Como criar um ambiente de negócios favorável para os empreendimentos sustentáveis na Amazônia?
abril, 25 2017
Debate vai tratar de fluxo de recursos, burocracia e tributação sobre produtos florestais
Como criar as condições para expansão de empreendimentos sustentáveis que contribuam para geração de riquezas e para a conservação dos recursos naturais na Amazônia?Essa pergunta é o mote para o workshop “Negócios sustentáveis na Amazônia: superando desafios econômicos e financeiros para conservação e valorização de capital natural”, que ocorre em Brasília (DF) nesta quarta-feira, dia 26 de abril, no Hotel Meliá.
O evento vai reunir diversos atores sociais – governos, sociedade civil, empresários, bancos e investidores – para discutir questões como burocracia, carga tributária e fluxo de recursos para empresas e produtos amazônicos que zelam pelos cuidados com o meio ambiente, florestas, bacias hidrográficas e biodiversidade.
A organização está a cargo do WWF-Brasil, do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (GVces) e do Fórum de Secretários de Meio Ambiente da Amazônia Legal. Apoiam a realização do workshop a Força Tarefa de Governadores para o Clima e Florestas (GCF Task Force, na sigla original em inglês) e o Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam).
Um dos propósitos do workshop é discutir como aumentar os recursos privados para negócios sustentáveis na Amazônia – de modo que esses recursos ajudem a conservar florestas e outros recursos naturais.
Programação
De acordo com a agenda divulgada pelos organizadores, o evento vai contar com a palestra do diretor executivo e cientista sênior do Earth Innovation Institute, Daniel Nepstad. Também estão previstos painéis, discussões em grupo e elaboração de um plano de trabalho prevendo ações futuras.
O especialista de economia e negócios sustentáveis do WWF-Brasil, Kennedy Souza, explicou que hoje os investidores que querem trabalhar na Amazônia respeitando critérios socioambientais enfrentam riscos muito altos e não têm incentivos tributários e financeiros diferenciados, que estimulem seu interesse em sistemas produtivos sustentáveis.
“A ausência de clareza de instrumentos reguladores e incentivos para negócios apoiando conservação aumentam os riscos dos produtores que decidem investir na Amazônia. Por outro lado, o uso intensivo e sem critérios de recursos naturais, como aquele feito pela agricultura, pela pecuária e pela exploração ilegal de madeira, aumenta o risco dos bancos, que não aumentam suas operações financeiras na região”, explicou o especialista.
Recursos para conservação
A coordenadora do Programa de Finanças Sustentáveis do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVces) da FGV/ EAESP, Annelise Vendramini, afirmou que o workshop tem o objetivo de ser um “pontapé inicial” na construção de uma agenda estratégica de longo prazo, que pretende aumentar a canalização de recursos do setor privado para as atividades produtivas sustentáveis, de conservação da natureza e compensação ambiental.
“Historicamente, o Brasil se baseou em recursos públicos para lidar com a conservação da natureza. Hoje, sabemos que só o recurso público não será suficiente. O País precisa avançar no desenvolvimento das estruturas legais, regulatórias, econômicas e operacionais para que os recursos privados possam ser direcionados para essa agenda”, declarou.
Annelise afirmou, porém, que existe uma série de problemas – estruturais, jurídicos, econômicos e operacionais – que limitam o interesse de investidores privados nos empreendimentos sustentáveis. O workshop busca refletir sobre esses problemas e sobre as maneiras de resolvê-los.
“Está claro que o recurso privado é fundamental. Mas também é preciso considerar, nas cadeias produtivas ligadas a recursos naturais, ganhos adicionais como a manutenção de serviços ecossistêmicos, de água e do estoque de carbono”, afirmou a coordenadora.
Ações futuras
O workshop terá como produto final um plano de trabalho, acordado por seus participantes, para o desenvolvimento de novas ações. Este plano de trabalho terá caráter estratégico, multissetorial e servirá para unir as condições de empreendimentos sustentáveis com a redução do desmatamento e melhoria social na Amazônia.