ONGs do Mato Grosso se mobilizam contra extinção do Parque Ricardo Franco

abril, 27 2017

Deputados estaduais colocam em risco 160 mil hectares de área protegida em área de transição entre Cerrado, Pantanal e Amazônia.
O Movimento em Defesa do Parque Estadual Serra de Ricardo Franco, de Mato Grosso, lançou nesta quinta-feira (27), em Cuiabá, uma carta com o alerta contra o desmanche da unidade de conservação.

Na carta, o movimento também cobra do governador Pedro Taques (PSDB) e do vice-governador Carlos Fávaro (PSD), que usem seu capital político para garantir a manutenção da área protegida.

O movimento é uma reação à decisão dos deputados estaduais que aprovaram, na semana passada, um projeto de decreto legislativo que suspende os efeitos do Decreto Governamental que criou o Parque Estadual Serra Ricardo Franco, em Vila Bela da Santíssima Trindade, no oeste do Estado.

Na prática, os deputados extinguem uma unidade de conservação de proteção integral de cerca de 160 mil hectares, criada em 1997, mas que tem sido invadida e desmatada.

O ministro chefe da Casa Civil do governo Temer, Eliseu Padilha é um dos que ocupam a área. Os infratores já foram multados e tiveram seus bens apreendidos. Mas, com manobras políticas, têm se livrado das penalidades.

A estratégia agora é desmantelar a área protegida com o apoio dos deputados estaduais.

Leia mais.

O parque – estratégico para a conservação da biodiversidade e dos recursos hídricos da bacia do Guaporé – abriga em seu interior cachoeiras, piscinas naturais, vales e formações de floresta amazônica, Cerrado e Pantanal, com espécies únicas de fauna e flora, algumas ainda desconhecidas.
 
Reincidente
 
Nesta segunda-feira (24), após pressão das organizações civis de Mato Grosso, o presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (PSB), suspendeu a segunda votação do projeto e disse que o assunto só voltará à pauta após consenso.
 
Os deputados instalaram uma comissão para rediscutir os limites do parque, opção que o Movimento também considera inaceitável.
 
De acordo com o organizadores do Movimento, esta não é a primeira vez que a Assembleia Legislativa de Mato Grosso tenta reduzir o Ricardo Franco, a última tentativa foi em 2004.
 
A redução das áreas protegidas do estado tem sido uma pauta constante no Legislativo mato-grossense. Em 2006 foi a vez do Parque Estadual do Cristalino sofrer uma tentativa de retirar cerca de um terço de sua área.
 
Na época, os deputados chegaram a derrubar o veto do Governo ao projeto de redução e a ação foi barrada pelo Ministério Público Estadual. O governador Taques, então promotor do MPE-MT, participou ativamente da ação que evitou a redução do Cristalino.
 
A atual legislatura mato-grossense parece determinada a reduzir o patrimônio ambiental. Em dezembro do ano passado, por meio de Decreto Legislativo, eles sustaram a ampliação feita pelo governo de 100 mil hectares da Reserva Extrativista Guariba Roosevelt, a única do estado.
 
 
Leia a carta na íntegra
 
Parque tem atrativos turísticos e espécies ameaçadas.
© Foto: Mario Friedlander/Divulgação
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