Reservas Privadas protegem uma São Paulo e meia de Mata Atlântica

janeiro, 31 2020

Censo elaborado pelo WWF-Brasil analisou 422 áreas Protegidas Privadas na região da Serra do Mar e do Alto Paraná
por Douglas Santos

O WWF-Brasil mapeou as Áreas Protegidas Privadas localizadas na região da Serra do Mar e do Alto Paraná, que fazem parte do bioma Mata Atlântica. Ao todo foram catalogadas 422 Áreas Protegidas Privadas no Brasil, Argentina e Paraguai, que são responsáveis por proteger 261.549,64 ha, equivalente a uma área superior a uma cidade de São Paulo e meia. As reservas privadas são prioritárias nas agendas públicas e também da sociedade civil organizada, tanto que no dia 31 de janeiro é comemorado o Dia nacional das RPPNs.

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O estudo tem como objetivo evidenciar em quais áreas estão essas unidades de conservação privadas, as oportunidades de melhoria da gestão e os principais agentes de degradação. “Os resultados do estudo servirão de base para as futuras ações do WWF-Brasil para apoiar iniciativas de Conservação Voluntária”, afirma Felipe Feliciani, analista de conservação do WWF-Brasil.

Potencial econômico

A pesquisa apontou que existe grande potencial econômico para ser explorado. No Brasil, apenas 40% das reservas realizam atividades geradoras de renda relacionadas ao turismo como, por exemplo, hospedagens e alimentação. Na Argentina e Paraguai o número sobre para 53,8%, englobando atividades como promoção de eventos, cursos e treinamentos.

Por outro lado, mais de 90% dos proprietários disseram ter interesse em desenvolver novas atividades em suas áreas. A pesquisa apontou também que cada unidade de conservação possui em média quatro atrativos reconhecidos por seus proprietários/gestores. Como cachoeiras, rios, paisagens de grande beleza cênica e a presença de animais, alguns ameaçados de extinção.

Ameaças

Por outro lado, 94% das reservas relataram sofrer algum tipo de ameaça. O principal problema apontado na pesquisa em todos os países analisados é a caça predatória de fauna silvestre, o que prejudica diretamente a biodiversidade local e ameaça espécies como a onça-pintada, cateto e antas. As outras principais ameaças são a extração ilegal de palmito e incêndios.

Segundo Felipe Feliciani, a caça de fauna silvestre é crime previsto em lei. “Além de criminosa, essa atividade desequilibra o ecossistema local e é um dos principais agentes que levam espécies à extinção no Brasil”, diz Feliciani.

Foco na Mata Atlântica
Na Mata Atlântica, está 70% do PIB Brasileiro e mais de 120 milhões de pessoas, o que equivale a 75% da população brasileira. Rios e lagos da Mata Atlântica fornecem água potável para essa população. Além disso, o bioma abriga uma das mais ricas biodiversidades do mundo com mais de 20.000 espécies, sendo 8.000 espécies endêmicas (que só vivem na Mata Atlântica), o que representa um dos maiores índices de endemismo do mundo.

Apesar da alta relevância para a economia, qualidade de vida e fornecimento de água para grande parte da população brasileira, o bioma está extremamente fragmentado. Isso reforça a importância do projeto desenvolvido pelo WWF-Brasil para aprimorar as práticas de gestão das reservas particulares.

Dia das RPPNs
 
As RPPNs são um sinal de compromisso voluntário do proprietário particular (pessoa física ou jurídica) com a conservação da natureza. A categoria Reserva Particular do Patrimônio Natural é prevista no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) e é criada a partir da vontade do proprietário rural em destinar parte de sua área para a conservação da natureza. Uma vez criada a RPPN, o status de área protegida privada é perpétuo.

Além de preservar as paisagens e ambientes históricos, as reservas particulares assumem objetivos de proteção de recursos hídricos, manejo de recursos naturais, desenvolvimento de pesquisas cientificas, manutenção do equilíbrio ecológico entre várias outras funções. Essas reservas tem a importante missão de proteger os recursos naturais, desenvolver pesquisas científicas, promover manutenção e o equilíbrio climático ecológico, além de incentivar o ecoturismo sustentável.

 
Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) é uma categoria de unidade de conservação criada pela vontade do proprietário rural, ou seja, sem desapropriação de terra. No momento que decide criar uma RPPN, o proprietário assume compromisso com a conservação da natureza.
© Divulgação
Cachoeira nas nascentes do rio Caveira, em área de RPPN em Lages (SC)
© Zig Koch
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