Corredores de biodiversidade do Rio Paraná e das Araucárias são temas de seminário internacional no Brasil

outubro, 18 2019

Evento reune em Foz do Iguaçu representantes do Brasil, Argentina e Paraguai para discutir restauração da Mata Atlântica e gestão compartilhada da ecorregião do Alto Paraná
Foz do Iguaçu recebe, no Refúgio Biológico Bela Vista - Itaipu Binacional, e no Parque Nacional do Iguaçu, nos dias 17, 18 e 19 de outubro, o III Seminário do Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná e o I Seminário do Corredor de Biodiversidade das Araucárias. No dia 17, também será realizada uma reunião ordinária da Rede Trinacional para Restauração da Mata Atlântica, coorganizada pelo WWF-Brasil, WWF-PY, FVSA, Pacto pela Restauração da Mata Atlântica (Pacto), Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), Ecosia e Mater Natura - Instituto de Estudos Ambientais.
 
O evento é realizado pelo projeto Corredores de Biodiversidade, patrocinado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e executado pelo Mater Natura, iniciativa proposta em conjunto com 18 parceiros que compõem a Rede Gestora dos Corredores de Biodiversidade, criada em 2010. Os dois primeiros seminários do Corredor do Rio Paraná foram realizados em 2013 e 2015.
 
Segundo o presidente do Mater Natura, Paulo Pizzi, o foco do projeto é a restauração ecológica de seis áreas, totalizando 351 hectares nos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, com destaque para a articulação interinstitucional. “O próprio projeto surgiu das redes gestoras e não seria viável sem a participação de todos esses parceiros. Por isso buscamos unir pessoas e instituições que atuam nessas regiões com foco em restauração, conectividade de paisagem e desenvolvimento territorial. Nesse contexto, o seminário vem se consolidando como um importante espaço de governança das redes e de aproximação de atores locais”, explica.

O objetivo dos seminários é compartilhar os resultados e desafios da restauração com relação a aspectos técnicos, financeiros e estratégicos, com a construção de agendas de trabalho compartilhadas, como explica o coordenador do projeto, Marcelo Limont. Um dos encaminhamentos previstos é a criação de uma rede trinacional de restauração ecológica entre Brasil, Paraguai e Argentina. “Essa articulação ampliará consideravelmente o impacto das ações na região, que tem um grande remanescente de Floresta Atlântica com potencial de conservação e, ao mesmo tempo, agrega fortes demandas de desenvolvimento, com um pólo de geração de energia elétrica e extensa área de produção agrícola. Há oportunidades para as duas frentes”, acrescenta.

O financiamento do projeto é parte do programa BNDES Restauração Ecológica, que tem como objetivo fomentar um ciclo futuro de ações conjuntas e orientadas pela perspectiva da conectividade florestal, como comenta o gestor do projeto no âmbito do programa, Márcio Macedo Costa. "O BNDES tem interesse que projetos de restauração sejam parte de um esforço maior de desenvolvimento, reunindo diversos atores e outros esforços públicos e privados, não apenas para recuperar áreas, como também para fortalecer cadeias produtivas e o desenvolvimento territorial de toda a região”.
 
A Itaipu Binacional, que receberá o evento, integra a rede e soma as experiências, como a atuação no Corredor de Biodiversidade Santa Maria, com a recuperação das matas ciliares e o saneamento ambiental das propriedades ao redor. Segundo a engenheira florestal da Itaipu, Veridiana Costa, são 10 anos de parceria. “Durante esse período, com três projetos ampliamos o diálogo entre as instituições e os horizontes de conservação da biodiversidade. Esperamos aproveitar ao máximo este momento de encontro e troca de experiências que só enriquecem nosso trabalho”, comenta. O local do evento, o Parque Nacional do Iguaçu, faz parte de uma das seis áreas que são objeto de restauração do projeto.
Daniel Venturi, do WWF, fala sobre articulação para rede trinacional de restauração da Mata Atlântica
© Divulgação
A Ecorregião Florestas do Alto Paraná engloba uma área original de mais de 471 mil Km2, que se estende do oeste da Serra do Mar brasileira ao leste do Paraguai, incluindo a província de Misiones, na Argentina.Da sua área total, restam apenas 7,4% de florestas, basicamente em UCs como o Parque Nacional do Iguaçu (Brasil), que ainda sobrevive como um dos maiores remanescentes de Mata Atlântica.
© Michel Gunther/WWF
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