Pesca Sustentável realiza intercâmbio com manejadores do Amazonas
novembro, 07 2017
Um grupo de 9 pescadores do Acre participou da experiência, que propiciou a troca de informações com o objetivo de trazer melhorias para o manejo do pirarucu no estado
Um grupo de 9 pescadores dos municípios de Feijó e Tarauacá, no Acre, participou, na última semana, de uma oportunidade única de aprendizado: eles embaraçaram para o município de Tapauá, no estado do Amazonas, para participar de um intercâmbio com os manejadores indígenas da etnia Paumari. A atividade fez parte do projeto Pesca Sustentável, uma parceria do WWF-Brasil e Fundo Amazônia, gerido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).Ao todo, 26 pescadores do Acre e do Amazonas participaram da experiência, que durou 144 horas, em cinco dias de atividade. Representantes de órgãos do governo como Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Fundação Nacional do Índio (Funai) também estiverem presentes.
Durante a viagem os manejadores, técnicos e tripulação puderam trocar informações importantes e aprender com experiências locais de pessoas e instituições de forma a trazer melhorias para o manejo do pirarucu no estado. “Esse resultado foi uma integração entre pessoas comprometidas com o manejo, com a conservação dos recursos naturais e com o desenvolvimento harmônico dos povos da floresta, com o único objetivo de se desenvolver enquanto ser humano e contribuir com a conservação do meio ambiente”, explica Moacyr Silva, gestor do projeto Pesca Sustentável.
Um dos objetivos da atividade foi conhecer o manejo de pesca realizado pelo povo Paumari, entre conhecimentos técnicos, habilidades na pesca, técnicas de limpeza e conservação do pescado e aspectos da organização e motivação comunitária. Com um trabalho bem sucedido no manejo do pirarucu, os indígenas possuem um trabalho de referência no norte do país.
Os manejadores do Acre avaliaram de forma positiva o intercâmbio. “Percebemos a união, o comprometimento e a alegria com que os Paumari realizam o trabalho. Além da técnica, sentimos a organização dos manejadores e moradores das aldeias envolvidas no manejo. Não é um processo fácil. Demanda tempo e trabalho construir uma conscientização sobre a importância do trabalho e ter respeito pelas regras definidas no manejo”, avalia José Alfredo, pescador do Acre.
Etnia Paumari
A etnia Paumari foi escolhida para participar do intercâmbio por apresentar projeto de referência no manejo do pirarucu. Para se ter ideia, quando o trabalho iniciou, em 2012, apenas quatro manejadores atuavam nos 13 lagos do território, que possuíam em média 268 pirarucus adultos. Atualmente, após a implantação da atividade, o estoque do manejo conta com cerca de oito mil peixes e 85 indígenas envolvidos.
Localizada do município de Tapauá, no estado do Amazonas, a população de cerca de 150 indígenas vive em oito aldeias, distribuídas em três terras indígenas (TI): a TI Lago Manissuã, a TI Lago Paricá e a TI Cuniua. “Nos chamou a atenção a forma como a comunidade interage. Mulheres e jovens trabalhando com alegria e as crianças muito presentes. Vimos que os Paumari não priorizam o lado econômico no processo. Eles entenderam que podem ser a solução para o problema causado pela diminuição dos peixes e a ameaça à segurança alimentar”, explica Julio Silva, consultor do projeto.
A organização dos Paumari impressionou os participantes. De forma a apoiar a vigilância dos lagos, eles distribuíram bases flutuantes pelos lagos, chamados de PMR, equipados com geradores, rádios amadores, computadores, impressoras, GPS, câmaras fotográficas e filmadoras. Além disso, eles se alternam em turnos de uma semana entre três grupos definidos para cada base, ficando nos flutuantes com suas famílias. Cada base tem seu coordenador e as equipes são das aldeias próximas, cobrindo uma área que vai até o próximo flutuante.
Pesca Sustentável
Com duração de três anos, o Projeto Pesca Sustentável, lançado em abril de 2014, tem o objetivo de capacitar pescadores para o desenvolvimento de sistemas de manejo sustentável do pirarucu, e de outras espécies de importância econômica, nos municípios de Manoel Urbano, Feijó e Tarauacá, no Acre. Além disso, o projeto pretende fomentar ações estruturantes para o fortalecimento da cadeia produtiva da pesca no Estado, assim como apoiar ações de certificação ambiental e pagamentos por serviços ecológicos.
Por meio de estratégias de formação técnica e pesquisa científica, o Pesca Sustentável pretende promover o aprimoramento de políticas e a implementação de medidas que permitam valorizar os ecossistemas aquáticos e seus recursos pesqueiros.
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