocupante. Essa atividade, geralmente ilegal, pode trazer consigo sérios impactos ambientais, como a destruição de rios, o comprometimento de mananciais de água para abastecimento e a poluição com mercúrio. O sonho do enriquecimento fácil, via de regra, transforma-se em pesadelo para as pessoas que são atraídas por ele, condenadas a condições sociais degradantes, como aumento da prostituição e da violência. 

A relativa dificuldade de controlar o movimento de pessoas nas fronteiras amazônicas, inclusive de garimpeiros, é uma ameaça que as áreas protegidas podem ajudar a combater. Mas, para isso, elas precisam ser efetivamente implantadas e consolidadas. Caso contrário, o garimpo pode, por outro lado, transformar-se em um risco para essas unidades de conservação, tanto no Brasil quanto na Guiana Francesa. 

Além de obstáculo ao avanço do garimpo ilegal, a proteção de uma grande área de floresta representa uma contribuição determinante à luta contra o desmatamento, um dos principais responsáveis pelo aquecimento global. Ela também é importante para a conservação de ecossistemas raros, a manutenção do equilíbrio ecológico e a sobrevivência de espécies ameaçadas que precisam de territórios extensos, como a onça Panthera onca e o gavião-real Harpia harpyia. 

O WWF-Brasil é uma organização não governamental brasileira dedicada à conservação da natureza com o objetivo de harmonizar a atividade humana com a conservação da biodiversidade e promover o uso racional dos recursos naturais em benefício dos cidadãos de hoje e das futuras gerações. O WWF-Brasil, criado em 1996 e sediado em Brasília, desenvolve projetos em todo o país e integra a Rede WWF, a maior rede independente de conservação da natureza, com atuação em mais de 100 países e o apoio de cerca de 5 milhões de pessoas, incluindo associados e voluntários.

Parque Amazônico da Guiana compõem mosaico com UCs do Brasil e do Suriname
© LEP / WWF-Brasil
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