Coletas Seletivas em Movimento
março, 17 2017
Somos 7 bilhões de habitantes no Planeta1, que consomem 50% a mais dos recursos naturais renováveis
disponíveis. Se precisamos de uma Terra e meia para sustentar nosso estilo de vida atual,
imaginem no ano de 2050, quando poderemos chegar a 10 bilhões de habitantes. Como viveremos?
O modo de vida urbano, então, é mais intensivo no uso de água, energia, florestas, alimentos e
também no descarte excessivo e no desperdício cada vez maior de resíduos. O agravante é que, no
mundo, 50% das pessoas já vivem em metrópoles, no Brasil, este contingente já alcança 85% da população.
Não será este um bom momento, então, para reavaliarmos esse estilo de vida consumista,
principalmente nos centros urbanos?
A questão se torna mais grave quando refletimos sobre como o modo de produção industrial está dependente do petróleo, um combustível fóssil não renovável responsável pela emissão de gases que provocam o aquecimento global e as mudanças do clima. Precisamos, com urgência, de uma ação global que nos possa conduzir à reversão deste processo. Se os cientistas já mostraram que somos responsáveis pelo aquecimento global, como evitar e/ou reverter os impactos negativos causados pelas atividades humanas sobre a Terra?A crise ambiental planetária decorre de padrões insustentáveis de produção e de consumo e requer uma ampla tomada de consciência, principalmente sobre a geração crescente e descontrolada dos resíduos sólidos dos mais variados tipos. Ações imediatas de corresponsabilidade e apoio à implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a Lei 12.305, em vigência desde 2 de agosto de 2010, devem ser tomadas por governos, empresas, sociedade civil organizada, escolas, comunidades e também pelos cidadãos.
Temos pela frente o desafio de transformar a realidade na qual 240.000 toneladas2 diárias de resíduos coletados nos 5.565 municípios brasileiros ainda são enterrados e desperdiçados em aterros ou lançados em lixões a céu aberto. Exigir da indústria novos padrões de produção, praticar um consumo sustentável para reduzir o impacto negativo sobre o meio ambiente e promover a saúde humana são metas que, no dia a dia, exigem mudança de hábitos e atitudes, bem como de estilos de vida.
Tais mudanças requerem uma educação voltada à construção de uma cidadania planetária capaz de promover qualidade de vida, justiça social (distribuição de renda), justiça ambiental (uso equitativo dos recursos naturais) e desenvolvimento econômico com respeito ao meio ambiente. Esta atitude proativa de construção de valores para uma sociedade sustentável tem na educação socioambiental um instrumento essencial e estratégico, pois introduz, em nível formal e informal, metodologias participativas apoiadas por materiais pedagógicos que representam uma inovação para a sensibilização de educadores.
Esta publicação tem como objetivo questionar o modelo de desenvolvimento vigente e estimular práticas de sustentabilidade que possam estimular mudanças nos padrões de produção e consumo, contribuindo para a redução do aquecimento global e promovendo justiça social. Nesse sentido, destacamos a importância de consumir produtos de qualidade e duráveis, e transformar o “lixo” em “resíduos”, por meio de sua separação e valorização por parte dos cidadãos, e reconhecer o importante papel dos catadores de materiais recicláveis na coleta seletiva.
Este documento será utilizada no Programa Água Brasil para a formação de agentes de saúde, agentes comunitários, assistentes sociais, lideranças comunitárias, catadores de materiais recicláveis e também para apoiar a implementação da gestão integrada dos resíduos sólidos nos municípios.