Mobilização social: instituições do Sul do Amazonas unem-se pelo desenvolvimento sustentável

julho, 17 2018

Mais de 50 atores sociais, representantes de mais de 20 instituições selaram pacto pela promoção da agenda socioambiental
Por Jorge Eduardo Dantas

Humaitá (AM) - Mais de 50 atores sociais, representantes de mais de 20 instituições do governo, sociedade civil e iniciativa privada, deram um passo inédito e importante no sentido de organizar diversos segmentos sociais para a agenda socioambiental: foi criada e oficializada, em encontro ocorrido em Humaitá (AM), a Aliança para o Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas.   
  
Considerada a “última fronteira” de contenção do desmatamento, a região Sul do Amazonas consiste numa área de mais de 42,5 milhões de hectares, espalhada pelos municípios de Novo Aripuanã, Manicoré, Humaitá, Lábrea, Boca do Acre, Canutama, Tapauá, Apuí e Maués. Cerca de 319 mil pessoas vivem na região, tendo como base econômica a agropecuária e extrativismo. Cerca de 61% do território é formado por áreas protegidas.

A grilagem de terras, a invasão de áreas protegidas e a conversão da floresta em áreas abertas são alguns dos principais problemas ambientais da região. Entre 2008 e 2017, o Sul do Amazonas concentrou 67% do desmatamento e mais de 81% dos focos de calor do estado.
 
Troca de experiências

A Aliança será um fórum e um espaço de discussão onde os diferentes atores sociais vão trocar experiências, desenvolver ações conjuntas, encaminhar demandas comuns e aumentar sua representatividade junto aos centros de decisão. 

Durante o encontro em Humaitá, foram definidas as diretrizes iniciais de funcionamento da iniciativa: foi formado um núcleo gestor; e grupos de trabalho, que vão discutir os temas considerados mais importantes pelos participantes: questões produtivas, setor florestal, infraestrutura, turismo, mineração e ordenamento territorial, ambiental e fundiário. 

O evento de lançamento da Aliança em Humaitá teve ainda momentos de capacitação. Foram realizadas uma oficina sobre geoprocessamento, ministrada pelo Imazon; e outra sobre o Guia de Indicadores da Pecuária Sustentável (GIPS) e o Grupo de Trabalho pela Pecuária Sustentável (GTPS), ministrada pelo WWF-Brasil. Está agendado para novembro, um encontro para discutir ordenamento territorial, ambiental e fundiário.

“Voz positiva”

O representante do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável de Apuí (CMDRS-Apuí), Milton Dal Bem, contou que uma proposta como a Aliança é um espaço importante: “Nesta discussão inicial, já tiramos diversos encaminhamentos e acho que a Aliança pode nos ajudar a permanecer firmes e pôr em prática os acordos”, afirmou.

Coordenador do Programa Amazônia do WWF-Brasil, Ricardo Mello afirmou que um dos objetivos da Aliança para o Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas é ajudar os atores sociais da região “a encontrar e estruturar sua voz”: “Queremos que seja uma voz local, positiva, coerente, propositiva, e que possa entrar no debate nacional”.

O WWF-Brasil trabalha no Sul do Amazonas há mais de uma década – mas tem concentrado suas atividades no município de Apuí e nas unidades de conservação do Mosaico da Amazônia Meridional (MAM)

Entre as diversas atividades realizadas na área, o WWF-Brasil vem desenvolvendo ações de articulação regional, implementação da agenda de turismo de base comunitária na comunidade da Barra de São Manoel e vem atuando também no fortalecimento da agenda florestal no Amazonas. Além disso, em 2017 publicou um estudo socioeconômico e ambiental sobre a região e, em parceria com outras instituições, recentemente instalou painéis de energia solar em duas comunidades ribeirinhas extrativistas.
Mais de 50 atores sociais, de 9 municípios diferentes, se fizeram presentes no II Encontro do Sul do Amazonas
Mais de 50 atores sociais, de 9 municípios diferentes, se fizeram presentes no II Encontro do Sul do Amazonas
© Jorge Eduardo Dantas / WWF-Brasil
Desde 2016 o WWF-Brasil vem trabalhando no aumento de sua área de atuação, que hoje abrange boa parte do Sul do Amazonas
Desde 2016 o WWF-Brasil vem trabalhando no aumento de sua área de atuação, que hoje abrange boa parte do Sul do Amazonas
© Programa de Ciências/ WWF-Brasil
A Aliança pelo Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas será um fórum onde os diferentes atores sociais vão trocar experiências e desenvolver ações conjuntas
A Aliança pelo Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas será um fórum onde os diferentes atores sociais vão trocar experiências e desenvolver ações conjuntas
© Jorge Eduardo Dantas / WWF-Brasil
Milton Dal Bem, representante do município de Apuí (à direita):
Milton Dal Bem, representante do município de Apuí (à direita): "A Aliança será um espaço importante".
© Jorge Eduardo Dantas / WWF-Brasil
Francisco Melgueiro, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Amazonas (SEMA-AM), à esquerda:
Francisco Melgueiro, da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Amazonas (SEMA-AM), à esquerda: "Estamos perseguindo o crescimento do Sul do Amazonas, mas um crescimento feito em bases justas e sustentáveis".
© Jorge Eduardo Dantas / WWF-Brasil
Os participantes do encontro em Humaitá definiram um núcleo-gestor para a Aliança pelo Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas, que já marcou para agosto a data das primeiras reuniões e deliberações
O núcleo gestor da Aliança pelo Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas marcou para agosto a data de sua primeira reunião
© Jorge Eduardo Dantas / WWF-Brasil
O encontro de Humaitá foi precedido por reuniões ocorridas em outras cidades do Sul do Amazonas, como Lábrea e Manicoré
O encontro de Humaitá foi precedido por reuniões ocorridas em outras cidades do Sul do Amazonas, como Lábrea e Manicoré
© Jorge Eduardo Dantas / WWF-Brasil
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