Aliança para o Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas: atores sociais do Rio Purus tomam parte na construção da iniciativa
junho, 08 2018
Projeto vai impulsionar a governança local na região e fomentar opções econômicas ambientalmente responsáveis
Por Jorge Eduardo DantasLábrea (AM) - Entre 2008 e 2017, o Sul do Amazonas concentrou 67% do desmatamento ocorrido naquele estado – somando 4.347 quilômetros quadrados de florestas devastadas. No mesmo período, registrou ainda mais de 81% dos focos de calor verificados naquela unidade da federação.
Outros dados, como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o PIB per capita e o Índice de Progresso Social (IPS) dos municípios mostram que ela é uma região enorme, pobre e que pouco aproveita, de maneira sustentável e legal, seus recursos naturais. Essas informações mostram também que a região é sensível e necessita de cuidado e atenção especiais.
Com o objetivo de endereçar esses problemas, e pensar em meios de resolvê-los, o WWF-Brasil vem estruturando, já há alguns meses, a Aliança para o Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas.
Essa Aliança está sendo construída como uma frente interinstitucional, formada por diversas instituições públicas e sociais, que vai trabalhar pela redução do desmatamento naquela região e auxiliar no surgimento de opções econômicas diferentes, que juntem a geração de renda com a conservação dos recursos naturais.
Rio Purus
O pontapé inicial dessa empreitada ocorreu nas últimas semanas: em conjunto com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema-AM) e o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM), o WWF-Brasil promoveu um encontro de mobilização em Lábrea, cidade situada a 852 quilômetros de Manaus.
Na ocasião, atores sociais da calha do rio Purus, um dos mais importantes da Bacia Amazônica, se reuniram para discutir a realidade local. Mais de duas dezenas de participantes, de 11 instituições diferentes, vindos de Lábrea e da cidade de Canutama, refletiram sobre como a Aliança pode contribuir com a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável da região.
“Iniciativas como essa são importantes porque mostram que o Meio Ambiente pode tomar a linha de frente de certas ações e projetos, e pode exercer um papel de protagonista nas políticas públicas municipais”, disse a secretária de Meio Ambiente de Lábrea, Izanez da Silva.
Para o representante da Sema-AM, Francisco Melgueiro, a criação da Aliança é uma oportunidade de promover e expandir a interação entre os atores sociais da região.
“Penso que a Aliança será um espaço propicio para discussões e conversas que precisam muito acontecer. Precisamos fazer com que os atores sociais da região troquem mais ideias, experiências e precisamos que essa região se estruture de maneira a ter opções econômicas mais eficientes e sustentáveis”, afirmou.
Construção colaborativa
A especialista em Água e Agricultura do WWF-Brasil Leda Tavares lembrou que ideia da Aliança não é nova: “O que estamos fazendo é resultado de uma mobilização anterior, que teve início em 2016. Ano passado, promovemos o primeiro Encontro do Sul do Amazonas e agora estamos dando continuidade a esse trabalho”, explicou.
A construção desta frente de mobilização prossegue nas próximas semanas: entre 12 e 13 de junho, é a vez de um novo encontro, desta vez na cidade de Manicoré, a 390 quilômetros de Manaus, reunindo atores sociais da calha do rio Madeira. Entre os dias 3 e 5 de julho, é a cidade de Humaitá que recebe o evento oficial de lançamento da iniciativa.
O fruto desses encontros será compilado e dará origem, no segundo semestre de 2018, a um plano de trabalho que vai definir as ações e projetos a serem desenvolvidos pela Aliança para o Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas.
O Sul do Amazonas
Considerada a “última fronteira” de contenção do desmatamento, o Sul do Amazonas consiste numa área de 425 milhões de quilômetros quadrados espalhada pelos municípios de Novo Aripuanã, Manicoré, Humaitá, Lábrea, Boca do Acre, Canutama, Tapauá, Apuí e Maués. Mais de 319 mil pessoas vivem nessa região e 61% deste território é formado por áreas protegidas.
Alguns dos problemas ambientais existentes ali são a grilagem de terras, a invasão de áreas protegidas e a conversão da floresta em áreas abertas.
Expandir área
O WWF-Brasil trabalha na região há mais de uma década – mas ao longo desse tempo, tem concentrado suas ações no município de Apuí. A ideia, com a Aliança para o Desenvolvimento Sustentável do Sul do Amazonas, é expandir essa atuação e interagir com novos atores.
Entre diversas outras atividades realizadas na área, o WWF-Brasil publicou um estudo socioeconômico e ambiental sobre a região, promoveu um encontro entre diversos atores da área em Humaitá e instalou painéis de energia solar em duas comunidades da região.
Instituições que queiram contribuir com a Aliança podem fazê-lo obtendo informações por meio dos telefones (92) 3644-3844; (92) 98118-3935; (61) 99640-1512 e (61) 98165-6818.