WWF-Brasil apoia formação ambiental para professores
maio, 15 2018
Nas últimas duas semanas, Fernando de Noronha recebeu um curso de formação para professores apoiado pelo Programa de Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil.
*Por Juliana MarinhoA formação foi organizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em parceria com a Universidade de Brasília (UnB). Aberto também a outros setores da comunidade, como a área de assistência social e parceiros do órgão, o curso trouxe uma maior aproximação entre o conceito de Unidade de Conservação (UC) e os atores que nela vivem e se beneficiam.
As primeiras edições desse curso começaram no estado do Amapá em 2009, também com a colaboração do WWF-Brasil. “Sentimos a necessidade de uma formação mais direcionada para as Unidades de Conservação, porque na Amazônia ainda existe o embate de que as UCs da natureza impedem o desenvolvimento local”, avalia Cristiane Menezes Russo, professora da UnB, do Núcleo de Educação Científica do Instituto de Ciências Biológicas. Segundo Cristiane, o relacionamento do ICMBio e das equipes gestoras com a comunidade lá mudou da água para o vinho. E houve também o efeito de maior procura da instituição e o adensamento das discussões dos conselhos, porque alguns conselheiros também eram professores. Eles voltaram para os conselhos mais preparados sobre gestão ambiental pública e sobre como isso pode fazer parte do cotidiano da comunidade e da escola. Depois houve outros cursos no Pará e no Jalapão, em Tocantins.
Ainda de acordo com Cristiane, o potencial educativo das UCs é imenso. “Há um movimento mundial de retomada dos espaços ambientais como espaços educativos e de lazer. Durante muito tempo se pensou que só se pudesse ensinar na escola e que os parques eram só para lazer. Hoje não, o aluno pode ter formação e lazer ao mesmo tempo em um espaço que são os parques nacionais como vocação primordial”.
Com aulas de teatro, facilitação gráfica e muitas dinâmicas de grupo, a formação incluiu temas como o uso do território e pertencimento, a história do arquipélago contada por seus próprios protagonistas, as perpectivas futuras e formas de educar “fora da caixinha”. Houve também uma roda de conversa com as ONGs ambientalistas atuantes na ilha. O WWF-Brasil participou juntamente com o Projeto Tamar e o Projeto Golfinho Rotador. Muitas dúvidas e também muitas considerações foram feitas durante os ricos debates.
“O curso foi uma grande experiência de vivências em áreas de conservação, de facilitadores que já participaram de processos de várias maneiras e também têm a a sensibilidade do que vivemos aqui em Noronha”, apontou Antônio Carlos do Nascimento, jovem de 23 anos e atual presidente da Associação Popular Noronhense. Os facilitadores realizaram uma visita prévia à ilha para modular o curso e adaptá-lo à realidade local. “Essa experiência está sendo única, temos um público altamente qualificado, de professores com pós-graduação e conscientes do seu papel na escola e ansiosos por entender o que é a gestão ambiental pública, pelo fato de viverem isso no seu cotidiano, porque, afinal, eles moram dentro de uma Área de Proteção Ambiental (APA), avalia Cristiane.
“Eu vim aqui procurando motivação e dentro dessa motivação buscar o caminho pra facilitar a sensibilização. Eu saio daqui com muito otimismo. Acho que é um processo de construção que vai dar muito certo”, diz Silvia de Moraes Nobre, assistente social e condutora de ecoturismo. A opção metodológica escolhida para Fernando de Noronha foi direcionada para a criação de um produto ao final do curso e que esse produto possa ser apresentado para a comunidade daqui a alguns meses. “São projetos criados por eles, pensado por eles, para eles. É isso que a gente quer, que entendam que as UCs são deles, públicas e espaços educativos que podem promover a melhoria da qualidade de vida em Noronha”, finaliza Cristiane.