Países desenvolvidos precisam financiar combate à crise da biodiversidade, diz WWF

agosto, 21 2023

As principais organizações ambientais pedem que os países doadores empenhem fundos nesta semana,
Por WWF

Diante dos impactos crescentes da natureza mundial e das crises climáticas, incluindo recordes de altas temperaturas e incêndios florestais, o WWF insta os países desenvolvidos a destinarem mais fundos para apoiar os esforços de conservação dos países em desenvolvimento em sistemas e locais onde esses recursos terão maior impacto para as pessoas e a natureza.

O WWF adverte que, sem financiamento urgente para apoiar ações na linha de frente da crise da biodiversidade, o mundo corre o risco de atingir críticos pontos de não-retorno a partir dos quais o habitat natural não será mais capaz de nos sustentar ou regular nosso clima.

O alerta ocorre enquanto representantes mundiais se reúnem, nesta semana, na 7ª Assembleia do  Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), em Vancouver, no Canadá, onde lançarão o Fundo do Marco Global da Biodiversidade (Fundo GBF), uma nova fonte de financiamento para proteger globalmente espécies e ecossistemas

O WWF junta-se à BirdLife International, Campaign for Nature, Conservação Internacional, The Nature Conservancy e The Pew Charitable Trusts, publicando hoje uma carta aberta pedindo aos países doadores que cheguem à Assembléia do GEF prontos para anunciar contribuições ambiciosas ao Fundo GBF, de acordo com suas promessas na Conferência de Biodiversidade da ONU (COP15), onde o Fundo foi concebido.

A carta aberta enfatiza que o lançamento do Fundo é um momento crítico para “começar a mobilizar recursos para a implementação imediata do novo Marco Global da Biodiversidade. Esse momento não pode ser perdido. A falta de apoio financeiro para o Fundo GBF arriscaria minar o acordo de consenso da COP15 e comprometer a implementação do acordo como um todo”.

O acordo para estabelecer um novo Fundo foi um dos avanços fundamentais que permitiram aos países desenvolvidos e em desenvolvimento forjarem um consenso sobre um novo e ambicioso acordo global sobre biodiversidade na COP15, em dezembro do ano passado. O histórico Marco Global da Biodiversidade Kunming-Montreal (KMGBF, na sigla em inglês), adotado em Montreal, Canadá, compromete o mundo a reverter a perda de biodiversidade até 2030 e foi aclamado como o equivalente da natureza ao Acordo de Paris sobre mudanças climáticas.

O fracasso dos países desenvolvidos em anunciar novos financiamentos internacionais para ações de biodiversidade poderia piorar o déficit de confiança entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Até o momento, nenhum compromisso de financiamento foi feito pelos países doadores para o Fundo GBF diante de seu lançamento em Vancouver.

No entanto, o Fundo GBF fornece um novo canal através do qual os países desenvolvidos podem prover financiamento para a natureza - de acordo com a Meta 19 da Kuming-Montreal Global Bio Framework, os países devem gerar pelo menos US$ 200 bilhões por ano até 2030 para a biodiversidade, com recursos financeiros internacionais para países em desenvolvimento totalizando US$ 20 bilhões por ano até 2025 e US$ 30 bilhões por ano até 2030.

“Com o mundo atualmente enfrentando recordes de ondas de calor e a destruição acelerada da natureza, é fundamental que os países desenvolvidos intensifiquem e cumpram suas promessas de fornecer financiamento às comunidades e lugares que estão na linha de frente da crise da biodiversidade e abordar as mudanças sistêmicas que são urgentemente necessárias. É uma responsabilidade moral e um investimento no futuro de todos. Na Assembleia do GEF em Vancouver, os países doadores devem anunciar um novo financiamento internacional para a biodiversidade, a fim de apoiar os esforços de conservação dos países em desenvolvimento. Isso enviará um sinal político importante, ao mesmo tempo em que será um pontapé inicial para a ampliação do financiamento por todas as fontes. Com o planeta oscilando pontos de não-retorno para a natureza e o clima, não pode haver atraso ou ambivalência”, afima Lin Li, Diretora Sênior Global de Política e Advocay do WWF Internacional

“Chegou a hora dos países desenvolvidos demonstrarem compromisso real com a agenda de biodiversidade. Precisamos interromper imediatamente a perda de habitat natural e caminharmos efetivamente para uma recomposição do ambiente natural, de forma que continue íntegro e prestando os melhores serviços ecossistêmicos para a humanidade. E o Fundo Global de Biodiversidade, aprovado durante a COP15, tem a missão de canalizar recursos adicionais para as ações de conservação da diversidade biológica, especialmente para aqueles países e regiões que detém grande biodiversidade, como o Brasil. É nesse sentido que acompanhamos com entusiasmo a Assembleia Geral do GEF, pois os países desenvolvidos têm uma grande oportunidade de demonstrarem compromisso real com a vida no planeta, cumprindo com o estabelecido na meta 19 do Marco Global da Biodiversidade”, diz Michel Santos, gerente de Políticas Públicas no WWF-Brasil.
Macaco-aranha, uma das espécies da rica biodiversidade da Amazônia.
© WWF-Brasil/Adriano Gambarini
A palavra biodiversidade é uma contração de "diversidade biológica" e foi usada pela primeira vez em 1985
© WWF-Brasil
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