março, 27 2018

Por Letícia Campos

O norte de Minas Gerais já é famoso pelas suas veredas, vegetação que representa um verdadeiro oásis no coração do Brasil, e que inspirou Guimarães Rosa na sua obra “Grande Sertão: Veredas”. Mas, nesse pedaço de Cerrado há muito mais que buritizais. Chapadas e vales, com formações florestais, campestres e savânicas compõem um cenário único que forma o Mosaico de unidades de conservação Sertão Veredas Peruaçu, onde o WWF-Brasil atua por meio do Projeto Sertões e do CEPF, além do Projeto Água Brasil na Bacia do Peruaçu.

É nessa região que está o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e a Área de Proteção Ambiental Cavernas do Peruaçu, UCs que abrigam um patrimônio de mais de 80 sítios arqueológicos e pinturas rupestres que remontam uma história de 11 mil anos.

Localizado a 45 quilômetros de Januária e cerca de 570 quilômetros de Brasília, o Parque foi criado em 1999 e oferece diversas opções de trilhas interpretativas, mirantes e infraestrutura de passarelas, deques e centro de apoio ao visitante, com instalações de fotos e vídeos produzidos pelo WWF-Brasil na região.

Um grupo de condutores ambientais locais foram treinados e credenciados para garantir uma experiência segura. Mas, devido à recente inauguração do Parque para visitação, a demanda de recursos humanos aumentou e por isso o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) lançou o Programa de Voluntariado, uma oportunidade para as pessoas exercitarem sua cidadania, contribuírem para um meio ambiente mais equilibrado e para a melhoria da qualidade de vida local.

O Programa foi criado em 2009 e já contabiliza sua adoção em mais de cem unidades de conservação com o propósito de aproximar a sociedade das práticas sustentáveis, promovendo a sensibilização e o aprendizado sobre questões ambientais, por meio da ação voluntária e do reconhecimento público dessa contribuição.

Segundo a analista ambiental do ICMBio Raiane Viana, “a intenção é que todos ganhem com a ação: as UC’s, por contarem com o apoio de mais pessoas na proteção de sua biodiversidade; os gestores, por terem mais uma oportunidade de aproximação com a população; os voluntários, por somarem experiência e terem a oportunidade de colaborar com um trabalho relevante e útil; e a sociedade, que poderá desfrutar de áreas mais bem conservadas, com trilhas bem manejadas e com melhor recepção aos visitantes”.

Kolbe Soares, analista de conservação do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil, explica que a ONG estimula essa iniciativa, uma vez que “entende-se que a sociedade também deve contribuir com os órgãos públicos na preservação dos recursos naturais, no cumprimento dos objetivos das UCs, conforme determina o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (lei 9985/00), e na efetiva gestão e implementação dos parques nacionais”.

O Programa de voluntariado do Parque e APA Cavernas do Peruaçu oferece oportunidade para diversas áreas, desde gestão socioambiental, passando por apoio administrativo, até o uso público, tudo de acordo com experiência, disponibilidade e interesse do voluntário. Os interessados podem se inscrever pessoalmente de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas, na sede administrativa da unidade de conservação, no Fabião I, ou pela internet, através do e-mail cavernas.peruacu@icmbio.gov.br. Os documentos exigidos no ato da inscrição são cópia do RG e CPF.

Para o processo de formalização é necessário que seja preenchido um Plano de Trabalho, em que os voluntários e a equipe gestora pactuem a carga horária, período, dias de atividade e ações que serão realizadas, bem como preenchimento e assinatura do Termo de Conhecimento de Normas e Riscos e Ficha Médica. Ao final, é emitido um certificado de participação com carga horária e atividades desenvolvidas. Mais informações sobre o programa de voluntariado do ICMBio podem ser obtidas através do site http://www.icmbio.gov.br/portal/sejaumvoluntario.

Com apenas três meses de implantação do programa, o Parque e APA Cavernas do Peruaçu já receberam 10 voluntários, advindos dos estados do ES, MG, SP, além de voluntários do município de Januária e da comunidade do Fabião I. Para os voluntários que moram distante, o ICMBio pode disponibilizar alojamento.