G20 emite forte mensagem social e ambiental

novembro, 19 2024

O sucesso da liderança brasileira do G20 emite uma sinalização favorável a respeito da futura condução das negociações climáticas no próximo ano, quando o Brasil presidirá a COP30

Por WWF-Brasil

As lideranças das mais de 20 nações reunidas no Rio de Janeiro entre os dias 18 e 19 de novembro de 2024 – grupo que inclui as maiores economias do planeta – emitiram um forte sinal não só para os negociadores da conferência do clima da ONU que estão reunidos na capital do Azerbaijão, mas para governos e empresas de todo o mundo.

O recado foi claro: avancem no financiamento necessário para enfrentarmos a emergência climática que já castiga milhares de pessoas ao norte e ao sul do Equador. E foi além: o texto pioneiramente apresenta um caminho prático e exequível para erradicar a fome no planeta, formalizando a criação de uma aliança global para alcançar esse que é o segundo Objetivo de Desenvolvimento Sustentável para 2030. Também avançou na justiça social ao declarar a necessidade de taxação dos ultra-ricos. 

Em 50 parágrafos, a Declaração aborda pontos fundamentais para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o Acordo de Paris e o Acordo Kunming-Montreal sobre a biodiversidade. A defesa desses acordos e de estruturas globais de negociação, como a Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima (UNFCCC), estão na espinha dorsal do texto e constituem uma forte defesa da diplomacia e do multilateralismo. Vale destacar ainda o G20 social e os espaços de participação da sociedade civil em múltiplos processos de diálogo ao longo do ano e que certamente contribuíram com o resultado final.

A presidência brasileira também foi bem sucedida no destaque ao papel das florestas, dos povos indígenas e de comunidades locais no combate à emergência climática e ao apontar a necessidade de mecanismos inovadores de financiamento como TFFF (Tropical Forest Forever Facility). Outro ponto positivo foi o endosso aos princípios de bioeconomia e à relevância dos oceanos para o desenvolvimento sustentável e enfrentamento da crise climática, enfatizando a necessidade de financiamento adequado, gestão eficiente e esforços conjuntos para sua conservação e uso sustentável.
 
Embora reconheça a importância da transição em sistemas alimentares, o texto poderia ter sido mais arrojado na transição energética. Apesar do compromisso de triplicar investimentos em fontes renováveis e duplicar recursos para eficiência energética, não há menção direta à necessidade de eliminar a produção e consumo de combustíveis fósseis para garantirmos um clima minimamente seguro para a humanidade. Nesse ponto, o texto se limita a “eliminar gradualmente” e “racionalizar” subsídios ineficientes que estimulem o consumo dos combustíveis fósseis.

A necessidade de inovação nas estruturas financeiras internacionais é abordada, porém não há menção explícita à necessidade premente de adequação destas à nova realidade climática. O texto também não especifica volume e origem de financiamento para a agenda climática. 

Apesar disso, trata-se de um comunicado robusto e em linha com os desafios do século 21. E o fato do consenso ter sido alcançado entre representantes dos mais diversos espectros políticos emite um forte sinal para governantes do mundo todo sobre a solidez do multilateralismo e dos compromissos já assumidos pela diplomacia global.  

O sucesso da liderança brasileira do G20 também emite uma sinalização favorável a respeito da futura condução das negociações climáticas no próximo ano, quando o Brasil presidirá a Conferência do Clima. Para 2025, também espera-se que a África do Sul dê continuidade às agendas social e ambiental e ao fortalecimento do multilateralismo contidos na declaração do G20 deste ano.

Declaração assinada ao final da cúpula que reuniu representantes dos mais diversos espectros políticos emite um forte sinal para governantes do mundo todo sobre a solidez do multilateralismo e dos compromissos já assumidos pela diplomacia global.
© Ricardo Stuckert/PR

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