Pescadores do Acre pedem melhorias para a pesca artesanal do estado
abril, 05 2017
Reunidos no Fórum de Pesca de Feijó, eles debateram sobre potenciais, ameaças e desafios da atividade na região
Por Frederico Brandão, de Feijó (AC)Preocupados com a situação da pesca artesanal do estado do Acre, cerca de 150 pescadores de diversas regiões do estado escreveram, na última semana, uma carta de intenções para autoridades do estado propondo melhorias para a atividade na região. Eles se reuniram, em Feijó, no interior do estado, para participar do II Fórum de Pesca do município, que teve como tema “Manejo de Pirarucu e Políticas para a Pesca Tradicional”,
Organizado pelo projeto Pesca Sustentável, uma parceria do WWF-Brasil e do Fundo Amazônia (BNDES), em conjunto com a Colônia de Pescadores de Feijó, o evento fomentou a troca de experiências de manejo com outras comunidades da Amazônia; a avaliação e o debate de políticas públicas e de aspectos relevantes para a atividade na região.
“O Fórum é um espaço de discussão, transparência e aprendizado coletivo. A proposta foi aproximar as Colônias, conectar os pescadores com órgãos do governo e para debate e organização de pautas, demandas e agendas positivas entre organizações e grupos relevantes para a pesca no estado e no município”, revela Moacyr Silva, analista de conservação do WWF-Brasil.
Para o presidente da Colônia de Pescadores de Feijó, Charles Guimarães, o Fórum é um momento importante para discutir as potencialidades e os desafios para a pesca tradicional e fortalecer a atividade no estado. “Vimos exemplos de comunidades que quase não tinham peixes em seus lagos e que, por se unirem e trabalharem com manejo, agora possuem peixe em abundância, não precisando nem pescar suas cotas mínimas. Experiências assim nos incentivam a aprender com nossos erros e melhorar cada vez mais”, explica.
Com a carta, os pescadores pretendem avançar em uma proposta para o desenvolvimento da pesca e do manejo de pirarucu no município e na região com consequente mobilização e sensibilização de poder público para a atividade da pesca no município e região. “Para isto, nivelamos e elencamos uma série de demandas prioritárias para a melhoria e o desenvolvimento destes objetivos a partir dos desafios e problemas citados no contexto local. Queremos auxiliar na construção de políticas públicas para a pesca e o manejo de pirarucu de forma séria, transparente e que consideram as reais necessidades dos pescadores e comunidades tradicionais, ribeirinhas e indígenas como protagonistas no processo”, afirma Charles.
Dentre as demandas pedidas na Carta estão: melhorias para políticas públicas da atividade; limpeza periódica dos lagos; mais apoio para as mulheres pescadoras; capacitação para as colônias de pesca e pescadores, entre outros.
O pescador Zé Alfredo, de 64 anos, gostou muito do evento e diz que aprendeu bastante com outras experiências. “Não é apenas pescar, mas também ajudar na preservação da espécie e com isso aumentar nossos estoques. Para isso precisamos melhorar ainda mais, engajando e unindo nossa comunidade”, disse.
Para Kelly Kley Saldanha, coordenadora de Pesca e Aquicultura do Acre, órgão da Secretaria Nacional, o Fórum tem o papel de fortalecer a pesca no estado. “Existe um intercâmbio entre as Colônias e isso naturalmente traz melhorias para a atividade da região. Ainda mais quando estamos falando da Colônia de Pescadores de Feijó, que é a única do estado a realizar atividades de manejo do pirarucu”, revelou no evento.
Estiveram presentes no Fórum representantes de Colônias de Pescadores dos municípios de Marechal Thaumaturgo, Sena Madureira, Tarauacá, Cruzeiro do Sul, Plácido de Castro e Rio Branco, membros de grupos de manejo de pirarucu, lideranças de Terras Indígenas dos rios Envira e Tarauacá, de organizações governamentais do estado e do município, de ONGs ambientalistas e indigenistas.
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